domingo, 23 de janeiro de 2011

Capítulo 2: Conflito





O despertador soou loucamente na cômoda. Um jovem de cabelos pretos curtos e face livre de espinhas ou marcas da juventude se olhou no espelho à sua frente, localizado perto da cama. O lençol macio em sua pele o lembrava que estava em sua cama quentinha e o som dos pássaros o acordava para um novo dia. Olhou o despertador na cômoda que continuava seu barulho ensurdecedor, tocou no pino que o parava e levantou-se rapidamente da cama. Seus pensamentos vieram de sobressalto, onde viu imagens de homens com roupas chamuscadas e um cenário de destruição. O jovem cortou seus pensamentos tão rapidamente como eles o vieram, então seguiu cambaleante para o banheiro.
O jovem observou sua face limpa no espelho e pegou sua escova de dentes. Um som distante de gritos o acordou completamente, pois estava sonolento e ainda não queria erguer-se pra enfrentar o dia. O jovem parou para prestar atenção nos sonos que ouvia no outro lado da porta e sabia o que estava acontecendo, mesmo sem ver. Pensou, “De novo aquele maldito está se aproveitando dela. Não sei como ela pode se envolver com um homem como esse. Monstro!”.
Os sons aumentaram de intensidade e um forte estalido fez com que o jovem corresse para abrir a porta dos fundos de sua casa. Ao abrir os olhos fora da porta percebeu uma mulher caída à frente da porta de sua casa e um homem corpulento com os punhos cerrados ameaçando-a. A mulher erguia sua face timidamente tentando desviar os olhos da maldade que acontecia. O jovem ia falar algo para o homem, mas suas palavras ficaram presas na garganta, observou a mulher caída e sentiu um grande pesar. O homem gritou:
-Sua vagabunda! Olhando para aqueles caras! Pensa que não vi sua vadia? Você é minha e só minha!
-Por favor! De novo não! -disse a mulher em prantos.
-Não?! Então devia ter pensado nisso vadia, quando olhou pra aqueles rapazes! -disse o homem tirando o cinto que prendia sua calça. A mulher arregalou os olhos e cobriu a face com os braços. O homem nem hesitou em acertar-lhe o rosto, mas foram os braços que se machucaram. O jovem aturdido queria fazer algo, mas suas pernas não se mexiam e seus pensamentos se moviam para um conhecido ditado. “Em briga de marido e mulher não se mete a colher”. No entanto, tinha algo que sua mente se preocupava ante os golpes tortuosos do cinto. Era outro pensamento que massacrava seu coração: “Ele é um colega. Um policial como eu, um combatente do crime numa cidade tão injusta”.
-Então mulher? Aprendeu sua lição? -disse o homem com um sorriso malicioso.
-Sim! Eu entendi. Eu te obedeço e não faço mais...
-Não faz mais o quê? Eu quero ouvir direito!
-Não olho pra mais ninguém, só pra você... -disse a mulher em prantos e agarrando a calça do marido. O homem respirou fundo, ainda com seu sorriso nos lábios, acariciou os cabelos loiros da mulher e depois os puxou a levando para dentro. Nos olhos do jovem policial aquilo foi realmente triste, pois conseguiu perceber no último instante uma coisa que fez seu coração saltar, os pulmões chegaram a paralisar e seus sentidos iam sumindo, o chão lhe faltava e nas lágrimas derramadas por aquela senhora encontrou um sentido que nunca tinha visto em sua vida. A porta se fechou com um grande estalo e os olhos do policial ficaram vazios até seu celular tocar em cima de uma mesa.
-Alô?!
-Olá Dresden! Não vem trabalhar não? Você está atrasado!
-Droga! É mesmo! -disse Dresden olhando o relógio.
-Então?! Você vem pro distrito ou não? -perguntou o colega.
-Calma Florença! Eu ainda nem me arrumei direito. Mas bem que você poderia me adiantando sobre o caso de ontem.
-Adiantando como?
