domingo, 23 de janeiro de 2011

Capítulo 2: Conflito





O despertador soou loucamente na cômoda. Um jovem de cabelos pretos curtos e face livre de espinhas ou marcas da juventude se olhou no espelho à sua frente, localizado perto da cama. O lençol macio em sua pele o lembrava que estava em sua cama quentinha e o som dos pássaros o acordava para um novo dia. Olhou o despertador na cômoda que continuava seu barulho ensurdecedor, tocou no pino que o parava e levantou-se rapidamente da cama. Seus pensamentos vieram de sobressalto, onde viu imagens de homens com roupas chamuscadas e um cenário de destruição. O jovem cortou seus pensamentos tão rapidamente como eles o vieram, então seguiu cambaleante para o banheiro.
O jovem observou sua face limpa no espelho e pegou sua escova de dentes. Um som distante de gritos o acordou completamente, pois estava sonolento e ainda não queria erguer-se pra enfrentar o dia. O jovem parou para prestar atenção nos sonos que ouvia no outro lado da porta e sabia o que estava acontecendo, mesmo sem ver. Pensou, “De novo aquele maldito está se aproveitando dela. Não sei como ela pode se envolver com um homem como esse. Monstro!”.
Os sons aumentaram de intensidade e um forte estalido fez com que o jovem corresse para abrir a porta dos fundos de sua casa. Ao abrir os olhos fora da porta percebeu uma mulher caída à frente da porta de sua casa e um homem corpulento com os punhos cerrados ameaçando-a. A mulher erguia sua face timidamente tentando desviar os olhos da maldade que acontecia. O jovem ia falar algo para o homem, mas suas palavras ficaram presas na garganta, observou a mulher caída e sentiu um grande pesar. O homem gritou:
-Sua vagabunda! Olhando para aqueles caras! Pensa que não vi sua vadia? Você é minha e só minha!
-Por favor! De novo não! -disse a mulher em prantos.
-Não?! Então devia ter pensado nisso vadia, quando olhou pra aqueles rapazes! -disse o homem tirando o cinto que prendia sua calça. A mulher arregalou os olhos e cobriu a face com os braços. O homem nem hesitou em acertar-lhe o rosto, mas foram os braços que se machucaram. O jovem aturdido queria fazer algo, mas suas pernas não se mexiam e seus pensamentos se moviam para um conhecido ditado. “Em briga de marido e mulher não se mete a colher”. No entanto, tinha algo que sua mente se preocupava ante os golpes tortuosos do cinto. Era outro pensamento que massacrava seu coração: “Ele é um colega. Um policial como eu, um combatente do crime numa cidade tão injusta”.
-Então mulher? Aprendeu sua lição? -disse o homem com um sorriso malicioso.
-Sim! Eu entendi. Eu te obedeço e não faço mais...
-Não faz mais o quê? Eu quero ouvir direito!
-Não olho pra mais ninguém, só pra você... -disse a mulher em prantos e agarrando a calça do marido. O homem respirou fundo, ainda com seu sorriso nos lábios, acariciou os cabelos loiros da mulher e depois os puxou a levando para dentro. Nos olhos do jovem policial aquilo foi realmente triste, pois conseguiu perceber no último instante uma coisa que fez seu coração saltar, os pulmões chegaram a paralisar e seus sentidos iam sumindo, o chão lhe faltava e nas lágrimas derramadas por aquela senhora encontrou um sentido que nunca tinha visto em sua vida. A porta se fechou com um grande estalo e os olhos do policial ficaram vazios até seu celular tocar em cima de uma mesa.
-Alô?!
-Olá Dresden! Não vem trabalhar não? Você está atrasado!
-Droga! É mesmo! -disse Dresden olhando o relógio.
-Então?! Você vem pro distrito ou não? -perguntou o colega.
-Calma Florença! Eu ainda nem me arrumei direito. Mas bem que você poderia me adiantando sobre o caso de ontem.
-Adiantando como?
-Esqueceu do caso de ontem. Os homens quase incinerados pelo Mão de Fogo.
-Ah isso! O legista mandou o relatório, mas é o de sempre como você já sabe. Estamos tentando localizar a mulher que os vizinhos afirmam que foi salva dos dois bandidos. Mas até agora nada. -informou Florença.
-Então nem precisava me ligar não é? -disse Dresden.
-Claro que precisava! Passou do horário e já sabe como o chefe fica quando não vê que estamos todos aqui. O Segundo Distrito é um dos mais pacíficos e o chefão quer que continue assim. -disse Florença.
-Sei... -disse Dresden vestindo sua calça de trabalho.
-Tem outra coisa. Eu já estava me esquecendo. Sabe aquele caso que nós estávamos trabalhando na semana passada?
-Lembro sim. Não é o caso Marrou? -perguntou Dresden colocando sua camisa branca.
-Exatamente. Lembra das evidências do caso e de como o doutor Marrou está prestes a ser condenado pelo crime? -disse Florença.
-Os indícios apontam para ele. -comentou Dresden colocando um terno marrom.
