quarta-feira, 30 de março de 2011

Capitulo 12: O Taxista e a Determinação de um homem




Capitulo 12: O taxista e a determinação de um homem

Marcus Rivera é motorista de táxi a dez anos e conhece quase toda a San Cristo, inclusive seus becos escuros e a mais profunda podridão humana que ali se instala. Seu roteiro definido pela empresa é um dos mais temidos pelos taxistas em geral. O trajeto entre o Segundo e o Quarto Distrito, ou melhor, o trajeto da área quase rica para a mais nojenta, onde se predomina a vontade de cafetões, traficantes, bandidos menores e vilões poderosos que vão além da imaginação em sua maldade. Marcus como um bom cidadão sabia puxar o carro quando via problemas deixando muitos de seus clientes na mão na hora de um assalto ou de um ataque, pois no fundo sentia a necessidade da sobrevivência e pensava em sua família, sua esposa e seus dois filhos. No entanto, para aliviar suas dores utiliza seu pobre dinheiro para comprar bebidas nas noites em que não trabalha e dessa forma relaxar a mente em bares escondidos. Seu preferido é o Bar da Princesa, onde costuma tomar seus drinques com seus amigos, pois é uma área protegida por vários heróis e assim se sente seguro.
O taxista sentado em seu carro resolveu fumar, enquanto isso observou as pessoas que passavam pelas ruas sob o luar do segundo distrito da cidade de San Cristo. Seu olhar rápido acostumado com a direção virou para um grupo de mulheres bem maquiadas e com roupas vulgares arrastando jovens de terno e gravata para uma esquina. Marcus já sabia o que ia rolar e se excitava imaginando as cenas, pois em casa sofria a rejeição da mulher sempre tristonha e ligada em seus afazeres domésticos. Pensou “Que se dane! Tenho vontade mesmo de pegar uma vadia e me divertir! É meu direito como um homem droga!... Mas tem as crianças, tenho de pensar nelas também... Mas pensando nelas é isso que um homem faz, precisa gastar suas energias e o sexo é a única forma de satisfação plena. Se minha mulher não quer, outras com certeza irão querer!”. Marcus respirou fundo e tentou abandonar tais pensamentos delituosos, até porque entrou um cliente e resolveu prestar atenção nele para ver se não era um ladrão. Notou ser um homem de boa aparência, jovem da casa dos vinte anos, cabelos pretos lisos curtos com um creme por cima, perfume de shopping parecia cobrir seu paletó e percebeu que tinha modos ao ver como fechou delicadamente a porta do táxi.
-Pra onde chefia?!
-Quarto Distrito! -disse o homem com uma voz que soou um tanto desesperada.
Marcus sentiu apreensão na voz do homem e continuou olhando para trás para ter certeza do destino, a qual o homem acenou com a mão mandando puxar o carro. O taxista ficou observando o jovem pelo retrovisor e pensou em seu filho “Ah Lucas não vejo a hora de você chegar nessa idade e sair pra pegar suas garotas. Se divertir como na época de seu pai, isso sim seria bom, mas do jeito que está indo estou começando a me preocupar. Não quer sair com nenhuma garota e anda com aquele menino estranho... Deus! Estou desconfiando da masculinidade de meu menino, mas se ele... se ele sequer pensar em ser isso... eu o mato. Não vou agüentar essa vergonha!”.
-Cuidado cara! Não vá nos matar hein! -gritou o jovem ao ver que o taxista quase deixou o carro bater numa Van que passou em alta velocidade numa transversal. Marcus resmungou de modo a dizer que sabia o que estava fazendo, mas o jovem não ficou convencido e segurou fortemente a porta ao seu lado. Marcus sorriu levemente ante o medo do rapaz, mas sua delicadeza fazia lembrar vagamente seu filho Lucas de apenas dezesseis anos. Com o filho em mente pensou em sua filha, Maria, que estava prestes a fazer dez anos e é a princesinha da família, onde todos a protegem e fazem suas vontades, porém temia seu crescimento como qualquer pai muito zeloso e assim imaginava um tipo de homem que poderia agradar sua filha e não desagrada-lo.