-Esqueceu do caso de ontem. Os homens quase incinerados pelo Mão de Fogo.
-Ah isso! O legista mandou o relatório, mas é o de sempre como você já sabe. Estamos tentando localizar a mulher que os vizinhos afirmam que foi salva dos dois bandidos. Mas até agora nada. -informou Florença.
-Então nem precisava me ligar não é? -disse Dresden.
-Claro que precisava! Passou do horário e já sabe como o chefe fica quando não vê que estamos todos aqui. O Segundo Distrito é um dos mais pacíficos e o chefão quer que continue assim. -disse Florença.
-Sei... -disse Dresden vestindo sua calça de trabalho.
-Tem outra coisa. Eu já estava me esquecendo. Sabe aquele caso que nós estávamos trabalhando na semana passada?
-Lembro sim. Não é o caso Marrou? -perguntou Dresden colocando sua camisa branca.
-Exatamente. Lembra das evidências do caso e de como o doutor Marrou está prestes a ser condenado pelo crime? -disse Florença.
-Os indícios apontam para ele. -comentou Dresden colocando um terno marrom.
-Só que temos um informante que pode mudar toda a história e o cara pediu para nos encontrar perto da casa dele. Pelo que podemos averiguar por aqui parece que o homem trabalha para um dos chefões da cidade. -disse Florença.
-Não gostei disso! Ta me cheirando a problema. -disse Dresden pegando suas chaves perto da porta.
-Eu também acho, mas é o nosso trabalho. E também podemos livrar um doutor inocente da cadeia. -disse Florença.
Dresden olhou para casa da mulher que fazia seu coração disparar como se estivesse dizendo adeus, abriu a porta do seu carro popular e entrou. Florença percebeu que o colega não respondia a seus apelos no celular. Dresden ainda perdido em pensamentos conflituosos com sua vizinha e amada deixou o fone pouco afastado da sua orelha. Dresden viu o homem corpulento sair para fumar indo se encostar num poste à frente da residência. A mulher apareceu na janela ainda derramando rios de lágrimas. O homem com extensas baforadas não aparentava a fúria de outrora e ao perceber o colega policial no carro resolveu acenar. Dresden fingiu não perceber o aceno, mas voltou atrás e deu um aceno enquanto ligava o carro. Florença quase desesperado gritou no celular:
-Dresden! Você ta aí, jovem cabeça de vento! Não me deixa falando sozinho!
-Foi mal Florença! Eu estava perdido em pensamentos.
-Depois você me fala desses pensamentos, vou desligar que o chefe ta se aproximando. Até nesse instante! -disse Florença desligando e dando paz para Dresden voltar a pensar em sua amada impossível. “Que destino cruel fez meu coração se interessar tão fortemente por essa mulher. Eu nem quero pensar nas consequências se tentasse me aproximar. Não tenho essa coragem toda para enfrentar um colega e ainda, talvez, ser ridicularizado entre todos os meus colegas. Florença e Nápole, meus companheiros de trabalho, poderiam me abandonar. Talvez fosse expulso da corporação por fazer isso. O homem é bem influente... Sei disso... E dá pena por isso também... É um homem cheio de possibilidades que poderia ter outras mulheres para encher e não se meter com a que estou apaixonado... Ah meu coração! Por que faz isso comigo? Logo agora... Isso nunca tinha acontecido... Logo por quem...”
Dresden dirige pelas ruas movimentadas da cidade, observa o correr das pessoas procurando sua vida em mais um dia de trabalho. No entanto, ele bem sabe, que muitos não vivem sua vida honestamente, procurando prazeres facéis e oportunidades futéis. As lojas ao passar pelo centro do Segundo Distrito estavam abarrotadas de donas de casa procurando as temivéis promoções, em alguns casos, os maridos desolados apareciam esperando num carro na esquina e tendo o cuidado de cuidar dos filhos inquietos que a toda hora perguntavam pela mãe. Dresden ficou feliz em não ser pai nesse momento. As facilidades da vida urbana realmente dominam a mentalidade das pessoas e em San Cristo está visão de vida pode estar ligada a uma visão de morte dependendo do bandido com que você se identifica. Dresden considerava até os heróis mascarados e vigilantes noturnos como vilões que tinha que combater para trazer justiça a San Cristo. Seus colegas sempre repudiaram sua desnecessária preocupação. Alguns colocavam-no como infantil e até radical, mas no fundo seu único objetivo era trazer paz e justiça a cidade onde morava, além de ser seu dever.