-Só que temos um informante que pode mudar toda a história e o cara pediu para nos encontrar perto da casa dele. Pelo que podemos averiguar por aqui parece que o homem trabalha para um dos chefões da cidade. -disse Florença.
-Não gostei disso! Ta me cheirando a problema. -disse Dresden pegando suas chaves perto da porta.
-Eu também acho, mas é o nosso trabalho. E também podemos livrar um doutor inocente da cadeia. -disse Florença.
Dresden olhou para casa da mulher que fazia seu coração disparar como se estivesse dizendo adeus, abriu a porta do seu carro popular e entrou. Florença percebeu que o colega não respondia a seus apelos no celular. Dresden ainda perdido em pensamentos conflituosos com sua vizinha e amada deixou o fone pouco afastado da sua orelha. Dresden viu o homem corpulento sair para fumar indo se encostar num poste à frente da residência. A mulher apareceu na janela ainda derramando rios de lágrimas. O homem com extensas baforadas não aparentava a fúria de outrora e ao perceber o colega policial no carro resolveu acenar. Dresden fingiu não perceber o aceno, mas voltou atrás e deu um aceno enquanto ligava o carro. Florença quase desesperado gritou no celular:
-Dresden! Você ta aí, jovem cabeça de vento! Não me deixa falando sozinho!
-Foi mal Florença! Eu estava perdido em pensamentos.
-Depois você me fala desses pensamentos, vou desligar que o chefe ta se aproximando. Até nesse instante! -disse Florença desligando e dando paz para Dresden voltar a pensar em sua amada impossível. “Que destino cruel fez meu coração se interessar tão fortemente por essa mulher. Eu nem quero pensar nas consequências se tentasse me aproximar. Não tenho essa coragem toda para enfrentar um colega e ainda, talvez, ser ridicularizado entre todos os meus colegas. Florença e Nápole, meus companheiros de trabalho, poderiam me abandonar. Talvez fosse expulso da corporação por fazer isso. O homem é bem influente... Sei disso... E dá pena por isso também... É um homem cheio de possibilidades que poderia ter outras mulheres para encher e não se meter com a que estou apaixonado... Ah meu coração! Por que faz isso comigo? Logo agora... Isso nunca tinha acontecido... Logo por quem...”
Dresden dirige pelas ruas movimentadas da cidade, observa o correr das pessoas procurando sua vida em mais um dia de trabalho. No entanto, ele bem sabe, que muitos não vivem sua vida honestamente, procurando prazeres facéis e oportunidades futéis. As lojas ao passar pelo centro do Segundo Distrito estavam abarrotadas de donas de casa procurando as temivéis promoções, em alguns casos, os maridos desolados apareciam esperando num carro na esquina e tendo o cuidado de cuidar dos filhos inquietos que a toda hora perguntavam pela mãe. Dresden ficou feliz em não ser pai nesse momento. As facilidades da vida urbana realmente dominam a mentalidade das pessoas e em San Cristo está visão de vida pode estar ligada a uma visão de morte dependendo do bandido com que você se identifica. Dresden considerava até os heróis mascarados e vigilantes noturnos como vilões que tinha que combater para trazer justiça a San Cristo. Seus colegas sempre repudiaram sua desnecessária preocupação. Alguns colocavam-no como infantil e até radical, mas no fundo seu único objetivo era trazer paz e justiça a cidade onde morava, além de ser seu dever.
Dresden estacionou seu carro numa esquina próxima do distrito policial, caminhou quase uma quadra e entrou no prédio. Alguns policiais logo cumprimentaram o jovem detetive, pois apesar da pouca idade, era considerado brilhante e resolvia muitos casos complicados. Florença aproximou-se correndo e disse:
-Finalmente hein dorminhoco! Assim nós nunca poderíamos ver o informante.
-O Nápole está por aí? -perguntou Dresden encostando numa mesa.
-O Nápole foi resolver alguma coisa pro chefe, por enquanto somos só nós dois. Espero que já tenha acordado bela adormecida.
Dresden soltou um muxoxo e pegou uns papéis em sua atrapalhada mesa. Florença e outro colega que passava com um detento fizeram cara de nojo. Dresden fingiu não ver e Florença comentou:
-Como é, vai me contar sobre aqueles pensamentos que te perturbam ou vai deixar pra quando terminarmos com o informante.
-Acho que posso te contar no caminho.
-Hum! Não vejo a hora de saber...
-Nossa cara! Parece uma vovozinha fofoqueira! -comentou Dresden sorrindo.
