sexta-feira, 4 de março de 2011

Capítulo 7: A Bruxa solta seus cabelos




Capítulo 7: A Bruxa solta seus cabelos

Dois seres se degladiam em olhares intensos sob a escuridão da noite. Uma mulher aparentemente monstruosa com a face coberta por uma máscara rubra que se autodenomina, a Bruxa, protetora do bairro das mulheres na cidade de San Cristo. Um homem, o Ceifador, um ser humano habilidoso com a foice que carrega consigo e um mercenário de alto nível que trabalha em segredo para o mafioso local Robert Robespierre. Perto dos dois gladiadores estão cerca de quinze bandidos com suas pistolas preparadas para qualquer eventualidade. A Bruxa com os punhos fechados e concentrada nos poucos passos dados pelo Ceifador em sua direção, teve tempo de olhar de soslaio o corpo do herói conhecido como Jurado que havia lhe dado uma importante lição nesta noite. Ceifador interessado em proteger seus negócios com o mafioso decidiu dar uma lição por conta própria na mulher. Os bandidos apreensivos procuravam não fazer o menor barulho temendo futuras represálias por parte do sanguinário assassino.
-Não me subestime por ser mulher Ceifador. -comentou Bruxa.
-Claro que não! Eu não cheguei até aqui subestimando meus inimigos, mas quero saber quando você irá dar seu primeiro movimento, pois dizem que as damas devem ir primeiro. -disse Ceifador com um sorriso sarcástico nos lábios.
-Se eu me aproximar de você me atacará com sua foice. Não sou tão tola de fazer um ataque tão amador! -disse a Bruxa analisando os bandidos atrás do Ceifador.
-Então! Se me permite... -disse Ceifador correndo em incrível velocidade e ficando bem próximo da mulher que previu seus movimentos e saltou para o alto de um escorrega. Ceifador lançou sua foice em ataques violentos tentando arrancar a cabeça da guerreira, mas esta abaixava e se esquivava de cada movimento. Os bandidos imaginaram que o Ceifador venceria fácil e alguns começaram a rir. A Bruxa em uma cambalhota passou o Ceifador e o chutou atrás do pescoço. Os bandidos espantados deram um passo para trás. O Jurado gemeu com a dor de seus ferimentos causados anteriormente pelas balas dos inimigos. O Ceifador caiu sobre a areia e arranhou o braço esquerdo, então levantou rapidamente com um sorriso nos lábios e disse:
-Então você sabe algo além de fugir não é?
-Me poupe do sarcasmo! -comentou a Bruxa que sobrevoou o Ceifador em um salto e tentou chutar seu rosto, mas este desviou com o cabo de sua foice e investiu sobre a cabeça da oponente com resultado nulo. O Ceifador procurou ferir o tórax, porém a guerreira pegou a foice com uma mão e socou duas vezes o rosto do inimigo com a outra. O Ceifador com um empurrão conseguiu recuperar o domínio da foice e coçou o rosto dando tempo para Bruxa lhe acertar um chute em cheio no coração. O Ceifador foi lançado por alguns metros, arrastando-se na areia e batendo finalmente num portão de uma casa próxima do parque. Os bandidos ergueram suas pistolas e começaram a atirar, mas a Bruxa deu uma imensa cambalhota nos céus mostrando toda a graça de seus cabelos azulados misturados com a cor lilás e lançando dezenas de unhas postiças que fizeram diversos efeitos na comunidade dos bandidos: Um dos bandidos teve sua garganta cortada e sufocou até a morte, outro recebeu várias em seu rosto e acabou virando a pistola para um colega o eliminando com saraivada de tiros, outro recebeu as unhas pontiagudas no coração e caiu lentamente ao solo, outro recebeu algumas unhas nos olhos ficando cego de forma que começou a gritar por socorro abandonando a batalha e tentando chorar sem contudo poder fazer isso.