Dresden estacionou seu carro numa esquina próxima do distrito policial, caminhou quase uma quadra e entrou no prédio. Alguns policiais logo cumprimentaram o jovem detetive, pois apesar da pouca idade, era considerado brilhante e resolvia muitos casos complicados. Florença aproximou-se correndo e disse:
-Finalmente hein dorminhoco! Assim nós nunca poderíamos ver o informante.
-O Nápole está por aí? -perguntou Dresden encostando numa mesa.
-O Nápole foi resolver alguma coisa pro chefe, por enquanto somos só nós dois. Espero que já tenha acordado bela adormecida.
Dresden soltou um muxoxo e pegou uns papéis em sua atrapalhada mesa. Florença e outro colega que passava com um detento fizeram cara de nojo. Dresden fingiu não ver e Florença comentou:
-Como é, vai me contar sobre aqueles pensamentos que te perturbam ou vai deixar pra quando terminarmos com o informante.
-Acho que posso te contar no caminho.
-Hum! Não vejo a hora de saber...
-Nossa cara! Parece uma vovozinha fofoqueira! -comentou Dresden sorrindo.
-É sempre bom um policial ficar informado, inclusive sobre seus colegas. -respondeu Florença puxando Dresden pelo braço. Os dois policiais saíram do distrito e Florença o convenceu a encontrar o informante no carro dele. Os dois saíram em disparada pelas ruas de San Cristo e depois de quase duas horas chegaram ao Quarto Distrito, ou melhor, a parte lixo da cidade, onde se reúnem todos os piores tipos humanos que a consciência pode conceber. Os policiais sentiram um arrepio ao atravessar a fronteira que ligava os dois distritos. Florença comentou sobre um cara que havia uma chacina há alguns dias em rua que tinham passado. Dresden com os olhos fixos em tudo que se apresentava no horizonte temia uma emboscada. Florença foi o primeiro a desembarcar e também o primeiro a avistar o informante encostado numa viela. Dresden pensou “Mais um babaca que se entrega pros chefões e agora quer a mão da polícia para sair da fria”. Florença apertou a mão do indíviduo que usa um sobretudo preto e óculos procurando ficar disfarçado. Dresden repetiu o gesto do colega e apertou a mão do bandido que o olhou timidamente, fazendo-o lembrar de sua amada. Florença acordou Dresden de seus sonhos com um toque no ombro e disse:
-Vamos Blaster, nos diga tudo que precisamos saber!
-Bom caras, é o seguinte ta ligado! Eu vi os homens do Shelton conversando que a Companhia Nazi estava interessada em roubar os projetos do doutor Marro!
-É Marrou! -disse Dresden.
-Isso mesmo meu chapa! Esse cara aí. O doutor tinha que entregar os bagulhos pros Nazi senão isso ia custar a vida de alguém que ele gostava. Acho que já tão ligado no que rolou né?! -disse Blaster rindo.
-Sabemos da morte da esposa de Marrou. Aliás, todo mundo sabe com os jornais alardeando isso. -comentou Florença.
-É ótimo ouvir que estão trabalhando policiais! -disse uma voz distante.
-Quem está aí?! -perguntaram Florença e Dresden juntos e puxando seus revolveres.
-Isso é altamente desnecessário. Vocês policiais não precisam temer a mim. -disse o homem de terno preto e calça tweed que apareceu perto de Blaster.
-Ora se não é o detetive particular Hudson Carlton. O que está xeretando por aqui? -perguntou Dresden.