-É sempre bom um policial ficar informado, inclusive sobre seus colegas. -respondeu Florença puxando Dresden pelo braço. Os dois policiais saíram do distrito e Florença o convenceu a encontrar o informante no carro dele. Os dois saíram em disparada pelas ruas de San Cristo e depois de quase duas horas chegaram ao Quarto Distrito, ou melhor, a parte lixo da cidade, onde se reúnem todos os piores tipos humanos que a consciência pode conceber. Os policiais sentiram um arrepio ao atravessar a fronteira que ligava os dois distritos. Florença comentou sobre um cara que havia uma chacina há alguns dias em rua que tinham passado. Dresden com os olhos fixos em tudo que se apresentava no horizonte temia uma emboscada. Florença foi o primeiro a desembarcar e também o primeiro a avistar o informante encostado numa viela. Dresden pensou “Mais um babaca que se entrega pros chefões e agora quer a mão da polícia para sair da fria”. Florença apertou a mão do indíviduo que usa um sobretudo preto e óculos procurando ficar disfarçado. Dresden repetiu o gesto do colega e apertou a mão do bandido que o olhou timidamente, fazendo-o lembrar de sua amada. Florença acordou Dresden de seus sonhos com um toque no ombro e disse:
-Vamos Blaster, nos diga tudo que precisamos saber!
-Bom caras, é o seguinte ta ligado! Eu vi os homens do Shelton conversando que a Companhia Nazi estava interessada em roubar os projetos do doutor Marro!
-É Marrou! -disse Dresden.
-Isso mesmo meu chapa! Esse cara aí. O doutor tinha que entregar os bagulhos pros Nazi senão isso ia custar a vida de alguém que ele gostava. Acho que já tão ligado no que rolou né?! -disse Blaster rindo.
-Sabemos da morte da esposa de Marrou. Aliás, todo mundo sabe com os jornais alardeando isso. -comentou Florença.
-É ótimo ouvir que estão trabalhando policiais! -disse uma voz distante.
-Quem está aí?! -perguntaram Florença e Dresden juntos e puxando seus revolveres.
-Isso é altamente desnecessário. Vocês policiais não precisam temer a mim. -disse o homem de terno preto e calça tweed que apareceu perto de Blaster.
-Ora se não é o detetive particular Hudson Carlton. O que está xeretando por aqui? -perguntou Dresden.
-Meus interesses como sempre. O senhor Marrou é meu cliente como já devem saber e é claro que não estou satisfeito de ver meu cliente pegar a pena de morte por um crime que não cometeu.
-Sua certeza é incrível detetive! -disse Florença sarcástico.
-Tem algo que nos ajude a salvar seu cliente? -perguntou Dresden.
-Ei caras! Peraí pô! Eu quero saber se ainda serei protegido...
-Cala a boca Blaster! -reprimiu Florença.
-Agora que nosso informante parou de berrar...
-Você disse “nosso”, Hudson?! -perguntou Dresden.
-Acho que escapou... -comentou Hudson vendo Florença agarrar Blaster pelo pescoço e o erguer sobre a parede: -Seu desgraçado! O que você andou falando pra ele hein?
-Nada mestre! Nada eu juro! -disse Blaster quase chorando.
-Larga o cara Florença. A única informação que ele deu foi a mesma que passou pra vocês. Que a Companhia Nazi está envolvida no assassinato da mulher do doutor. -disse Hudson olhando de soslaio para Blaster.
-Mas tem mais um detalhe caras! -gritou Blaster.
-O que é 171? Fala logo! -disse Florença.
-A Companhia Nazi contratou um especial pra fazer o serviço e acho que foi idéia dele jogar o barro pra cima do doutor. -disse Blaster.
-Sabe que é esse especial em questão Blaster? -disse Hudson.
-Nós que deveríamos fazer essa pergunta Hudson! -disse Dresden.
-Todos nós estamos em busca da mesma coisa policial Dresden. A verdade e a justiça não é? -disse Hudson fazendo Blaster soltar uma gargalhada e receber um soco lateral no rosto. Florença sorriu animado e Dresden fingiu não ver.
-Fala Blaster senão podemos deixar o Hudson descontar mais da raiva dele em você. -disse Dresden.
-Ta certo caras! Eu falo, mais eu quero ser protegido...
-Sabemos do nosso trabalho. Agora fala?! -disse Florença.
-Acho que contrataram o Ceifador. -disse Blaster arregalando os olhos para Hudson.
-Malditos! Logo esse! -espantou-se Dresden.
-O Ceifador é um dos piores especiais conhecidos. Quase não tem escrúpulos e mata por pouco. Perigoso demais para ficar entre os cidadões, mas não é fácil encontra-lo e muito menos dete-lo. Só que eu irei encontra-lo! -disse Hudson caminhando para as sombras de onde havia saído. Blaster respirou aliviado. Florença boquiaberto temeu um possível confronto com o Ceifador. Um celular tocou e Dresden o atendeu. Florença conseguiu ler nos olhos do colega que era algo grave.
-Florença temos de ir! Um banco foi assaltado pelo Incêndio e ele está confrontando os policiais do nosso Distrito. O chefe ordenou a gente ajudar.
-E quanto a mim pô?! -disse Blaster.
-Fique ligado, se esconda e tente não morrer falou! -disse Florença dando um “tchau” e seguindo para o carro popular de Dresden. Blaster quase desmaiou e ficou pasmo. Os policiais acenaram do carro e foram embora. Florença pensou de que forma Hudson Carlton encontraria o mercenário Ceifador. Dresden pensou em sua amada e no fato de não ter falado nada ainda para seu colega de trabalho.