Marcus fez um retorno de modo a penetrar no Quarto Distrito e imediatamente fez o sinal da cruz como se estivesse próximo de uma Igreja, em sua mente saiam as mais diversas e confusas orações. O jovem no banco de trás apertou uma das mãos sobre a coxa e olhou ao seu redor como se estivesse em uma selva. Marcus não via muita diferença entre uma selva e o distrito mais perigoso da cidade, onde a morte e a dor estavam à espreita em cada esquina e os heróis quase não entravam diante de tantos inimigos. O táxi ao entrar numa rua com pouca iluminação deu sinais de que ia dar algum problema. Marcus percebeu o problema e acelerou o carro dando em uma rua mais larga, onde encontrou curiosos espalhados pela rua e um cenário de grande destruição, onde percebeu um hidrante jorrando água, duas imensas crateras abertas no asfalto, algumas casas sacudidas por uma força intensa como se tivesse passado um furacão. O jovem no banco de trás tremeu com a situação que surgiu diante de seus olhos e levou às mãos a boca. Marcus cochichou:
-É assim mesmo chefia! Aqui acontece direto brigas assim. Se bem que essa parece que envolveu gente importante...
-É melhor você ir pra outra rua não...
Uma cortina de terra pareceu surgir à frente do carro e um homem com tesouras no lugar dos braços mostrou sua ameaçadora face encarando o táxi de frente. O jovem no banco de trás tentou gritar, mas a voz faltou em sua garganta. Marcus girou o carro desviando do perigoso homem de olhos acinzentados. As tesouras em seus braços reagiram ao movimento do carro e desejaram fatia-lo imediatamente. Marcus reconheceu o vilão conhecido como Cortador e sentiu um calafrio na espinha, porém para sua sorte, o vilão ignorou completamente o carro e caminhou para perto de uma das crateras. Marcus saiu do carro querendo vez mais sob os protestos do jovem do banco de trás. Cortador aproximou-se de um corpo deitado no asfalto revolvido por terra e pedaços de pedra, onde surgia sangue ao seu redor que brotava do corpo como um rio. Marcus percebeu uma mulher em estado de choque próxima ao local e reconheceu ser uma prostituta, seus olhos rapidamente viraram para o corpo do homem de roupa vermelha. Cortador ergueu uma de suas tesouras e disse:
-Hora de morrer herói maldito!
A tesoura de Cortador tinha como objetivo separar a cabeça do corpo do jovem guerreiro derrotado. Marcus em algum lugar de seu ser queria impedir aquela cena se sentindo impotente. O jovem que estava no banco de trás saltou para fora e desapareceu entre os curiosos. Marcus virou para vê-lo por alguns segundos, mas ao voltar sua atenção para o Cortador e suas tesouras de carne no lugar dos braços notou que havia outro ser em pé ao seu lado. O homem de roupa vermelha começou a tentar se levantar. Marcus reconheceu o herói Mão de Fogo e arregalou os olhos diante de seu estado lamentável. Cortador parou sua tesoura no ar no momento em que ia decepar a cabeça do herói e resmungou palavras incompreensíveis para si mesmo. O homem ao seu lado possui belos olhos azuis, fúria ao balançar seus longos cabelos negros lisos e um rosto marcado por um queixo fino. Cortador falou com ele em tom de desprezo:
-Parece que nosso chefinho temporário nos mandou ir.
-Droga! Logo agora que a gente ia eliminar esse safado! -gritou o homem de olhos azuis demonstrando em seus olhos todo o fogo que o faz ser conhecido em toda San Cristo como Fogo Grego.
-Ei Albatroz! Você ouviu isso? -perguntou Cortador.
-Pior que sim! Então vamos voar?! -disse Albatroz que é um homem com quase 3 metros de altura, com olhos negros, pele branca de alguém que raramente tomou um pouco de Sol, cabelos pretos curtos crespos e arrepiados para o alto e o mais incrível de tudo é que tem asas proporcionais ao seu corpo em suas costas. Fogo Grego fez uma cara de desprezo com a idéia e Cortador soltou um sorriso sarcástico para Mão de Fogo tentando erguer-se.
-Parece que é seu fim de qualquer jeito Mão de Fogo. Prazer enfrenta-lo! -disse Cortador passando sua tesoura sobre o tórax do herói.
-Também acho que ele vai morrer, mas queria estar aqui pra ver. -disse Fogo Grego tocando seu queixo fino desconfiado.
Albatroz abriu suas longas asas e saiu de sua posição velozmente apenas para pegar Cortador e Fogo Grego. Os dois arregalaram seus olhos de temor com a altura enquanto os três saíam de cena voando sobre os casebres do distrito. A prostituta correu para ajudar Mão de Fogo e outros curiosos iam fazer o mesmo, mas uma voz imperiosa os parou:
-Eu cuido dele a partir de agora!
-Ora se não é o Tornado... Chegou meio tarde amigo... -sussurrou Mão de Fogo.