-Meus interesses como sempre. O senhor Marrou é meu cliente como já devem saber e é claro que não estou satisfeito de ver meu cliente pegar a pena de morte por um crime que não cometeu.
-Sua certeza é incrível detetive! -disse Florença sarcástico.
-Tem algo que nos ajude a salvar seu cliente? -perguntou Dresden.
-Ei caras! Peraí pô! Eu quero saber se ainda serei protegido...
-Cala a boca Blaster! -reprimiu Florença.
-Agora que nosso informante parou de berrar...
-Você disse “nosso”, Hudson?! -perguntou Dresden.
-Acho que escapou... -comentou Hudson vendo Florença agarrar Blaster pelo pescoço e o erguer sobre a parede: -Seu desgraçado! O que você andou falando pra ele hein?
-Nada mestre! Nada eu juro! -disse Blaster quase chorando.
-Larga o cara Florença. A única informação que ele deu foi a mesma que passou pra vocês. Que a Companhia Nazi está envolvida no assassinato da mulher do doutor. -disse Hudson olhando de soslaio para Blaster.
-Mas tem mais um detalhe caras! -gritou Blaster.
-O que é 171? Fala logo! -disse Florença.
-A Companhia Nazi contratou um especial pra fazer o serviço e acho que foi idéia dele jogar o barro pra cima do doutor. -disse Blaster.
-Sabe que é esse especial em questão Blaster? -disse Hudson.
-Nós que deveríamos fazer essa pergunta Hudson! -disse Dresden.
-Todos nós estamos em busca da mesma coisa policial Dresden. A verdade e a justiça não é? -disse Hudson fazendo Blaster soltar uma gargalhada e receber um soco lateral no rosto. Florença sorriu animado e Dresden fingiu não ver.
-Fala Blaster senão podemos deixar o Hudson descontar mais da raiva dele em você. -disse Dresden.
-Ta certo caras! Eu falo, mais eu quero ser protegido...
-Sabemos do nosso trabalho. Agora fala?! -disse Florença.
-Acho que contrataram o Ceifador. -disse Blaster arregalando os olhos para Hudson.
-Malditos! Logo esse! -espantou-se Dresden.
-O Ceifador é um dos piores especiais conhecidos. Quase não tem escrúpulos e mata por pouco. Perigoso demais para ficar entre os cidadões, mas não é fácil encontra-lo e muito menos dete-lo. Só que eu irei encontra-lo! -disse Hudson caminhando para as sombras de onde havia saído. Blaster respirou aliviado. Florença boquiaberto temeu um possível confronto com o Ceifador. Um celular tocou e Dresden o atendeu. Florença conseguiu ler nos olhos do colega que era algo grave.
-Florença temos de ir! Um banco foi assaltado pelo Incêndio e ele está confrontando os policiais do nosso Distrito. O chefe ordenou a gente ajudar.
-E quanto a mim pô?! -disse Blaster.
-Fique ligado, se esconda e tente não morrer falou! -disse Florença dando um “tchau” e seguindo para o carro popular de Dresden. Blaster quase desmaiou e ficou pasmo. Os policiais acenaram do carro e foram embora. Florença pensou de que forma Hudson Carlton encontraria o mercenário Ceifador. Dresden pensou em sua amada e no fato de não ter falado nada ainda para seu colega de trabalho.
Os dois policiais ao chegarem próximo da área do banco atacado viram um cenário de imensa dor, onde as pessoas corriam enlouquecidas para todos os lados, crianças chorando nos colos das mães, pais abraçados a seus filhos, policiais feridos pedindo socorro, outros rolando no chão para escapar das chamas, alguns dentro de ambulâncias espalhadas nas ruas posteriores a desordem. Dresden boquiaberto não teve nenhuma reação a gritaria, já Florença olhava a tudo com um ar perdido, como se estivesse em outro Mundo que não a sua San Cristo. Dresden resolveu sair do carro e Florença depois de alguns segundos de hesitação o seguiu. Dresden encontrou Nápole atrás de uma barricada de concreto e através dela pode ver o temível Incêndio com seus braços extendidos e jorrando lança-chamas sobre tudo que passava à sua frente. Incêndio usa uma camisa vermelha de malha com desenhos da cidade de Roma antiga destruída por um incêndio, calça laranja com uma linha distorcida na vertical para dar uma impressão de uma grande fogueira, cinto branco e luvas marrons feita de material especial que aguenta altas temperaturas.