Os dois policiais ao chegarem próximo da área do banco atacado viram um cenário de imensa dor, onde as pessoas corriam enlouquecidas para todos os lados, crianças chorando nos colos das mães, pais abraçados a seus filhos, policiais feridos pedindo socorro, outros rolando no chão para escapar das chamas, alguns dentro de ambulâncias espalhadas nas ruas posteriores a desordem. Dresden boquiaberto não teve nenhuma reação a gritaria, já Florença olhava a tudo com um ar perdido, como se estivesse em outro Mundo que não a sua San Cristo. Dresden resolveu sair do carro e Florença depois de alguns segundos de hesitação o seguiu. Dresden encontrou Nápole atrás de uma barricada de concreto e através dela pode ver o temível Incêndio com seus braços extendidos e jorrando lança-chamas sobre tudo que passava à sua frente. Incêndio usa uma camisa vermelha de malha com desenhos da cidade de Roma antiga destruída por um incêndio, calça laranja com uma linha distorcida na vertical para dar uma impressão de uma grande fogueira, cinto branco e luvas marrons feita de material especial que aguenta altas temperaturas.
-Droga Nápole o que esse cara ainda ta fazendo aí? -perguntou Dresden.
-Parece que ele está destruindo tudo, porque não o deixamos sair de perto do banco.
-E há reféns com ele? -perguntou Florença.
-Que nada! Ele os dispensou dizendo que era para ficar mais divertido e depois incinerou a maioria pelas costas. Aí começamos a atirar, mas ele revidou e matou vários de nós, sem contar os feridos.
-Eu vi lá atrás e fica cada vez pior! -disse Dresden.
-O fogo dele não acaba nunca?! -disse Florença.
-Pior que não! -comentou outro policial que passou correndo para salvar uma menina de ser consumida pelas chamas.
Incêndio gargalhava com seu cenário de horror. Os policiais corriam para salvar quem podiam atuando como os heróis que ele esperava que fossem para depois queima-los por atrapalhar sua diversão. Balas voavam em sua direção, mas uma cortina de calor que concentrava ao redor do seu corpo o protegia dos projetéis. Sentia que ao seu redor tilintava o barulho das metralhadoras e até uma bazuca liberava algumas balas para lhe derrotar, mas nada poderia funcionar. Os policiais de repente cessaram o ataque. Florença perguntou:
-O que está acontecendo? Por que pararam de atacar o monstro?
-Não sei Florença, deve ser alguma ordem superior. -disse Dresden.
-Não acredito que seja isso, mas se eles pararam o motivo deve ser importante e foi o suficiente para chamar a atenção do vilão. Olhem só o palanque! -disse Nápole.
-O que diabos está acontecendo?! Não vamos continuar a diversão? -perguntou Incêndio como se tivesse lhe tirado um brinquedo importante.
-A diversão acabou Incêndio! Agora está na hora de pagar pelos crimes que cometeu! -gritou uma voz no interior da fumaça.
-Ah não! Um idiota mascarado! Quem será dessa vez... -disse Incêndio.
-Eu. O Extremo 8!
-Muito corajoso herói! Prepare-se para ser queimado! -gritou Incêndio concentrando seus dois lança-chamas sobre o herói. Extremo 8 desviou rolando no asfalto, concentrou sua mente fechando seus olhos por frações de segundo, colocou um punho para frente e lançou um disco energético no formato do número 8. Incêndio pressentiu o ataque e escapou com um movimento ágil para uma parte superior do teto do banco despreendendo algumas camadas de concreto. Extremo 8 correu para o vilão enquanto este lançava mais baforadas de fogo sem sucesso. Incêndio saltou sobre Extremo 8 de modo a ficar mais fácil de mirar, mas fez exatamente o que o herói esperava, pois se jogou ao chão e usou as pernas como apoio para barriga de Incêndio o lançando na rua.
-Jogada esperta Extremo! Mais não foi o suficiente! -gritou Incêndio mandando outra rajada de fogo.
-Vai precisar mais do que o fogo da sua ira para me derrotar Incêndio. -disse Extremo 8 destruindo o ataque com um disco energético. Incêndio rangeu os dentes e mandou mais um golpe que foi habilmente defendido pelo Extremo 8 com uma cambalhota. Incêndio caminhou para o herói procurando fechar o cerco. Extremo 8 esperou pacientemente, escapando dos ataques com saltos laterais. Incêndio sentiu sua chance de vencer ao ver o inimigo usar a mesma tática, no entanto, algo em seu íntimo duvidava da facilidade do que pretendia e por isso tentou algo mais ousado como mirar a cabeça de Extremo 8. O herói aproveitou a deixa e mandou um disco energético nas pernas de Incêndio que viu o mundo de cabeça para baixo duas vezes no ar antes de cair de buços no chão. Extremo 8 mandou outro disco energético do punho e acertou o toráx de Incêndio que procurou se levantar, mas o golpe o levou ao longe arrastando-o no asfalto. Extremo 8 respirou aliviado e olhou o cenário de destruição balançando a cabeça negativamente, mas depois ao olhar uma criança voltando aos braços da mãe depois da guerra de fogo se sentiu renovado. Dresden prestou atenção nas feições cobertas por uma máscara branca com um 8 preto desenhado que cobria todo o rosto do herói e percebeu algo sobre si mesmo. Notou que precisava lutar como ele independente do estrago que acontecia, pois só assim se atinge a verdadeira felicidade.