Marcus observou um homem com uma roupa verde que praticamente foi levado por uma brisa para perto do herói derrotado. A prostituta parou seu movimento e encarou Tornado com desconfiança, em sua face caíam lágrimas desesperadas. Marcus e os curiosos ao redor puderam sentir seu desespero. Tornado a ignorou e ficou olhando os ferimentos do colega e disse:
-Preciso leva-lo aos Curadores.
-Não!... Agora não! Primeiro preciso... Ir a um lugar... Salvar... uma pessoa...
-Nossa cara eu acho que você não vai agüentar. Seus ferimentos vão abrir ainda mais. Eu acho melhor...
-Faça o que eu peço, por favor! -gritou Mão de Fogo.
Marcus sentiu um calafrio na espinha diante dos segundos de espera expressados pela face coberta por uma máscara de carnaval verde com uma listra cinza do Tornado. Os curiosos começaram a se dispersar com o final da luta e ao longe se ouvia as sirenes da polícia que sempre chegava tarde demais por estas bandas. Tornado ajudou Mão de Fogo a se levantar, o apoiou em seu ombro e este sussurrou em seu ouvido:
-Me leve a dois quarteirões daqui... Preciso cumprir o que prometi...
-Por isso vale a pena morrer?
-Não. Mas vale a pena evitar que alguém morra. -comentou Mão de Fogo com um leve sorriso na face imaginando uma mãe abraçada a criança que prometeu salvar.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Capitulo 11: Cumprirei minha promessa




Capitulo 11: Cumprirei minha promessa

Sons ritmados no asfalto e uma mulher exuberante balança seus cabelos quase ruivos na calçada. Seus passos ousados e elegantes atraem os olhares mais diversos e perigosos dos homens que se sentem apertados por um intenso desejo. A mulher de nome Marcela Meyer é uma das milhares de prostitutas do perigoso Quarto Distrito da cidade de San Cristo. Uma mulher que usa um vestido preto fino e sapatos com salto vermelhos. Ela enlouquece os homens em seu movimentar, onde ficam abobalhados percebendo o valor inestimável de suas curvas. Ela pensava encontrar um figurão neste dia para faturar uma grana para se manter, pois temia não ter dinheiro para pagar seu cafetão. Não paga-lo é o mesmo que ir de encontro a morte. Marcela percebeu um mendigo vindo em sua direção completamente bêbado e vociferando palavras incompreensíveis. O mendigo que carregava diversos objetos plásticos e penduricalhos acenou para a jovem que via com cabelos loiros. Marcela achou a insinuação uma grande ofensa e virou as costas para o homem. Uma limusine passou lentamente pela rua procurando meninas para uma diversão. Marcela viu sua oportunidade, pois precisava do dinheiro, e uma parte de si, gostava da agitação da noite. A limusine pareceu percebê-la, mas acelerou quando chegaram perto do mendigo que fazia uma frenética dança de boas vindas. Marcela ficou emburrada e lançou uma garrafa em cima do mendigo que de tão bêbado quase não a sentiu.
Marcela ouviu um som atrás de si e depois uma explosão que alarmou seus sentidos. Várias pessoas saíram correndo de uma esquina e a prostituta ficou curiosa. O mendigo andou até a porta de um motel e ficou brincando de bulinar as moças que trabalhavam para o cafetão local que acenava do outro lado da rua para seus seguranças afastarem o bêbado. Marcela ignorou todos e foi para rua da onde saíram as pessoas encontrando três criaturas que se encaravam furiosamente. Um dos seres tem por volta de 3 metros de altura, com olhos negros, pele branca de alguém que raramente tomou um pouco de Sol, cabelos pretos curtos crespos e arrepiados para o alto e o mais incrível de tudo é que tinha asas proporcionais ao seu corpo em suas costas. Assim ela reconheceu o Albatroz. Observou o que estava no meio, que julgou ser a criatura conhecida como Cortador, tendo cabelos brancos lisos que tocam o meio das costas, olhar divertido, porém cruel numa cor acinzentada de difícil descrição e lábios avermelhados. E o último do outro lado percebeu ser o vilão Fogo Grego que possui olhos azuis, fúria ao balançar seus longos cabelos negros lisos e um rosto marcado por um queixo fino. Marcela ficou espantada ao ver os três vilões juntos e temia pelo homem que está do outro lado, o herói conhecido em toda San Cristo como Mão de Fogo. Um herói marcado por usar botas pretas e uma roupa vermelha composta por uma calça vermelha em tom de sangue e uma camisa de manga vermelha com um tom um pouco inferior a da calça, além de usar uma máscara vermelha que deixa apenas sua boca á mostra.