-Maldita! Não estou morto ainda! -gritou o Ceifador aparecendo atrás da guerreira e passando a foice em suas costas. O sangue esguichou das costas da Bruxa e ela soltou um grito abafado. O Jurado abriu os olhos e viu o sangue saindo tentando recuperar suas forças. Os bandidos se acalmaram ao verem o Ceifador voltar a vida. Bruxa recebeu outro corte em seu braço direito e um pequeno ferimento na perna direita, porém, conseguiu mandar algumas unhas postiças que feriram as costelas do inimigo. O Ceifador utiliza uma armadura vermelha com uma foice azul desenhada que lhe protege todo o tronco, exceto uma parte das costelas que foi a área afetada pelas unhas. O veneno das unhas começou a fazer efeito na corrente sanguínea e Ceifador tropeçou dando tempo suficiente para receber três chutes no rosto, dois chutes na barriga e uma joelhada no rosto. Os bandidos restantes voltaram a atirar vendo uma abertura na defesa da Bruxa, mas ficaram assombrados ao verem um homem brandindo um martelo ao vento com a face pingando sangue e em cada expressão do seu corpo liberando chamas de raiva.
-Não achem que estou derrotado! A justiça ainda não foi feita! -disse o Jurado.
-Droga! Ele está vivo! -gritou um bandido.
-Mais está fraco! -gritou outro.
-Temos uma chance! Vamos pega-lo de jeito desta vez! -gritou outro.
A Bruxa aproveitou a oportunidade para saltar por trás do Jurado e ganhar os céus tendo assim visão perfeita de seus inimigos. O medo paralisou os corpos dos bandidos ao verem a figura de cabelos estranhos se mostrar bela e apavorante a luz do luar. As unhas voaram sobre os bandidos causando diversos danos nos homens que caíram falecidos, alguns calmamente pelo veneno mortal e outros rapidamente e sem sofrimento com cortes no pescoço e no coração. O Jurado ficou tão alegre com a suposta vitória que esqueceu o Ceifador que atingiu sua foice diretamente nas costas chegando muito perto do coração. A Bruxa preocupada correu em direção do inimigo. O Ceifador viu o Jurado cuspir saliva e sangue e se sentiu realizado. A Bruxa lançou suas unhas que o Ceifador rebateu com grande habilidade utilizando a lâmina da foice.
-Esse truque não vai mais me pegar desprevenido! -disse o Ceifador se virando para o Jurado.
-Não! -gritou a Bruxa já se lamentando.
-Cuidado com que o você diz... -sussurrou o Jurado fazendo o Ceifador arregalar os olhos , mas já era tarde, pois recebeu um gancho em seu queixo que o içou ao ar por alguns segundos, depois sentiu seu estômago embrulhar com o forte soco dado pelo guerreiro fazendo-o cair sobre a gangorra no parque. A foice girou no ar e caiu ao lado do seu protetor que a pegou cheio de raiva enquanto erguia-se tocando ao mesmo tempo a região do peito.
-Desgraçado! -gritou Ceifador cuspindo saliva e encarando o Jurado com todo seu ódio. A Bruxa apoiou o Jurado que ficou prestes a cair e este sentindo seu calor teve suas forças renovadas apenas por um instante o suficiente para sentir o ataque rápido do Ceifador que lançou sua foice sobre os dois. A Bruxa tão absorta em proteger o Jurado não percebeu nada mesmo tendo um aumento sensorial em seus cinco sentidos. A foice viajou a favor do vento em ângulos marcados pela raiva e quando a lâmina ficou a centímetros dos cabelos da Bruxa, o Jurado o rebateu com seu martelo. A foice voltou rapidamente para mãos do Ceifador só que antes de conseguir pegar a lâmina esta lhe feriu o braço. A Bruxa mandou suas unhas postiças logo depois que o Jurado rebateu a foice, então Ceifador não esperava uma reação desse tipo e recebeu várias delas em seu corpo, apesar de conseguir desviar da maioria.
-Ele é resistente. -comentou a Bruxa para Jurado.
-Eu é que estou no limite com tantos cortes.
-Devia deixar tudo por minha conta e descansar. -disse Bruxa.
