sexta-feira, 29 de abril de 2011

Capitulo 16: Um estranho convidado e o Bombardeio Violeta



Capitulo 16: Um estranho convidado e o Bombardeio Violeta

A Lua parecia brilhante aos olhos de Crosby, mas o que não lhe parecia brilhante com uma vida destroçada como a sua. Algumas pessoas poderiam considerar que o que ele tinha nem poderia se chamar de vida. Crosby só se orgulhava de uma coisa na vida, o fato de que conhecia bem as ruas da cidade de San Cristo. Já pôde testemunhar coisas que vão do maravilhoso ao bizarro. Caminhando pelas sombras da escuridão inebriado pelo cheiro da cachaça que carrega consigo para aliviar sua dor procurava assim afastar as lembranças que lhe apunhalavam o coração. Uma mulher bonita que sentiu que o amava, mas não demorou a abandona-lo por outro mais rico e importante, um bancário pelo que sua mente ainda lembrava. Um filho maior que custeou tudo em sua vida, mas que sempre procurou a saia da mãe, inclusive o odiando, mesmo o tratando com todo o carinho. Um filho menor que não teve nem a chance de conhecer direito, pois a mãe o levou de si diante de sua eminente miséria. Sua casa feita de madeira de lei perto de um jardim florido no Primeiro Distrito que acabou perdendo para o banco num movimento errado em seus negócios. Seu trabalho como consultor financeiro numa empresa que perdeu diante da bebedeira e das discussões frequentes com os chefes. Crosby pensou “O que será que eu tenho na vida Deus?! Hein Deus? O que eu tenho?!”. Em seguida, lançou sua amada garrafa sobre a porta de uma garagem. O vidro espalhado pelo chão com algumas gotas da preciosa bebida chamou sua atenção como uma sofrível tentação e assim correu agachado para seu vício.
Crosby caminhou agachado se movimentando com olhos fixos no líquido que escorria lentamente do que anteriormente era o fundo da garrafa. O pobre mendigo esticou o braço, sentiu que estava perto, sua língua e seu coração palpitavam de emoção e um quê de alegria, mas também de uma interna e cruel solidão. Crosby pensou no filho menor e parou a alguns centímetros do seu líquido precioso. O sorriso em sua face o lembrou sua própria juventude que fora feliz com heróis protegendo as ruas unidos com a polícia, tinha sua cuidadosa mãe e seu protetor pai. A força dessa imagem o fez retroceder em alguns passos, tateou a parede ao lado encontrando forças nas pernas um pouco bambas e ergueu-se para se banhar com a luz do luar. O líquido precioso também brilhava ao longe o chamando como um doce veneno na escuridão. Podia sentir a picada do escorpião sem ao menos toca-lo, o gosto adocicado e amargo aparecia em seus lábios e em sua língua e uma ânsia lhe subia não só no corpo, mas também no espírito. O mendigo começou a chorar diante da vontade louca que o impelia, apontou os estilhaços com o dedo indicador e disse:
-Saí de mim demônio! Não te quero mais...
A voz de Crosby foi fraquejando antes de se aproximar das reticências até parecer um grunhido. Caminhou novamente para os pedaços de vidro com a intenção de chuta-los para longe com seus sapatos surrados de tantas andanças pela cidade em busca de alimento ou de abrigo. Agachou próximo ao seu líquido precioso, o tocou com a ponta de um dos dedos e sua mão teve apenas o trabalho de levar aquela delícia viciante a ponta da língua. Crosby respirou fortemente e pensou “Bom! Muito bom! Eu preciso de mais, eu preciso arrancar essa dor, eu mereço mais...”. Crosby ergueu-se com olhos famintos e correu para uma rua mais larga onde ouviu um alvoroço. Algumas pessoas corriam assustadas e passaram por ele sem ligar para o fato de que é um mendigo e só isso as faria pular de medo. Crosby arregalou os olhos ao notar que dois seres se golpearam em pleno ar e depois voltaram ao chão tão rapidamente que seus olhos não puderam acompanhar. Agora tinha plena certeza de estar bêbado. Um homem a seu lado gritou:
-Saí daí cara! Eles não estão pra brincadeira!
-A coisa é séria! -gritou outro.
Crosby os ignorou e caminhou para estranha luz violeta que um dos dois emanava. O outro ser com uma roupa predominantemente verde gritou:
-Não será tão fácil me derrotar Raios Estáticos!
-É isso que veremos Tornado! -disse Raios Estáticos abrindo os braços para chamar a energia estática violeta que começava em seus braços e rodeava os punhos antes de cada ataque. Tornado ajeitou sua máscara de carnaval verde com uma listra cinza e abriu os braços eretos ao ombro com as mãos espalmadas esperando um ataque. Raios Estáticos vociferou:
-Receba isso e morra Tornado!... Bombardeio Violeta!
Uma chuva de esferas roxas viajaram do punho do vilão em direção ao herói. Crosby quase engasgou ao ver as luzes que lhe pareceram tão lindas. Tornado com saltos laterais e cambalhotas escapou de dezenas de ataques que ao tocarem o solo ou as paredes das casas provocavam explosões. Crosby notou que os locais que eram atingidos liberavam faíscas violetas por alguns segundos como uma fogueira que se mantém por si própria. Tornado saltou para uma janela no quarto andar de um prédio utilizando sua habilidade de manipular o ar ao seu redor e o impulsionando. Raios Estáticos o seguiu com seu olhar de assassino, mas sentiu um arrepio estranho na espinha. Tornado percebeu Crosby caminhando para Raios Estáticos e foi fácil compreender que estava bêbado, mas outro fato lhe chamou maior atenção que foi a presença do bandido Charles Jones com uma pistola em punho.
-Parece que a morte de seus companheiros não foi o suficiente Jones! Terá que morrer por sua falta de lealdade. -disse Raios Estáticos sem se virar, mas sabendo que Charles Jones o mirava com sua arma. Crosby ficou impressionado com a perspicácia de Raios Estáticos e começou a bater palmas numa situação que beirava o ridículo. Tornado olhando de seu ponto seguro pensou “Que homem mais estranho. Ele está fazendo parecer que o Raios Estáticos é o herói. O que a bebida não faz com um cara hein?