-Terra para Dresden? -disse Nápole.
-O que foi? -perguntou Dresden aturdido.
-Acabou. O Extremo deu uma lição nele e já o colocamos na chave. -disse Florença indo ajudar algumas pessoas.
-Precisamos agora só ajudar essas pessoas e os enfermeiros e limpar essa bagunça. -disse Nápole.
-Acho que o Extremo 8 fez o trabalho todo pra nós hein! -disse um policial passando por Nápole.
-Como sempre os heróis aparecem nas horas certas. -comentou outro policial.
-E quando é a hora certa? -disse outro policial franzino.
-Na hora de evitar um grande estrago. -disse o segundo.
-Acho que tenho que evitar um grande estrago Nápole...
-Do que está falando Dresden? E esse olhar de cachorro morto?
-Preciso fazer a minha vida valer a pena e a de outra pessoa também... -disse Dresden empurrando Nápole e indo para seu carro. Nápole gritou em vão pelo colega, pois esse estava em outro Mundo. Florença e mais dois policiais se aproximaram e Nápole disse:
-Acho que foi difícil para o garoto ver tanta morte. Deixem ele.
Dresden pegou seu carro e voltou acelerando pra casa, ignorando os sinais vermelhos, passando como louco pelas estradas até chegar em sua vizinhança. Olhou rapidamente para sua casa e depois para vizinha e desde já ouviu os prantos de uma mulher e os gritos tortuosos de um homem. Andou para casa vizinha, arrombou a porta com um chute e viu o colega policial tentando queimar a mulher com o ferro quente. O homem nem teve chance de reagir, pois sentiu um poderoso soco o jogando sobre uma mesa. A mulher arregalou os olhos enquanto chorava. Dresden apontou o dedo para o homem e disse:
-Você nunca mais vai tocar nela seu nojento! Nunca mais!
-O que você... O que você fez?! -disse o homem.
-Se você se aproximar dela de novo eu te coloco na cadeia pra sempre ta me ouvindo. Sei que os vizinhos aqui vão adorar depor contra você! -disse Dresden.
-Peraí colega não precisa tanto... Eu só tava exemplando essa vaga...
Outro soco acertou o rosto do homem que ficou ensopado de sangue. A mulher deu outro grito de pavor, mas algo em seu íntimo explodia em alegria. Dresden olhou para o homem e disse:
-É só um aviso!
Dresden mudou seu olhar de fúria para delicado para mulher e disse:
-Vem comigo que te mostrarei o que realmente significa amar.
A mulher ergueu-se sendo apoiada pelo jovem policial e seu coração bateu tão forte como nunca tinha batido na vida e pela primeira vez sentiu-se viva quando passou pela estreita porta que sempre sonhou deixar, mas nunca houve luz que lhe mostrasse um caminho.


FIM

sábado, 15 de janeiro de 2011

Os Guardiões


Capítulo 1: Mão de Fogo

   A lua cheia nos céus brilha sobre a cidade imponente, uma área de prédios altos e grandes arranha-céus, o coração econômico e pulsante da cidade que se torna pela madrugada um local de extrema maldade e putrefação. Homens em capuzes negros assolam a multidão de cidadões inocentes os obrigando a fugir constantemente, elevados em medo e solidão. A noite é dos bandidos, o dia, dos homens ricos e poderosos da metrópole que desfilam em carros de luxos mostrando seu poder e superioridade. Mas além dos problemas comuns, San Cristo, capital do governo do país concentra o maior número de pessoas muito especiais que acabaram por controlar várias áreas da cidade e em uma dessas áreas, um homem de roupa vermelha perscruta com um olhar frio o movimento da noite:
Cada dia que passa essa cidade fica mais podre. Os homens esqueceram noções simples de honra e humildade e passam a humilhar cada vez mais seus semelhantes. Tanto tempo de luta e nada muda. Tantos heróis e tantas boas pessoas sofrem nesse lugar e... talvez em todo Mundo. A vida parece mais difícil, mas o jeito é continuar lutando”.
Dois homens passam correndo por uma rua estreita. O homem de roupa vermelha observa atentamente. Os homens com faces cobertas por meias semi-transparentes deixam seu sorriso a mostra, com lábios cheios de maldade procurando uma vítima para fazer sofrer. O homem de roupa vermelha desce alguns degraus no prédio onde está instalado. Os homens ganham o dia ao encontrar uma bela jovem caminhando com receio em cada passo. A mulher treme ao ver os lábios sorridentes dos homens. Os dois erguem suas mãos como se fossem afanar todo o corpo da vítima. O homem de roupa vermelha move seus lábios também, mas nestes não há o resquício da maldade e sim a boaventura do que considera como justiça. Um dos homens chama a jovem com um movimento do dedo. A jovem balança a cabeça com um “não” reprimido. Os homens se olham rapidamente, o sorriso de crueldade aumenta e calmamente voltam sua visão para mulher à frente. O homem de roupa vermelha desceu mais alguns degraus no prédio e já possuía visão privilegiada da cena abaixo. Um dos homens diz:
-Ah docinho! Não vejo a hora de ter!