-Que tipo de homem eu seria fazendo uma coisa dessas! -disse Jurado fazendo a Bruxa corar e quase derruba-lo. O Ceifador correu para os dois com a foice em baixo nível quase tocando a areia do solo. Bruxa jogou Jurado para o lado e abriu seus braços como se fosse abraçar o inimigo. Ceifador inicialmente estranhou o movimento, mas entendeu que ela queria morrer para proteger o Jurado e ele adoraria fazer esse favor. Bruxa com sua máscara rubra não demonstrava a expressão de sua face, assim não revelando suas intenções, apenas deixando transparecer que desejava um caloroso abraço. Jurado titubeou com os ferimentos, porém, não caiu. Ceifador ficou bem próximo da guerreira e foi erguendo sua foice, mas viu de relance que Bruxa lançou seus cabelos sobre ele. No entanto, os cabelos cresceram e se afunilaram formando pontas finas e pontiagudas que atravessaram várias partes do seu peito e do braço, então saltou para trás dando uma cambalhota no ar e tentou reprimir a dor. Bruxa voltou seus cabelos ao normal e disse:
-Eu disse para não me subestimar!
O Ceifador tocando seus ferimentos percebeu que estava muito ensagüentado. Bruxa caminhou para ele, mas este a parou com um aceno. Jurado não entendeu a intenção ficando apreensivo e temendo pela vida da guerreira.
-Pode parar de lutar! Tenho uma informação para dar em troca da minha sobrevivência.
-Não está em posição de exigir nada! -disse Bruxa.
-Não estou falando só com você mulher, mas também com o maldito Jurado! Eu sei de algo que a polícia e o tal detetive chamado Hudson Carlton tanto querem saber.
-Hum! Você sabe quem matou a esposa do doutor Marrou? -perguntou Jurado.
-Claro que sei, porque ajudei a mata-la! -disse Ceifador cuspindo sangue.
-Parece que meu veneno está lhe fazendo efeito. Tem pouco tempo assassino. É melhor se confessar antes de perecer. -disse a Bruxa em um tom casual.
-Já disse que irei sobreviver. Seus venenos Bruxa... não são nada para um homem... como eu! Mas contarei sobre o assassino... da esposa do doutor, pois assim... pago a dívida de me deixarem viver. E como sei que o Jurado... ama a justiça, não vai se opor a isso. E terá a oportunidade... de me matar depois, em outro dia... -disse o Ceifador liberando em cada reticência um pouco de saliva ou de sangue ou tossindo levemente.
-Jurado! Irá aceitar isto? -disse a Bruxa não acreditando que estava consultando outra pessoa para resolver um assunto.
-É uma vida que está em jogo aqui Bruxa, o que ambos de certa forma procuramos proteger. E ainda terei como fazer a minha justiça! -disse Jurado.
-Fale logo antes que morra Ceifador!
-Sua namorada é muito apressada Jurado. E estamos morrendo...
-Não somos namorados! -gritou Bruxa que ficou envergonhada.
-Dois mercenários foram contatados... para matar a esposa do doutor Marrou. Eu... e o assassino conhecido como Lançador de Adagas. Se vocês procurarem por aí... com seus contatos... com certeza o acharão. Ele me encontrou para ajuda-lo seguindo as ordens de alguém que está no escuro operando todo esse circo. E... não apenas nós dois estamos no meio disso... tem muito mais gente envolvida. Agora... vou cair fora daqui! -disse Ceifador saltando para o telhado de uma casa e seguindo pelos telhados rapidamente até sair da vista dos heróis. O Jurado desabou caindo de joelhos. Bruxa tocou suas costas e o amparou.
-Preciso que me faça mais um favor. Conte tudo isso ao detetive Hudson Carlton.
-Não se esforce tanto senão seus ferimentos irão piorar. Vou te deixar em um hospital...
-Não! Não faça isso! Me leve a um galpão nas docas do Quarto Distrito...
-Não acredito que vai naquele lugar. Se te virem assim...
-É melhor eles do que um hospital que irão me encher de perguntas.
-Você é quem sabe, a vida é sua! -disse a Bruxa amparando o herói e fazendo-o saltar sobre os telhados como o Ceifador.
-E você não se importa nem um pouco?! -perguntou Jurado com um sorriso sarcástico que fez a máscara rubra da guerreira parecer ainda mais vermelha.
-Se não me importasse não teria te salvado. -disse Bruxa secamente, mas com o coração batendo de uma forma que não imaginava ser possível para ela.


FIM

Um comentário:

  1. Olá I.D., Nossa adorei!!! será q eles ficarão juntos? adoraria isso, bom enfim... essa história está cada vez melhor!!!
    bjos se cuida e tenha um lindo carnaval!

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