Charles Jones ao ver Crosby bater palmas achou um insulto a sua pessoa, então virou bruscamente a pistola mirando a cabeça do mendigo. Raios Estáticos percebeu a mudança acompanhando a flutuação do ar e moveu-se rapidamente de forma a aparecer pelas costas de Jones. Crosby continuou a bater palmas como se estivesse num circo sempre focando seus olhos na beleza das emanações violetas de Raios Estáticos. Tornado começou a dar socos no vazio buscando ganhar força e resistência, enquanto Raios Estáticos tão habilmente carregava Jones pelas costas o erguendo do asfalto. A pistola caiu com um forte ruído e disparou um tiro. Tornado acompanhou a bala com o olhar, mas se sentiu aliviado ao constatar que a rua estava praticamente vazia, a exceção de uns poucos curiosos, do mendigo animador e de Charles Jones.
-Por favor, Raios Estáticos, eu te imploro não me mate! -gritou Jones enquanto Raios Estáticos gargalhava com uma felicidade fora do comum ao torturar uma pessoa. Tornado continuou a dar socos no ar sem aparente motivo. Crosby sentiu a falta do homem de verde e ficou escrutinando os céus a sua procura. Raios Estáticos queria maltratar Charles Jones, porque este traiu a família Patrick, uma das mais importantes da máfia da cidade ao sequestrar uma garota sem permissão da família com a intenção de obter dois resgates. Raios Estáticos veio apenas cobrar a lealdade de Jones, mas terminou querendo mata-lo e agora sua vontade estava prestes a ser saciada. Crosby voltou seus olhos novamente a Raios Estáticos. Jones pediu ajuda com os olhos enquanto sentia seus músculos e ossos arderem com o aperto dado pelo abraço do vilão.
-Vai matar ele? -perguntou Crosby com um ar inocente.
-Ah! Com certeza! -disse Raios Estáticos com um sorriso malicioso.
-Então eu quero ver. -disse Crosby de uma forma casual.
-Olha só Tornado! Não é só os heróis que tem fãs! Eu acabei de ganhar um que gosta de me ver matar. E como os heróis, os vilões não gostam de desagradar seus fãs! -disse Raios Estáticos virando para o local onde está Tornado e notando que ao redor de seu punho direito se formou um grande bolsão de ar que liberava estranhos zunidos. Crosby bateu palmas para Tornado dessa vez. Raios Estáticos franziu o cenho e disse:
-Ei! De que lado você está mendigo?!
-Me ajuda... Por... -disse Jones agonizando.
-Punho do Vento! -gritou Tornado liberando seu bolsão de ar.
Jones arregalou os olhos temendo ser vítima do ataque do herói. Raios Estáticos fez algo que lhe pareceu estranho que foi salva-lo o jogando para cima de Crosby. O bolsão de ar que saiu do punho direito de Tornado tomou a forma de um punho composto de puro vento e este emitia pequenos ruídos dilacerantes. Raios Estáticos lançou os braços à frente e gritou:
-Bombardeio Violeta!
As esferas violetas de Raios Estáticos encontraram o golpe de vento do Tornado. Uma explosão próxima ao solo ocorreu e uma cortina de estilhaços, fumaça, dejetos e poeira se ergueu ante a rua quase deserta. Crosby se irritou com o corpo de Jones sobre si e o empurrou para longe. Tornado pensou ter ganho a luta, então foi ao chão verificar o estado dos civis. Jones desmaiou de emoção e estava detido por enquanto. Crosby começou a coçar a cabeça como se tivesse lembrando que não deveria estar naquele local. Tornado aproximou-se e disse:
-Você é certamente uma das pessoas mais estranhas que eu já vi.
-Ei? Me diz o que eu fiz? -disse Crosby coçando a cabeça.
-Parece que a explosão curou a bebedeira. Mas como você é um civil eu tenho de lhe aconselhar a sair daqui. O Raios Estáticos não seria derrotado com isso...
-Raios Estáticos?! -perguntou Crosby confuso.
-Sei que não vai entender nada sem tomar um café. Por isso vá para casa, tome um banho e um bom café e de preferência durma. -aconselhou Tornado.
-Não tenho casa não moço, mas obrigado! Me diz só uma coisa?
-O quê?
-Fiz alguma coisa errada? Machuquei alguém?
Tornado lembrou do mendigo batendo palmas ante as atrocidades do Raios Estáticos, mas respirou fundo e disse:
-Não. Apenas saía daqui antes que se machuque.
-Qual teu nome moço? -disse Crosby ainda coçando a cabeça com a ressaca.
-Eu sou o Tornado.
-Aquele herói?! Nossa! Prazer conhece-lo, finalmente tive alguma honra nesta vida. -disse Crosby com um ar inocente e um sorriso sincero. Tornado sentiu pena do infeliz, mas sentiu perigo ao redor dos dois, então disse:
-Por favor, agora é sério! Preciso que se afaste!
-Ora e porquê?! -gritou Raios Estáticos aparecendo com um salto. -Maldito Tornado! Converteu meu fã hein!
Crosby correu para uma esquina, mas Raios Estáticos com olhos pedindo sangue e um de seus braços ferido pela explosão apareceu á sua frente. O mendigo tremeu dos pés a cabeça sentindo ser a hora de sua morte. Tornado lançou um soco lateral no rosto do inimigo e um chute em sua costela. Raios Estáticos arrastou-se pelo asfalto e levantou-se prontamente lançando uma esfera violeta sobre Crosby, mas Tornado recebeu-a no peito no lugar do mendigo. Crosby continuou a correr para esquina. Raios Estáticos riu ao ver Tornado de joelhos através de seu golpe.
-Acho que vou matar meu ex-fã! Aproveite a morte desse infeliz Tornado! -disse Raios Estáticos erguendo o braço. Tornado gritou:
-Nem pensar!... Tornado Espiral!
Tornado reuniu o ar ao redor dos punhos e o fez girar em alta velocidade e sincronia criando um pequeno tornado a partir do solo que elevou o vilão às alturas enquanto diversos golpes laterais afetavam suas costelas e as costas. Crosby chegou a salvo na esquina. Tornado respirou aliviado. Raios Estáticos caiu sobre o capô de um carro destruindo parcialmente a parte da frente e destruindo o vidro. Tornado levantou e pensou “Será que Mão de Fogo resgatou a menina?! Droga! Tenho certeza que essa luta ainda não acabou”.