-Droga Nápole o que esse cara ainda ta fazendo aí? -perguntou Dresden.
-Parece que ele está destruindo tudo, porque não o deixamos sair de perto do banco.
-E há reféns com ele? -perguntou Florença.
-Que nada! Ele os dispensou dizendo que era para ficar mais divertido e depois incinerou a maioria pelas costas. Aí começamos a atirar, mas ele revidou e matou vários de nós, sem contar os feridos.
-Eu vi lá atrás e fica cada vez pior! -disse Dresden.
-O fogo dele não acaba nunca?! -disse Florença.
-Pior que não! -comentou outro policial que passou correndo para salvar uma menina de ser consumida pelas chamas.
Incêndio gargalhava com seu cenário de horror. Os policiais corriam para salvar quem podiam atuando como os heróis que ele esperava que fossem para depois queima-los por atrapalhar sua diversão. Balas voavam em sua direção, mas uma cortina de calor que concentrava ao redor do seu corpo o protegia dos projetéis. Sentia que ao seu redor tilintava o barulho das metralhadoras e até uma bazuca liberava algumas balas para lhe derrotar, mas nada poderia funcionar. Os policiais de repente cessaram o ataque. Florença perguntou:
-O que está acontecendo? Por que pararam de atacar o monstro?
-Não sei Florença, deve ser alguma ordem superior. -disse Dresden.
-Não acredito que seja isso, mas se eles pararam o motivo deve ser importante e foi o suficiente para chamar a atenção do vilão. Olhem só o palanque! -disse Nápole.
-O que diabos está acontecendo?! Não vamos continuar a diversão? -perguntou Incêndio como se tivesse lhe tirado um brinquedo importante.
-A diversão acabou Incêndio! Agora está na hora de pagar pelos crimes que cometeu! -gritou uma voz no interior da fumaça.
-Ah não! Um idiota mascarado! Quem será dessa vez... -disse Incêndio.
-Eu. O Extremo 8!
-Muito corajoso herói! Prepare-se para ser queimado! -gritou Incêndio concentrando seus dois lança-chamas sobre o herói. Extremo 8 desviou rolando no asfalto, concentrou sua mente fechando seus olhos por frações de segundo, colocou um punho para frente e lançou um disco energético no formato do número 8. Incêndio pressentiu o ataque e escapou com um movimento ágil para uma parte superior do teto do banco despreendendo algumas camadas de concreto. Extremo 8 correu para o vilão enquanto este lançava mais baforadas de fogo sem sucesso. Incêndio saltou sobre Extremo 8 de modo a ficar mais fácil de mirar, mas fez exatamente o que o herói esperava, pois se jogou ao chão e usou as pernas como apoio para barriga de Incêndio o lançando na rua.
-Jogada esperta Extremo! Mais não foi o suficiente! -gritou Incêndio mandando outra rajada de fogo.