-Não vai aguentar contra nós Mão de Fogo. -disse Cortador abrindo os braços e fazendo-os tomarem a forma de uma tesoura fazendo sua pele e músculos ficarem esticados até se afunilarem na ponta.
-Vai morrer! -disse Fogo Grego criando uma chama vermelha na palma da mão.
-Vai me pagar por ter me atingido! -disse Albatroz apontando seu dedo indicador para Mão de Fogo que pensou “Droga! Não poderei cumprir minha promessa se tiver de enfrentar todos eles! Mas sei que também não poderei fugir de todos eles por muito tempo. Só há uma escolha que é ir com tudo que eu posso”.
Albatroz abriu suas asas e voou rapidamente para Mão de Fogo. Fogo Grego mandou um lança-chamas com sua chama avermelhada fazendo Marcela ficar encantada pela beleza das chamas. Mão de Fogo gritou:
-Onda de Calor! -da mão direita do guerreiro começaram a sair velozmente correntes de ar impregnadas de calor. As correntes foram fortes o suficiente para destruir as chamas vermelhas do Fogo Grego e paralisar o Albatroz em pleno vôo. Cortador sentiu algo errado no movimento do inimigo e deu dois saltos para trás ficando fora do alcance da onda de calor. Marcela sentiu o frescor do vento na corrente de ar e não pôde deixar de sorrir. Mão de Fogo ergueu sua mão direita ao céu como se quisesse tocar a lua e as estrelas e começou a soltar poderosos lança-chamas. Fogo Grego não entendeu o objetivo disso e por isso tentou mandar mais um de seus lança-chamas, mas teve uma surpresa, pois seu golpe praticamente foi impedido no início. Albatroz girou suas asas e conseguiu sair de sua posição incômoda e foi para alto de forma a ganhar altitude e dar um golpe mais potente em seu inimigo. Mão de Fogo sorriu ante a tentativa do Albatroz. Cortador gritou:
-Não faça isso seu idiota!
-É. A ave já era! -comentou Fogo Grego.
Albatroz voou e percebeu que o calor lhe incomodava mesmo no alto. Cortador fechou os olhos para não ver o estrago. Fogo Grego lançou suas chamas vermelhas de forma a envolver seu corpo tornando-se uma bola de fogo humana. Marcela ficou admirada de forma que abriu sua boca ao ver tamanho espetáculo enquanto ouvia os gritos de horrores das pessoas que fugiam do local do conflito. Albatroz percebeu grandes bolas de fogo acima de si, arregalou os olhos diante da imensidão de suas chamas enquanto Mão de Fogo abaixo gritou com toda a força de seus pulmões de modo ao guerreiro-ave ouvir plenamente:
-Chuva de Cometas!
As bolas de fogo caíram sobre todo o campo de visão delimitado pela Onda de Calor. Albatroz foi o primeiro a ser envolvido pelas bolas de fogo e foi consumido por elas sendo levado ao chão em velocidade impressionante aos olhos comuns. Marcela viu um show de cores onde as chamas envolveram todo o local dominando também a área onde se encontra o Fogo Grego. Cortador assistiu o espetáculo passivamente enquanto Mão de Fogo respirava fortemente. Uma explosão tomou conta do lugar e os estilhaços voaram para as casas ao redor provocando grandes estragos. Mão de Fogo recebeu um pouco do impacto da explosão, mas não saiu de seu lugar. Cortador cobriu seus olhos com uma das tesouras. Marcela encostou num muro para não ser pega pela explosão. Uma cortina de estilhaços, poeira e dejetos cobriram a noite deixando um véu de mistério no ar.
A cortina se desvaneceu com a força do vento demonstrando Albatroz caído numa cratera aberta no solo, Fogo Grego com vários arranhões no braço e nas pernas e Mão de Fogo respirando com dificuldade ao ponto de levar as mãos ao tórax. Cortador caminhou para cratera e soltou um assobio. Fogo Grego mostrou os dentes com raiva de seus ferimentos e mandou um lança-chamas vermelho sobre Mão de Fogo atingindo seu tórax e o lançando sobre uma pilha de destroços.
-O Albatroz já era! -comentou Cortador.