sábado, 23 de abril de 2011

Capitulo 15: Promessa cumprida




Capitulo 15: Promessa cumprida

Um homem de roupa vermelha salta por uma janela carregando uma criança em seus braços. Ele, um herói da cidade de San Cristo conhecido como Mão de Fogo. Ela, uma jovem que fora raptada de nome Eloíse. Mão de Fogo prometeu levar a criança até sua mãe, no entanto, teve diversos problemas combatendo alguns vilões antes de poder encontra-la. E só conseguiu salva-la das garras de um velho asqueroso e pedófilo com ajuda de outro herói chamado Tornado. Nesse momento, Mão de Fogo caminha com dificuldade por uma larga rua levando Eloíse pelo braço. Seu corpo muito ferido não para de lançar gotas de sangue ao asfalto. Eloíse preocupada com seu herói teme por sua morte. Mão de Fogo procurou tranquiliza-la dizendo que tudo ficaria bem. Mão de Fogo pensou “Não imagino como posso levar esta criança até sua mãe se nem mais consigo dar um salto. Minhas forças se esvaem e sinto meus sentidos se perderem a cada segundo... Parece que não terei escolha senão chama-los aqui...
Mão de Fogo retirou um anel com um vidro violeta na ponta e apontou para os céus. Eloíse ficou admirada da luz violeta que saiu do vidro iluminando o céu escuro da cidade. Ao lado das estrelas grande parte da cidade pôde observar um sinal que já os encheu de esperança e espirito de união no passado. Era o símbolo do heroísmo e da coragem de alguns cidadãos que agora era raramente visto. A cor violeta nos céus demonstrando a imagem de uma águia que abria suas asas para cidade, o símbolo do grupo denominado como Guardiões da Liberdade. Mão de Fogo lançou o sinal na esperança de que um grupo de antigos guardiões chamados de Curadores viessem salva-lo de sua dor e levar a jovem Eloíse de volta para casa. Sua ação continha um grande risco para os dois também, pois todo e qualquer vilão inimigo dos guardiões reconheceria o símbolo e viria atrás do herói seja ele qual fosse e em seu estado de saúde precário, o Mão de Fogo, nada poderia fazer.
Eloíse abraçou a perna de Mão de Fogo, pois ouviu um som ao longe. Mão de Fogo temeu se tratar de um vilão, porém, pensou “Caso um inimigo apareça, lutarei com toda pouca força que me resta para salvar a criança...” Mas para surpresa dos dois, um carro popular saiu em alta velocidade da escuridão e parou a poucos metros. Mão de Fogo estranhou o fato de ninguém sair do carro, procurou em seu interior a sua capacidade de gerar calor em sua mão direita e daí lançar fogo. Eloíse apertou ainda mais sua perna com medo do recém-chegado. Mão de Fogo em seu estado sentia cada aperto por menor
que fosse como uma dor lancinante. Um homem bem vestido saiu do carro e acenou para os dois animadamente. Mão de Fogo demorou para reconhecer a pessoa, franziu o cenho sob sua máscara e disse:
-Detetive?!
-Isso mesmo Mão de Fogo! Vai ficar parado aí sangrando ou vai entrar no meu carro. Apesar de que faz pouco tempo que mandei limpa-lo. -disse o detetive Hudson Carlton que estava a procura do herói.
Eloíse ao notar que Mão de Fogo conhecia o moço largou sua perna e ficou olhando os dois se olharem. Mão de Fogo caminhou com dificuldade e colocou Eloíse no carro. Hudson manteve um sorriso leve nos lábios de modo a acalmar a menina. Mão de Fogo entrou e Hudson foi rápido em dar a partida e correr pelas ruas do assombrado Quarto Distrito da cidade. Mão de Fogo se perguntou como uma pessoa comum como o detetive Hudson Carlton pôde ser o primeiro a atender seu chamado. O detetive pelo retrovisor do meio observou a expressão incrédula do herói e comentou:
-Parece intrigado com minha vinda. Pensei ter solicitado uma ajuda!
-Sim...Mas não esperava... você! -disse Mão de Fogo agonizando com a dor de suas feridas. Eloíse arregalou seus olhos de preocupação e tocou de leve o tronco de seu herói. Hudson aumentou a velocidade do carro para poder sair do Quarto Distrito, principalmente por julgar ter ouvido uma explosão ao longe. Mão de Fogo sabia que a explosão era da luta entre o herói Tornado, seu amigo e aliado, contra o vilão “Raios Estáticos”. Eloíse olhou para trás para ver se conseguia visualizar o herói de roupa verde, mas ficou decepcionada. Mão de Fogo sorriu ante a coragem da menina, por tudo que ela tinha passado e por se manter sem chorar até aquele momento.
-Preciso que me leve... ao Segundo Distrito para casa... dessa jovem. Aqui um papel com o endereço... -disse Mão de Fogo passando o papel com dificuldade sentindo seu braço arder por ergue-lo.
-Não será melhor leva-lo aos Curadores primeiro? -disse Hudson pegando o papel sem tirar os olhos do trânsito, pois entraram em uma rua movimentada.
-Não! Os Curadores... não aceitam pessoas que não sejam... heróis! -comentou Mão de Fogo olhando para Eloíse com preocupação. Eloíse não podia ver os olhos de seu herói, mas pôde sentir sua intensidade através de sua máscara.
-Os Curadores certamente abririam uma exceção, como abriram...
-Você é um herói também.
Hudson arregalou os olhos ante a noticia de que era um herói, pois até então pelo que sabia não passava de um conhecido detetive da cidade. Mão de Fogo confirmou com a cabeça o espanto causado por sua frase. Hudson respirou aliviado e com seus olhos mandou um agradecimento pelo reconhecimento. Eloíse sorriu ante o ar de paz que ficou dentro do carro popular.
-Não demorarei a chegar no local que deseja. Esse carro pode ser popular, mas cumpre o que diz quando se trata de velocidade.
-Moço? Oh moço? -pediu Eloíse.
-Sim! -disse Hudson prontamente.
-Meu herói vai ficar bem? Diz que ele vai ficar bem?
-Ficarei bem Eloíse! Não se preocupe... -disse Mão de Fogo cobrindo a boca, pois pareceu que ia tossir sangue. Pensou “Meus poderes de manipular o calor estão diminuindo. Logo não poderei mais conter o sangramento e aí terei poucos minutos de vida. Mas não posso deixar essas pessoas que se preocupam comigo saberem...
Eloíse começou a rezar com as mãos unidas. Hudson achou o gesto admirável, pois cada vez mais vinha pensando que Deus havia abandonado aquela cidade. Mão de Fogo encostou-se a poltrona para ficar mais confortável. Hudson começou:
-Mão de Fogo! Eu preciso de sua ajuda com uma coisa. Na verdade é um pedido de uma pessoa.