-Vai precisar mais do que o fogo da sua ira para me derrotar Incêndio. -disse Extremo 8 destruindo o ataque com um disco energético. Incêndio rangeu os dentes e mandou mais um golpe que foi habilmente defendido pelo Extremo 8 com uma cambalhota. Incêndio caminhou para o herói procurando fechar o cerco. Extremo 8 esperou pacientemente, escapando dos ataques com saltos laterais. Incêndio sentiu sua chance de vencer ao ver o inimigo usar a mesma tática, no entanto, algo em seu íntimo duvidava da facilidade do que pretendia e por isso tentou algo mais ousado como mirar a cabeça de Extremo 8. O herói aproveitou a deixa e mandou um disco energético nas pernas de Incêndio que viu o mundo de cabeça para baixo duas vezes no ar antes de cair de buços no chão. Extremo 8 mandou outro disco energético do punho e acertou o toráx de Incêndio que procurou se levantar, mas o golpe o levou ao longe arrastando-o no asfalto. Extremo 8 respirou aliviado e olhou o cenário de destruição balançando a cabeça negativamente, mas depois ao olhar uma criança voltando aos braços da mãe depois da guerra de fogo se sentiu renovado. Dresden prestou atenção nas feições cobertas por uma máscara branca com um 8 preto desenhado que cobria todo o rosto do herói e percebeu algo sobre si mesmo. Notou que precisava lutar como ele independente do estrago que acontecia, pois só assim se atinge a verdadeira felicidade.
-Terra para Dresden? -disse Nápole.
-O que foi? -perguntou Dresden aturdido.
-Acabou. O Extremo deu uma lição nele e já o colocamos na chave. -disse Florença indo ajudar algumas pessoas.
-Precisamos agora só ajudar essas pessoas e os enfermeiros e limpar essa bagunça. -disse Nápole.
-Acho que o Extremo 8 fez o trabalho todo pra nós hein! -disse um policial passando por Nápole.
-Como sempre os heróis aparecem nas horas certas. -comentou outro policial.
-E quando é a hora certa? -disse outro policial franzino.
-Na hora de evitar um grande estrago. -disse o segundo.
-Acho que tenho que evitar um grande estrago Nápole...
-Do que está falando Dresden? E esse olhar de cachorro morto?
-Preciso fazer a minha vida valer a pena e a de outra pessoa também... -disse Dresden empurrando Nápole e indo para seu carro. Nápole gritou em vão pelo colega, pois esse estava em outro Mundo. Florença e mais dois policiais se aproximaram e Nápole disse:
-Acho que foi difícil para o garoto ver tanta morte. Deixem ele.
Dresden pegou seu carro e voltou acelerando pra casa, ignorando os sinais vermelhos, passando como louco pelas estradas até chegar em sua vizinhança. Olhou rapidamente para sua casa e depois para vizinha e desde já ouviu os prantos de uma mulher e os gritos tortuosos de um homem. Andou para casa vizinha, arrombou a porta com um chute e viu o colega policial tentando queimar a mulher com o ferro quente. O homem nem teve chance de reagir, pois sentiu um poderoso soco o jogando sobre uma mesa. A mulher arregalou os olhos enquanto chorava. Dresden apontou o dedo para o homem e disse:
-Você nunca mais vai tocar nela seu nojento! Nunca mais!
-O que você... O que você fez?! -disse o homem.
-Se você se aproximar dela de novo eu te coloco na cadeia pra sempre ta me ouvindo. Sei que os vizinhos aqui vão adorar depor contra você! -disse Dresden.
-Peraí colega não precisa tanto... Eu só tava exemplando essa vaga...
Outro soco acertou o rosto do homem que ficou ensopado de sangue. A mulher deu outro grito de pavor, mas algo em seu íntimo explodia em alegria. Dresden olhou para o homem e disse:
-É só um aviso!
Dresden mudou seu olhar de fúria para delicado para mulher e disse:
-Vem comigo que te mostrarei o que realmente significa amar.
A mulher ergueu-se sendo apoiada pelo jovem policial e seu coração bateu tão forte como nunca tinha batido na vida e pela primeira vez sentiu-se viva quando passou pela estreita porta que sempre sonhou deixar, mas nunca houve luz que lhe mostrasse um caminho.


FIM

Um comentário:

  1. Olá ID, vim retribuir a visita e agradecer o carinho.
    Nossa adorei as histórias, são do jeito que eu gosto, uau!!!
    "...E da magia de nossos corações sobrevivem nossas almas em busca da fantasia nesse mundo insano e corrompido!..."
    Parabéns e já seguindo-te
    Adorei os guardiões da liberdade!
    Bjos se cuida e tenha uma ótima semana.

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