-E ainda vamos rouba-la! Vamos sim! -disse o outro com a voz uma estranha. O homem de roupa vermelha apenas sussurou para a noite: -Retartado! O primeiro homem continuou a provocar a jovem:
-Ah neném! A festa hoje vai ser boa!
-É muito boa! Muito boa!
-Não! Por favor! Não façam! Eu dou tudo que tenho, as joías, o dinheiro, só me deixem ir! -Claro que não docinho! Vamos fazer tudo que quisermos e você vai ficar caladinha! -disse o primeiro homem dando uma gargalhada.
-Não...
-Sim sim! -disse o retartado.
O homem de roupa vermelha analisou os dois homens; o primeiro é corpulento, mas não parece ter grande força física, apesar da gordura, o rosto estava irreconhecível por causa da meia; o segundo é tão franzino que para sobreviver nas ruas era provável que tinha alguma habilidade especial ou estava sendo protegido por alguém mais forte. O homem de roupa vermelha percebeu que o segundo tinha uma faca a tiracolo de uma lâmina extremamente afiada e deveria ser ágil com ela, pois foi o primeiro a partir pra cima da jovem e a segurou pelos braços. O homem corpulento com as mãos sôfregas de vontade arrancou parte do colete da jovem expondo seu sutiã. O franzino ficou tão contente que afrouxou um pouco a força nos braços e a mulher conseguiu reunir energia para dar um chute na perna do corpulento.
-Sua maldita! Vai me pagar por isso! -disse o corpulento dando duas tapas no rosto da mulher. Ela começou a chorar e sentiu vontade de urinar com o medo que subia em seu corpo.
-Ah docinho! Chora que eu gosto tá! -disse o corpulento começando a abrir sua calça. O franzino soltou uma gargalhada fina e balançou seus cabelos de caracol ao vento. A mulher deu outro chute na perna do corpulento que imediatamente ergueu seu braço para açoita-la. O homem de roupa vermelha pegou o braço do homem e disse:
-Não sabe que não se bate numa mulher nem com uma rosa!
-Caia fora idiota e larga meu braço! -gritou o corpulento tentando se livrar, mas a mão do inimigo era forte para faze-lo começar a ficar com medo, mas fez de tudo para não demonstrar.
-Eu terei que punir vocês dois! -disse o homem de roupa vermelha.
-E quem diabos é você?! -disse o franzino.
-Não estão me reconhecendo mesmo? -disse o homem de roupa vermelha se deixando pela primeira vez se iluminar completamente na Lua cheia. Os homens tremeram de medo. O franzino largou a mulher rapidamente e o corpulento caiu para trás começando a fechar o zíper da calça. O homem de roupa vermelha sorriu e disse:
-Agora eu acho que entenderam o que vai acontecer.
-Não! Por favor não! Não faça isso, Mão de Fogo!
-Falaram meu nome! Finalmente! Pois é, eu sou o Mão de Fogo! -disse o homem de roupa vermelha erguendo sua mão direita aos céus como se fosse roubar energia da própria luz da lua, sua mão começou a brilhar e faíscas de chamas fugiam fatalmente pelo vento. Os homens arregalaram os olhos com o show pirotécnico. Mão de Fogo virou seus olhos negros cobertos parcialmente por sua máscara para a jovem:
-Eu acho que a dama não vai querer ver esse espetáculo.
-Muito obrigado! Muito mesmo! -disse a mulher correndo para saída da estreita travessa.
-Onde estávamos?! -disse Mão de Fogo esquentando seu olhar sob os homens aterrorizados até a alma, pois fundo imaginavam o pior.
Os dois homens correram por suas vidas e Mão de Fogo apenas pensou: “Atacar pelas costas não tem graça e não é digno de nenhum herói”. Os homens continuaram sua corrida, mas para surpresa deles o jovem combatente da justiça apareceu à frente com um falso sorriso nos lábios. Mão de Fogo ergueu suas mãos aos céus novamente e lançou um poderoso lança-chamas sobre o toráx do corpulento o erguendo do chão e o levando até uma parede a longa distância. O impacto fez a parede ruir e rachar ao longe. O corpulento desmaiou jogando sua língua para fora e caiu como se seu corpo tivesse todos os ossos quebrados. O franzino retirou sua faca e mostrou para o herói. Mão de Fogo nem hesitou em dar um chute com sua perna esquerda e mandar a faca pelos ares. O franzino ficou tão assustado que nem conseguiu reagir e ao ver sua faca tilintar no asfalto voltou a desvairada corrida. Mão de Fogo ergueu sua mão direita aos céus pedindo a benção da Lua cheia e acertou um forte lança-chamas nas costas do franzino. O magro corpo saltou pelos ares e foi visto por uma espectadora e sua família numa janela. A família tinha medo do Mão de Fogo, mas ficaram felizes ao verem o homem mau cair de cara no asfalto. O franzino com as costas chamuscadas chorou e sentiu que várias partes do seu corpo estavam com ferimentos sérios. A queimadura nas costas certamente era de terceiro grau e o Mão de Fogo se assegurou de aquecer o suficiente para isso. Uma sirene soou ao longe e Mão de Fogo subiu pelo prédio onde descera passando rente as cabeças da família que assistia a batalha da vida.