-O que é?
-Uma jovem mulher foi ao meu escritório para dizer que faria tudo para encontra-lo somente uma vez. Ela sofreu tanto na vida coitada que não pude recusar e por isso fui o primeiro acha-lo esta noite. Preciso que a encontre...
-Minha resposta é não!
-Mas?
-Eu disse não detetive! -disse Mão de Fogo abrindo os olhos rapidamente para depois fecha-los devido ao cansaço.
-Não entendo como um herói se mata a ponto de salvar uma criança e não realiza um inocente desejo de encontrar uma mulher a quem já salvou. Acredito que ela seja sua fã e sei, pois ela mesma contou, que você a salvou outro dia de dois caras que tentaram pega-la. -disse Hudson.
-Um herói que se preze dispensa agradecimentos.
-Nossa! Bem que me disseram que seria difícil conversar com você. -comentou Hudson.
-Por favor? -disse Eloíse interrompendo a conversa.
Mão de Fogo olhou-a calmamente e percebeu suas mãos unidas como se fosse rezar, seus olhos chorosos como se lhe pesasse uma grande tristeza e ao mesmo tempo mantinham o fogo da esperança. Hudson adentrou furiosamente o Segundo Distrito e já tinha uma vaga idéia de quem a jovem Eloíse era filha. Bem provável que fosse filha de uma famosa bióloga de uma família tradicional e antiga da cidade. Mão de Fogo disse para Hudson:
-Encontrarei a jovem que fala... mas farei isso por causa dessa menina...
Eloíse sorriu e praticamente pulou no pescoço do herói ignorando seus ferimentos. Mão de Fogo já tinha se esquecido do calor humano e gostou de saber que ainda existia inocência e bondade em uma pessoa. Hudson sentiu que parte de sua missão estava cumprida, então perguntou:
-Por acaso você tem visto o vilão Lançador de Adagas?
-Morto pelos Extremos.
Hudson ficou pasmo, pois sabia que ele era a melhor chance de conseguir tirar o importante doutor Marrou da cadeia. Mão de Fogo conhecia a história tão bem quanto o detetive e para tranquiliza-lo disse:
-Esqueça o Lançador de Adagas... Procure algum dos Extremos, pois com certeza estão envolvidos... Eles me deixaram assim.
-Quais deles? -perguntou Hudson.
-Fogo Grego, Cortador e Albatroz. Os três fugiram, mas graças a eles achei Eloíse.
-Pena que teve de pagar um alto preço pela informação.
-Há penas que valem o esforço de serem cumpridas. Assim como algumas promessas... -comentou Mão de Fogo.
-Quando tiver em melhor estado e puder procurar a minha cliente venha falar comigo no...
-No seu escritório! É, eu sei. -disse o herói de roupa vermelha.
-Chegamos! -disse Hudson parando o carro abruptamente.
A casa de Eloíse está rodeada de carros de polícia e oficiais caminham para todos os lados. O carro de Hudson chamou a atenção de todos pela forma como chegou. A mãe de Eloíse, Fabiana, pensou ter ouvido um grito de criança, então foi abrindo caminho entre os curiosos. Eloíse pulou do carro esquecendo o Mão de Fogo. Hudson foi verificar o estado do herói. Eloíse correu para os braços da mãe quando conseguiu visualiza-la. Fabiana abraçou-a e carregou aos céus girando em uma pequena valsa. Os policiais pularam de alegria, alguns curiosos começaram a derramar lágrimas de felicidade, alguns familiares de Eloíse chegaram perto das duas e tocaram os cabelos da jovem. Hudson retirou Mão de Fogo do carro. Os policiais ao reconhecerem o herói levaram as mãos as suas armas. Hudson ficou à frente temendo que eles começassem um ataque. Fabiana e Eloíse choravam de alegria enquanto a tensão chegava ao limite. Alguns oficiais perceberam as feridas e o sangue em Mão de Fogo e deixaram suas armas. Hudson disse em voz alta para todos:
-Este homem e herói salvou esta criança. Peço que deixem ele ir.
-Mas ele é um procurado da justiça detetive Carlton! -disse um oficial de bigode.
-O certo seria prendermos ele enquanto está assim fraco. -comentou outro.
-Não! -gritou Fabiana parando alguns policiais mais ousados.
Mão de Fogo já tinha relaxado com a missão cumprida e seu corpo parecia mais morto do que vivo. Hudson o mantinha de pé com dificuldade. Fabiana aproximou-se e apertou a mão de Mão de Fogo dizendo:
-Eu não tenho palavras para lhe agradecer o que fez por mim e por minha filha.
-Mãe! Ele é meu herói! -disse Eloíse.
-Ainda querem prender esse homem? -disse Hudson ameaçadoramente.
-Não hoje detetive. Hoje ele merece uma chance. -comentou o policial de bigode.
Fabiana e Eloíse abraçaram Mão de Fogo que se sentiu vivo de novo, seu corpo pareceu ganhar vida nova com aquele calor humano e gentil. Todos resolveram se aproximar para se unirem ao herói e as duas mulheres. Hudson se afastou um pouco para ver a sujeira no banco de trás deixada pelo herói e viu que este havia perdido uma quantidade considerável de sangue. Mão de Fogo sentiu uma presença estranha ao redor do local e parou de sentir o bom calor trazido pelas pessoas a seu lado. Um conjunto de explosões começaram a acontecer não muito distante da casa e os policiais correram para ver. A vontade de servir e proteger falou mais alto que a festa e o calor humano. Mão de Fogo afastou Fabiana e Eloíse carinhosamente. Fabiana o agarrou e o beijou na boca. Eloíse ficou impressionada e ao mesmo tempo feliz. Hudson saiu do carro e se deparou com a romântica cena não sabendo se ficava feliz ou triste, pois lembrou da jovem Glória Glen, uma apaixonada pelo Mão de Fogo. Fabiana queria continuar beijando o herói que retribuiu seu beijo com gentileza, mas este desapareceu diante de seus olhos. Hudson sentiu um vulto aparecer e desaparecer de repente. Os policiais voltaram correndo e encontraram Fabiana, Eloíse e Hudson abismados com o sumiço do herói.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Capitulo 14: Combate por uma criança



Capitulo 14: Combate por uma criança

Raios Estáticos, um vilão degenerado e que gosta de humilhar os fracos está diante de um dilema ao ter de enfrentar dois grandes heróis da cidade de San Cristo. Um deles é o Mão de Fogo, que possui a capacidade de manipular o calor de forma que consegue produzir chamas de sua mão direita. No entanto, está muito ferido de uma batalha anterior e seu corpo começa a perder os sentidos sendo que a única coisa que o mantém alerta é a promessa que fez a uma mãe desesperada de recuperar sua filha chamada Eloíse de apenas 8 anos que foi sequestrada pelos capangas de Charles Jones. O outro herói é conhecido como Tornado por sua capacidade de manipular o ar criando de fortes brisas a grandes tufões. Tornado apareceu para ajudar Mão de Fogo com sua promessa e admira sua força de vontade.
Charles Jones é um bandido sem nenhum caráter que utilizou seus capangas que trabalham originalmente a serviço de uma grande família mafiosa, a dos Patrick, para sequestrar Eloíse, filha de uma famosa bióloga, assim desejando ter dois resgates pela menina sendo sua galinha dos ovos de ouro. Um resgate seria pago pela mãe da menina e o outro pela pessoa que o mandou seqüestrá-la. No entanto, Raios Estáticos a serviço mercenário de Patrick foi obrigar Jones a lhe jurar lealdade, mas neste momento apareceram os heróis interessados em salvar a criança. Os capangas de Jones aturdidos com a presença de tantos seres famosos ficaram esperando as ordens do vilão. Jones, por sua vez imagina uma forma de fugir da ira de Raios Estáticos, mas sabe que será difícil devido a fama do vilão.
-O que estão esperando seus vermes! Atirem neles! -gritou Raios Estáticos fazendo os capangas reagirem. Mão de Fogo sentiu seus sentidos desaparecerem, mas antes de cair foi amparado por Tornado. Os capangas começaram a pegar suas armas, enquanto Raios Estáticos começou a juntar sua energia violeta ao redor dos braços planejando lançar um ataque aos heróis. Mão de Fogo cochichou:
-Tornado!... Cuide do Raios Estáticos lá fora... Cuidarei dos outros...
-Mas...
-Apenas faça!... Confie... em mim! -disse Mão de Fogo sentindo a voz faltar nas reticências.
Os capangas começaram a atirar. As balas voaram sobre os heróis que procuraram se esquivar utilizando elementos da sala para escapar como o lustre no teto, a porta de entrada, uma coluna lateral, uma cômoda e uma caixa de arquivos que se tornaram pedaços de queijo diante do volume de tiros recebidos. Mão de Fogo conseguiu sair ileso da saraivada, correu entre dois capangas que atiraram um no outro. Walters, um dos capangas mais ousados de Jones puxou Cooper e Bohnen para seu lado. Mão de Fogo viu de relance dois capangas caírem para trás. Raios Estáticos lançou sua esfera de energia violeta encontrando uma cortina de ar criada pelo Tornado. Os dois golpes colidiram formando uma pequena explosão no centro da sala. Os capangas correram assustados, Mão de Fogo rolou pelo chão vendo seu sangue respingar. Raios Estáticos usou o lustre destruído como impulso de forma a passar toda a confusão, então atacou Tornado com um chute duplo no tórax. Tornado rolou para a rua, enquanto Raios Estáticos tentou lançar outra esfera de energia que destruiu parte do asfalto, pois o herói escapou com uma cambalhota lateral. Os olhos negros penetrantes do vilão encontraram a ocultação definida pela máscara de carnaval verde com uma listra cinza do herói.
Charles Jones aproveitou a confusão para fugir, mas foi pego por um soco lateral de Walters que o deixou desmaiado no chão. Mão de Fogo mandou um lança-chamas que envolveu Bohnen fazendo os outros capangas ficarem amedrontados. Barrett tentou acalma-los com um grito de ordem, mas não o ouviram. Darnell correu para perto da escada onde se escondeu a jovem Eloíse, mas acabou se batendo com um jovem chamado Morison com uma aparência infantil. Os dois começaram uma briga particular sem motivo. Mão de Fogo acertou um lança-chamas no peito de um homem de boné vermelho o lançando sobre a cômoda com a metralhadora em punho. Walters rolando pelo chão verificou o estado do homem que morreu de olhos abertos. Bickford, um capanga baixinho que mais parecia um anão tentou atirar nas costas do herói, mas este pressentiu o ataque, então rodopiou como se estivesse dançando. Bickford atirou em um homem loiro de olhos verdes que morreu cuspindo sangue pela boca. Walters gritou de forma a ser ouvido:
-Se matarmos esse cara ficaremos famosos! Vamos gente!
Mão de Fogo guiou-se pelo som da voz de Walters, criou uma bola de fogo em sua mão direita e a lançou de lado. A bola de fogo passou à frente dos olhos de um homem obeso, de Bickford e depois pelas costas de Cooper indo acertar a costela esquerda de Walters. Bickford arregalou os olhos ao ver as chamas criadas no tronco de Walters que procurou apaga-las comicamente as assoprando com a ajuda do atrapalhado Cooper. Mão de Fogo percebeu que suas energias pareciam terminar e que talvez não pudesse lançar mais chamas como a que estava eliminando Walters. Darnell e Morison ainda trocavam socos no chão. Barrett chamou um homem musculoso de blusa vermelha manchada de azul com uma escopeta para tentar matar Mão de Fogo, mas este desapareceu ante as balas lançadas por Bickford, um homem obeso chamado Ruman e outro com uma cicatriz no rosto chamado Yurka. Os três eram os únicos que sustentavam fogo contra o herói que pareceu sumir com a cortina de fumaça. Walters definhou até a morte enquanto Cooper desesperado tentou fugir pela porta, mas recebeu um tiro na cabeça dado por Barrett que disse em seguida:
-Não iremos morrer sozinhos Cooper!
O homem musculoso acenou para Barrett mostrando que Jones estava acordando. Mão de Fogo se esgueirou por uma pilastra tentando sentir o momento certo para atacar. Eloíse tapava seus ouvidos para não ouvir os tiros que ecoavam pela sala. Morison recebeu uma facada na barriga dada por Darnell que andou agachado para se aproximar de Eloíse. A menina percebeu o velho asqueroso que tinha prazer em sodomizar a filha e depois fez o mesmo com a neta. Eloíse viu a maldade em seus olhos e rezou pedindo por sua mãe. Mão de Fogo percebeu o velho, mas não podia atingi-lo sem machucar a menina. Bickford, baixinho e esperto encontrou o herói com um grito animado. Barrett puxou duas pistolas e começou a destruir a pilastra. O homem musculoso usou sua escopeta abrindo um grande buraco na estrutura. Mão de Fogo correu pelo teto de cabeça para baixo, deu uma cambalhota segurando as pernas e terminou com um chute no pescoço do musculoso que largou sua escopeta ao chão. Barrett estava tão perto dele que escorregou. Mão de Fogo girou o corpo para escapar das balas lançadas por Bickford, Yurka e Ruman, então mandou um lança-chamas bem fraco para queimar os rostos de Barrett e do musculoso. Barrett levantou recebendo as chamas em seu rosto ficando completamente desfigurado e chorando de horror. O musculoso simplesmente faleceu antes de receber todo o impacto do golpe.