Policiais apareceram na rua estreita e encontraram os dois bandidos que eram procurados por dezenas de estupros seguido de morte, mas os dois homens rezavam para ir para cadeia e não encontrar de novo aquela mão cheia de chamas. Um dos policiais gritou:
-Essa área aqui não é controlada por aquele bandidão do Rosas?
-E cara! Nem chama que ele pode acabar aparecendo. -disse um jovial policial.
-Acho que não Dresden, pois esse cara é metido em vários negócios escusos e importantes que não vão fazer ele aparecer na rua para cuidar de bandidos enlouquecidos. -disse outro policial com uns quilos a mais.
-O Rosas é ardiloso além de ser um dos caras mais duvidosos com poderes nessa cidade. -disse o primeiro policial que possui um bigode raso.
-Sei não Florença! O Rosas é estranho e chegado a comunidade gay, mas não deixa de ser perigoso. -disse Dresden.
-E eu disse o contrário?! -disse Florença.
-Você não ficando sozinho com ele para ver o que acontece é que não pode acontecer. -disse o primeiro policial. Os policiais soltaram uma gargalhada.
-Muito engraçado Nápole! Deveria ser comediante! -reclamou Dresden.
-Você sabe bem que o Rosas é chegado a um menino forte assim como você... -disse Florença.
-Já chega dessa história! Eu que não quero chegar perto desse meliante. -disse Dresden.
-E se precisar? As vezes o dever nos chama! -disse Nápole.
-Não vou precisar, pois esse cara nunca vai ser pego. O Rosas como você disse é ardiloso e dificilmente o pegam fazendo coisas erradas. Só enfrentamos seus capangas. -comentou Dresden.
-Nisso você tem razão. Dizem por aí que ele pretende expandir sua área de atuação. Acho que planeja controlar todo o segundo distrito. -disse Nápole.
-Impossível! -exclamou Florença.
-Foi o que me disseram. -comentou Nápole.
-A fonte é confiável? -perguntou Dresden.
-Todas as minhas fontes são confiavéis, eu não comecei agora garoto, estou nessa a quase vinte anos. -disse Nápole.
-Ta certo vovô! -disse Dresden rindo. Florença acompanhou a gargalhada.
-É melhor ser vovô do que namorada de gay! -respondeu Nápole. Florença novamente riu, mas Dresden e Nápole se encararam seriamente. Como Florença ainda morria de rir começou a chamar atenção de outros policiais de menor escalão para conversa. Nápole e Dresden disseram ao mesmo tempo:
-Cala essa boca Florença!
Florença amuou envergonhado. Dresden percebeu que o fotógrafo da policia técnica já tinha retirado todas as fotos necessárias e estava partindo. Nápole foi verificar os danos estruturais aos prédios. Florença chamou alguns colegas e começou a contar sua versão do ocorrido. Mão de Fogo que observava de camarote a ação dos policiais escondido atrás de uma estátua no topo de um dos prédios achou a história bem diferente do que acontecera. Porém, achou algumas informações valiosas de um odiado inimigo. Rosas estava querendo expandir seus domínios novamente e lembrou-se que da outra vez isso custou várias vidas. Os três policiais voltaram a se juntar:
-Contei para o pessoal o que achei que aconteceu aqui. -disse Florença.
-Tenho medo de suas suposições Florença. -comentou Nápole.
-Histórias nada confiavéis! Nem olhe com essa cara que não queremos ouvir! -disse Dresden.
-E também quero falar sobre outra coisa importante. -disse Nápole.
-O que é? -inquiriu Dresden.
-Acho que estamos sendo observados. -comentou Nápole.
-Pelo Mão de Fogo? -disse Florença.
-Não só por ele. Sinto que tem mais alguém na parada. -disse Nápole.
-Não existe uma ordem de prisão para o Mão de Fogo? -perguntou Dresden.
-Existe! Mas que idiota ia querer enfrentar o cara. Dos heróis malucos que apareceram nessa cidade, ele é um dos piores. -disse Florença.
-Quase sempre mata os bandidos que encontra ou caça. Por isso há várias ordens de prisão contra ele. -disse Nápole.
-O aparecimento dele se deu por volta de dois anos atrás e começou como a maioria. Combatendo pequenas gangues de ruas que procuravam manter seu domínio nas noites frias de San Cristo. -disse Florença.
-É claro que não demorou a evoluir e pegar bandidos grandes como políticos e magnatas. Alguns traficantes estão na sua lista de derrotados também. -disse Nápole.