Jones escondeu-se na cozinha esperando a batalha terminar e rezando para que todos morressem nela, principalmente o odioso Raios Estáticos que o humilhou tanto. Eloíse tentou subir as escadas sendo detida pelo velho Darnell que arranhava suas pernas desejando toca-la. Mão de Fogo segurou seu tórax escondido atrás de um arquivo, enquanto respirava com dificuldade. Bickford, Yurka e Ruman continuavam tentando mata-lo. Barrett tentando recuperar seu rosto o coçou retirando grande parte da pele que caiu sobre o tapete em uma cena de grande nojeira. Os três atiradores não pararam de destruir o armário onde todos sonhavam ter uma arma de maior calibre para poder mandar o herói desta para melhor. Do lado de fora da casa se ouviam vozes e algumas explosões da batalha entre Raios Estáticos e Tornado. [Essa batalha será mostrada detalhadamente em outro capítulo]
Mão de Fogo respirou fundo, calculou aproximadamente onde estão seus inimigos, encheu o arquivo que o protegia de fogo, criando uma espécie de armário retangular de fogo e metal queimado, então chutou a estrutura sobre os três atiradores. Yurka e Ruman foram lentos e acabaram esmagados pelo móvel. Bickford perdeu sua mão direita ao tentar escapar do ataque. Mão de Fogo observou que o baixinho perdeu sua mão ao rolar pelo chão destruído. Bickford ouviu um gemido na cozinha e foi para lá correndo, mas recebeu um lança-chamas nas costas que o jogou ao teto inicialmente e depois caindo de buços no chão. Eloíse fugiu de Darnell e atingiu o andar superior. Mão de Fogo sentiu os sentidos desaparecerem de repente e caiu de buços perto do corpo de Bickford.
Eloíse chegou ao quarto onde ficou trancada por algum tempo. Darnell a seguiu enquanto gritava no corredor:
-Você vai ser minha menina! Agora vai sim! Só minha!
A baba do velhote caía pela camisa amarrotada fazendo aflorar ainda mais seus repulsivos desejos. Eloíse tentou trancar a porta do quarto, mas Darnell a abriu com um chute fazendo a jovem cair no tapete com as pernas abertas. Darnell achou que era um convite a um banquete, então seus lábios se moveram sentindo o gosto da felicidade no ar, mostrando assim seus dentes que estavam quase caindo. Eloíse arregalou os olhos ao ver o velho se agachar com olhos de maníaco, pensou em correr, mas suas perninhas não a obedeciam, pensou em sua mãe, mas o medo tomou conta de seu espírito e isso a levou a paralisia total. Darnell saboreou o pânico da garota e suas mãos trêmulas sacudiam ao sabor do vento enquanto a luz da lua penetrava o escuro ambiente. Eloíse derramou lágrimas para demonstrar sua rejeição e pediu perdão a mãe por todas as suas desobediências e malcriações. Darnell ergueu o vestido de Eloíse e pacientemente procurou puxar sua calcinha. Eloíse procurou forças em seu coração e gritou:
-Alguém me ajude!
Darnell colocou o dedo em sua própria boca incentivando o silêncio, enquanto seus olhos brilhavam de emoção e desejo ao ver as perninhas da jovem se abrindo ainda mais, então disse:
-Ninguém vai te ajudar delicinha! É toda minha!
Darnell aumentou seu sorriso mostrando chegar a um êxtase de perversidade inimaginável a uma pessoa comum. Eloíse derramava suas lágrimas sentindo o fim chegar. Darnell puxou violentamente a calcinha da jovem e esta soltou um grito abafado em meio ao choro, então o chão tremeu, uma luz pareceu ecoar por toda a sala vindo do assoalho. Eloíse viu as cores na escuridão e se sentiu mais viva. Darnell começou a ficar preocupado, seus olhos se arregalaram no momento exato em que uma explosão ao lado dos dois revelou a figura ensaguentada mais perigosa do Mão de Fogo. Darnell tremeu ante a figura do herói e pulou de Eloíse como um cachorro assustado. Mão de Fogo apareceu no andar superior usando o calor que controla para impulsionar seu corpo para cima e com um soco destruiu o assoalho e a laje da casa de modo a encarar seu inimigo. Darnell cambaleou pelo chão demonstrando agora uma baba cheia de medo. Mão de Fogo caminhou ameaçadoramente para o velhote e apontou o dedo indicador. Eloíse respirou aliviada ao ser salva, então correu para debaixo da cama. Darnell balançou a cabeça negativamente e sua mente perdia um falso perdão por suas maldades. Mão de Fogo captou essa intenção de blasfêmia em seu repugnante olhar, então colocou seu punho em preparo e deu um forte soco na barriga do velho. Darnell cuspiu saliva, sangue e dentes enquanto seus olhos se arregalaram com a terrível dor que lhe acossava. Mão de Fogo o carregou e o jogou para perto da janela, fazendo Darnell quebrar algumas costelas. O velhote se arrastou temendo o próximo movimento do herói. Mão de Fogo disse:
-Não irei mata-lo aqui velhote por causa da menina. Ela não merece ver isso! Mas não te deixarei impune!... Tome isto!
Mão de Fogo lançou um pequeno lança-chamas sobre os olhos de Darnell. Este levou as mãos ao rosto e gritou de terror, então perdeu o equilíbrio do corpo, sentiu o chão faltar e caiu pela janela quebrando o vidro. Mão de Fogo tentou nivelar sua raiva para não assustar ainda mais a criança. Eloíse se aproximou timidamente e o herói se agachou como um cavaleiro e lhe disse:
-Vim te levar para casa em nome de uma promessa que fiz... a sua mãe!
-Mamãe... -disse Eloíse chorando enquanto correu para abraçar o herói ferido. Mão de Fogo não se importou com o aumento da dor, até porque diante de tantos perigos estava próximo de cumprir o que foi prometido.

Darnell abriu seus asquerosos olhos dando de encontro com a beleza das estrelas, sem contudo, poder admira-las. O velhote sentia seu corpo doer em várias partes, sobretudo nas costelas e nos olhos. Então se deu conta que não tinha mais seus olhos, que eles foram levados pelo Mão de Fogo quando estava tão perto de pegar sua tão desejada delicinha. O velhote ergueu-se tateando uma parede e tentando usar seus outros sentidos. Seus ouvidos captaram um estranho ruído que mais parecia uma cobra a rastejar no asfalto. Darnell observou que seria uma cobra e tanto para fazer tamanho barulho. Caminhou segurando a parede e odiando o Mão de Fogo em cada passo. Lembrou de seus colegas, os capangas de Jones, e viu alguns de seus rostos mortos em uma batalha cruel, mas não sentiu pena deles, pois nenhum deles teve o mesmo destino horrendo que teve, o destino insólito de ficar cego. Os rangidos aumentaram até o momento que sentiu seu corpo ser erguido aos céus e seja o que for o parou de cabeça para baixo a meia altura. Uma voz metálica lembrando a de um computador soou forte na esquina:
-Você irá servir ao meu propósito!
-Não! -gritou Darnell sendo levado por uma criatura que julgou ter seis braços de acordo com o que sentia sua pele. Darnell pensou “É tudo culpa sua Mão de Fogo! Culpa sua!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Capítulo 13: Jure lealdade!



Capitulo 13: Jure lealdade!

Charles Jones sentado em sua poltrona em espaço amplo de sua casa no Quarto Distrito observava os presentes com desconfiança. Seus capangas à frente o olhavam com temeridade. Jones com olhos negros completamente frios procurou sentir o que seus homens estavam pensando e se planejavam trai-lo. Sequestrou a filha de uma mulher importante tendo a menina apenas 8 anos de idade e isso poderia faze-lo se tornar o inimigo público número um, mas não importava desde que ganhasse a grana que o prometeram. Seus capangas fiéis a um chefe de maior escalão chamado Patrick não concordaram desde o início com a trama. Agora, observando-os temia que algum tivesse dado pistas sobre seu plano e revelado o esconderijo do grupo apenas para ganhar pontos com o chefão. Um dos capangas ergueu o dedo timidamente:
-Chefe!
-Fale Morison. -respondeu Jones calmamente fixando os olhos no rapaz de cabelos loiros curtos.
-Acho que falo em nome de todos quando digo que estamos em perigo com essa menina aqui. -disse Morison engolindo a saliva com medo da retaliação.
-Apoiado Morison! -gritaram outros três em meio aos capangas.
-Não quero desculpas e nem saber dos seus medos Morison. Não seje tão infantil quanto sua aparência! A menina ficará sob minha custódia até receber a quantia que desejo. As duas quantias! -disse Jones com um sorriso macabro em seus grossos lábios.
-O chefe é mal mesmo né! -cochichou um capanga para outro que respondeu:
-Só aquele olhar dele as vezes dá medo. Dizem que foi por isso que o Patrick colocou ele no comando desse grupo.
-Não é só isso não parceiro! Dizem por aí que Jones é famoso por fazer jogo duplo e essa armação de agora é a prova disso. -disse o primeiro, mas outro capanga ouviu e cochichou para os dois:
-Sequestrar a garotinha foi fácil, mas conseguir o dinheiro do resgate e o dinheiro do contratante é que vai ser difícil.
-Espero que ele divida com a gente! -disse o primeiro rindo maliciosamente que acabou sendo ouvido por Jones:
-Não se preocupem colegas! Eu darei parte da grana a vocês como prometido e verão que serem completamente leais ao Patrick é uma tolice, como a qualquer um!
-Hum! E se ele descobrir chefe?! -perguntou um baixinho chamado Bickford.
-Ele não vai descobrir a não ser que alguém dessa sala me traía! E se por acaso eu descobrir um traidor... Tenham pena dele! -disse Jones fazendo um mortal silêncio em suas reticências.
-Ei Darnell vai ver se a menina está bem? Precisamos dela viva! -ordenou um homem alto e corpulento chamado Barrett.
-Hum! E eu posso...? -perguntou Darrell, um homem idoso e desdentado com um sorriso malicioso.
-Não, é claro que não pode, pelo menos não por enquanto. -disse Barrett.
-Você não dá ordens Barrett! O chefe é o Jones! -gritou um capanga ao fundo criando conversas paralelas entre os homens. Jones chamou atenção usando um cajado ao lado de sua poltrona onde o bateu fortemente na parede atrás de si.
-O Barrett é meu auxiliar Walters! Espero não ter nada contra isso?!
Walters colocou a mão na boca e deu passo para trás. Barrett se sentiu vingado e mostrou um sorriso ousado que desapareceu diante da frase seguinte de seu mestre:
-Barrett, mesmo assim se lembre que o único cacique dessa tribo sou eu!
Os homens cochicharam entre si debochando do grandalhão Barrett que ficou vermelho de raiva e vergonha com vontade de usar sua metralhadora portátil em todos.
-Dingle e Cordoba vão ver a garota e me informem seu estado de saúde. Devo avisar que não devem tocar nela e digo isso em nenhum sentido! -continuou Jones fazendo os dois homens correrem para o andar superior passando por uma longa escada. Darnell ficou enciumado e cruzou os braços. Jones pensou “Se eu mandasse o velhote nojento do Darnell ele comeria a menina sem dó nem piedade como faz com a neta e como fez com a filha dele. E essa Eloíse é minha galinha dos ovos de ouro e preciso que ela continue brilhando”.
Barrett chamou a atenção de Jones para um homem de sobretudo preto e capuz perto da porta de entrada. Jones franziu o cenho e gritou:
-Homens detenham o invasor!
-Calma aí! Bem quietinhos agora! -gritou o inimigo de sobretudo revelando sua face.
Os homens titubearam e alguns guardaram suas pistolas que retiraram ao ouvir a ordem de seu líder. Jones ainda não tinha reconhecido a criatura, mas Barrett tremia de medo ante a figura do vilão conhecido como Raios Estáticos. É um homem de olhos negros penetrantes sem quase nenhum brilho, testa acentuada, pele branca e cabelos pretos lisos aonde alguns fios tocam seus ombros.
-Raios Estáticos... -disse Jones quase perdendo a voz e seus olhos crescendo como se tivesse entrado em um pesadelo.