-É, mas ele se deu mal quando enfrentou aquele maluco do Zeus. Perdeu a luta em praça pública e desapareceu por semanas. Várias áreas que eram limpas de crimes por sua presença voltaram a ficar infestadas. -disse Dresden sorrindo.
-Esses heróis são malucos, mas acabam protegendo a cidade mais do que imaginamos. -disse Nápole rascunhando os céus e aproveitando para observar os tetos dos prédios na tentativa infrutífera de localizar o herói.
Mão de Fogo ao ouvir o nome Zeus estremeceu. Olhou ao redor com um olhar vazio e perdido num mar de lembranças que remontavam a uma montanha de dor e raiva. Seu coração acelerou com os pensamentos que sobrevieram a mente. Sua vontade começou a beirar o limite e por isso soltou um forte soco na parede ao lado. Mão de Fogo sentiu vontade de chorar e ao mesmo tempo queria esmagar a estátua a seu lado apenas para aliviar o peso que seu coração teimava sentir, e sabia que de tudo que sentia, a raiz se encontrava na culpa e no fato de ter falhado. Mão de Fogo se preparou para acertar outro soco na rocha, mas seu golpe foi bloqueado por uma mão espalmada. O herói de roupa vermelha olhou atenciosamente para frente e viu um amigo.
-Não devia se punir tanto meu amigo.
-Não estava lá para saber do meu sofrimento! -disse Mão de Fogo.
-Somos heróis, mas você sabe bem que não somos onipotentes ou invencíveis. Somos homens que tentam lutar por um futuro melhor. -disse o amigo.
-Bom, Raio, não sou como você e isso é um fato. Mas compartilho algumas de suas idéias. O que nos aproxima como heróis é verdade, no entanto, as nossas ações geralmente poderiam nos colocar como inimigos. -disse Mão de Fogo.
-Espero que isso não aconteça brother! -disse Raio.
-Nem eu. Mas os tempos ficam cada vez mais dificéis. Sinto que perco o controle a cada dia. Sinto mais vontade de punir os bandidos os mandando para o Inferno do que os deixando vivos. -disse Mão de Fogo.
-E sua consciência depois pesa com a morte desses infelizes. Indo por esse caminho apenas quem se perde é você. -comentou Raio.
-Mas ele não tem volta amigo. Depois que você mata uma vez, a segunda sempre é mais fácil. E aí começa o ciclo de mortes que nos leva a um tenebroso fim. -disse Mão de Fogo recostando na parede.
-Sei que ainda sofre com aquela derrota...
-Eu acho que não quero falar disso...
-Bom brother! Temos de falar disso e o motivo é mais simples do que imagina.
-Como assim?!
-Ele voltou.
-O Zeus voltou? Pensei que ele tinha perdido a memória...
-Mas voltou amigo. E agora vai querer continuar seu sagrado trabalho de matar todas as pessoas honestas da cidade. -disse Raio demonstrando preocupação na face coberta por uma máscara de cor amarela e azul.
-Meu Deus! Espero que não aconteça outra chacina! Só de me lembrar já me sinto enjoado. -comentou Mão de Fogo.
-Foi pura crueldade o que ele fez. Sei disso. E por isso vim falar com você para nós impedirmos outro massacre. -comentou Raio.
-Só que também tem o Rosas. -disse Mão de Fogo.
-É mesmo! Você falou bem, estamos em seu território. O que tem ele?
-Parece que vai expandir seus dominios e começar outra guerra.
-Assim nunca teremos paz! -reclamou Raio.
-Estou me prejudicando no trabalho também com essas andanças noturnas. Está ficando insuportável ser uma pessoa normal pela manhã e um herói pela noite.
-Está dormindo pouco? -perguntou Raio.
-Muito pouco. Quase nada.
-E agora temos duas guerras prestes a começar. E nem sabemos como anda o resto dessa grande cidade. -disse Raio.
-Isso que dá entregar poderes as pessoas. Qualquer tipo, não importa se é de um acidente como o nosso ou se é espontâneo, e nem mesmo o poder das pessoas comuns, todos tem em comum o fato de corromperem a alma das pessoas.
-E para lutar por um Mundo melhor, ou pelo menos, por uma cidade melhor que nos juramos um dia sermos... Os Guardiões da Liberdade.
-Já faz tempo que não nos reunimos não é? -disse Mão de Fogo.
-É. Os Guardiões começam a ser esquecidos e somos vistos cada vez mais individualmente. Isso só aconteceu, pois os vilões se fragmentaram demais e nós também. -disse Raio.
-É incrivel como a cidade dos cinco distritos ficou ainda mais dividida e mais perigosa. -disse Mão de Fogo se levantando.
-Por isso que temos de continuar. Nós fazemos uma diferença. Eu sei disso. Aqueles policiais sabem disso. Os bandidos que você quase incinerou também. Mas será que você sabe?
Os dois vigilantes ficaram observando o trabalho dos policiais enquanto a madrugada adentrava a escuridão.

FIM