-Me deixa alegre lembrando de mim Jones, principalmente que vim aqui em sua homenagem. É uma honra ter a minha visita não acha?! -disse Raios Estáticos com um sorriso malicioso nos lábios.
-Claro que é! Você é um grande homem para nós. Um cara que enfrenta esses heroizinhos de merda da cidade e trabalhou com os grandes. Sim, é o cara pra nós! -disse Jones esfregando as mãos em falsa humildade.
Raios Estáticos começou a andar e os capangas lhe abriram passagem com reverência e medo. O vilão os observou com cara de nojo pensando “Que monte de bosta tenho aqui”. Jones ergueu-se de sua poltrona acolchoada e a ofereceu para o visitante. Raios Estáticos não fez cerimônia e sentou colocando suas pernas em formato do número quatro. Os capangas continuaram olhando o centro do poder timidamente, onde agora se encontravam Raios Estáticos, o humilde e amedrontado Jones e o aterrorizado Barrett colocado em terceiro no comando pelo que sua mente calculava.
-Jones?! -disse Raios Estáticos que ficou alguns minutos decorando os rostos dos capangas usando seus poderosos olhos.
-Em que posso ajuda-lo?! -disse Jones quase se agachando.
-Fiquei sabendo que você tem uma menina no andar de cima. É verdade? Seu nome é... Eloíse! Filha de uma famosa bióloga. E sabe também que essa área de ecologia pertence a linha dos Keller? Sabe que poderia criar uma guerra entre os chefões por causa disso?
-Mas...
-Ainda tenta refutar as acusações?! -gritou Raios Estáticos mostrando irritação.
-Não é que...
-Que você pensou que poderia enganar um dos chefões do crime da cidade. Pensou que poderia enganar a família Keller também? Eu duvido que um líder de gangue possa ser tão burro! -disse Raios Estáticos imperioso.
Os capangas começaram a rir e Raios Estáticos os fez rir ainda mais os excitando com as mãos para envergonhar ainda mais Jones. Barrett estava quase desmoronando de medo e deu alguns passos em direção a parede lateral. Raios Estáticos o fulminou com seu olhar e o homem quase teve um ataque do coração, onde seus batimentos se elevaram assustadoramente. Jones curvou a cabeça assentindo em seus erros, então Raios Estáticos saiu de sua posição de rei e ficou mais alto que o sequestrador:
-Jura total lealdade a Patrick, Charles Jones?
Jones arregalou os olhos temendo perder a grana para seu contratante que obviamente não era o poderoso chefão Patrick e o dinheiro que pedira pelo resgate.
-Estou esperando Jones! -reclamou Raios Estáticos.
-Eu... -disse Jones interrompido pelos berros de uma menina e a voz irritante de Dingle:
-Chefe! A garota tentou fugir pela janela!
Os capangas tentaram calar Dingle, mas era tarde, pois Raios Estáticos ergueu seu punho, onde apareceu uma energia com uma cor próxima do violeta, então ela se dispersou pela região do braço e voltou ao punho quase que imediatamente. Uma esfera dessa energia rodopiou o punho de Raios Estáticos que lançou diretamente na cabeça de Dingle. O homem girou quatro vezes no ar, pois seu queixo recebeu o maior impacto até cair de buços perto da porta de entrada. Raios Estáticos emburrado acenou para os capangas recapturarem Eloíse que planejou correr para cozinha. Walters puxou um comparsa chamado Bohnen e deteram a jovem cada um usando uma mão, para a infelicidade do velho Darnell que foi o primeiro a ver o aceno do vilão. Seus olhos babaram com a espectativa, mas ficaram fugidios ante a derrota. Walters levou a menina ao centro do poder, onde Jones se tornou um mero espectro da imagem que era. Raios Estáticos analisou a menina com um olhar aparentemente doce, mas guardando um sentimento cruel, então disse para Walters:
-Segure-a bem! Ela é pequena mais é esperta. Se ela fugir irá morrer como o outro! -disse o vilão referindo-se a Dingle que teve seu pescoço deslocado diante do golpe energético. Raios Estáticos tem o poder de gerar e mandar cargas concussivas de seus punhos, sendo-lhe um poder antigo e que está completamente acostumado a usar, inclusive analisando direções e posições de seus inimigos.
-Jones estou esperando! Jure lealdade a Patrick!
-Raios Estáticos eu estou certo que podemos dividir os lucros dessa empreitada... -disse Jones com total desaprovação de seus capangas que se sentiram lesados diante da incompetência de seu chefe. Raios Estáticos esbofeteou Jones o jogando ao chão fazendo os homens rirem ao vê-lo pisar sobre as costas de seu derrotado chefe. Eloíse de irritada chegou a rir também ante a situação de seu primeiro captor, sentindo-se de certa forma vingada. Pensou em sua querida mãe “Ah mamãe, como eu quelia estar em seus braços! Ser abracada devagarinho como só ela faz e depois me confortá, estou tão sozinha aqui!”.
-Não existe negociação com fracos como você Charles Jones! A ordem deste mundo é a ordem do poder. Quem tem mais poder merece ganhar e sobrepujar os fracos e inocentes! -disse Raios Estáticos em um tom de voz macabro e criando sua energia quase lilás ao redor dos braços ameaçando atacar Jones ainda deitado. Os capangas tremeram diante do que estava para acontecer, mas Raios Estáticos abaixou o tom de voz e disse:
-Jure lealdade fraco?!
Era possível ver alegria nos olhos de Raios Estáticos ao humilhar e torturar Jones, mas teve uma surpresa ao sentir uma forte compressão no peito, então foi atirado sobre o corrimão da escada quebrando o material em sua queda. Raios Estáticos não acreditou que seu corpo foi atingido e não pôde sentir da onde veio o golpe. Os capangas assustados viraram para trás e encontraram dois homens, um usando uma roupa quase toda vermelha, mas muito ferido e ensaguentado e outro com roupa verde impecável e aparentando felicidade em seu sorriso sob uma máscara de carnaval verde com listras brancas.
-Eu não acredito... que salvei um bandido... da morte certa! -comentou o de roupa vermelha caminhando com dificuldade.
-É amigo. Há sempre uma primeira vez! -comentou o de roupa verde.
-Quem são? -disse Barrett.
-Não pôde ser! -gritou Morison.
-Mais é! Preparem-se! -gritou Bickford.
-Tornado e Mão de Fogo! -reclamou Raios Estáticos limpando a sujeira de sua roupa. -Vai ser um prazer enfrentar vocês... Me deixaram irritado!