-Quem disse que isso me matou! -gritou Albatroz erguendo-se com dificuldade e bastante chamuscado pelas chamas, suas asas continuaram intactas por serem resistentes como o aço e seu corpo tem uma grande super-força que o manteve vivo. Cortador observou o Albatroz caminhando para fora da cratera mostrando toda sua força física e espiritual. Fogo Grego correu para atacar Mão de Fogo que levantava-se com dificuldade. Os dois começaram a trocar socos e chutes em grande velocidade. Marcela pensou “Ai ai! Os dois são tão másculos! Que homens são esses!”. Mão de Fogo defendeu um soco direto do inimigo pegando seu braço e o lançando por cima de seu corpo sobre o asfalto. Fogo Grego sentiu uma grande dor em suas costas, mas levantou rápido e tentou uma rasteira que o herói apenas saltou para escapar. Albatroz só podia usar um dos seus olhos e sentia o corpo doer. Cortador verificou seu estado enquanto Fogo Grego mantinha o herói ocupado.
-Você gastou todas as suas energias Mão de Fogo! Não tem nada mais pra dar! -disse Fogo Grego sorrindo animadamente enquanto lançava suas chamas vermelhas sem sucesso, pois Mão de Fogo esquivou de cada movimento.
-Ainda é o suficiente para te derrotar... -disse Mão de Fogo defendendo dois socos em cada lado de seu corpo, socando o peito do inimigo e depois lançando um gancho no queixo o fazendo ver estrelas. Cortador se moveu para ajudar Fogo Grego, porém o braço de Albatroz o deteve.
-Cuidado que esse cara não está lutando normal... Esse golpe foi muito forte até pra mim... Ele está dando tudo de si... -comentou Albatroz se ajoelhando com a dor. Cortador ouviu com atenção e abriu seus dois braços de tesoura para atacar. Mão de Fogo chutou as costas de Fogo Grego de modo que este bateu o rosto no vidro de um carro. Cortador apareceu tentando morder Mão de Fogo com sua tesoura, mas o herói desviou dando saltos pequenos para os lados aproveitando uma brecha para mandar um lança-chamas no peito do Cortador. Marcela observou o homem com tesoura nas mãos cair dentro de uma loja atravessando o vidro da vitrine. Mão de Fogo não teve tempo de respirar, pois foi atingido nas costas com as chamas vermelhas do Fogo Grego, cambaleou em alguns passos e girou o corpo apenas para receber um soco lateral em seu rosto e cair rolando pelo asfalto.
-Eu disse que estava fraco não foi?! -disse Fogo Grego.
Mão de Fogo observou um hidrante ao longe e calculou um modo de abrir sua válvula para água atingir seu inimigo. Fogo Grego aproveitou a fraqueza do herói para chutar suas costelas. Cortador com um salto saiu da vitrine da loja, deu uma cambalhota em pleno ar e caiu em pé observando os chutes de Fogo Grego. Albatroz sorriu ante a dor que Mão de Fogo sentia. Marcela levou as mãos a boca impressionada com o quanto o herói agüentava de dor. Mão de Fogo largou um lança-chamas atingindo em cheio o hidrante. A água jorrou em um forte jato que atingiu de lado o corpo de Fogo Grego fazendo-o saltar pelos ares, dar várias cambalhotas laterais nos céus e cair dentro da cratera. Mão de Fogo ergueu-se rapidamente para defender um ataque do Cortador, depois deu uma rasteira e chutou seu tronco fazendo o inimigo cuspir saliva ao chão.
-Tenho de acabar com você rápido! É mais esperto do que nós imaginamos. -comentou Cortador que imediatamente fechou os olhos, respirou fundo e uma camada de pele pareceu cobrir seu corpo no lugar de sua pele original.
-Está tentando endurecer o corpo? Então só agora irá lutar a sério! -disse Mão de Fogo não esperando tempo ruim e enviando seu lança-chamas no tórax do Cortador que estava tão perto que acabou recebendo todo o impacto e com isso foi lançado a vários metros. Fogo Grego com um salto saiu da cratera e seus olhos pegavam fogo de tanto ódio. Marcela sentiu um calafrio com aquele olhar tão desafiador e por outro lado sentiu pena do herói que heroicamente enfrentava três poderosos vilões, então virou para o lado e notou que o Albatroz agitava suas asas da onde saíram penas que flutuaram ao sabor do vento. Mão de Fogo estava distraído com Fogo Grego e não percebeu as adagas que vinham perfurar seu coração. Marcela sentiu seu coração bater fortemente e gritou com toda força dos seus pulmões:
-Cuidado Mão de Fogo! Atrás de você!
Mão de Fogo girou o corpo ao ouvir o aviso. As penas voaram para o peito do Fogo Grego que foi atingido em várias partes do corpo e lançado novamente para dentro da cratera. Cortador achou que não tinha mais ninguém na rua além deles e encarou Marcela com olhos frios prontos para matar.
-Vadia! Vou te matar por isto! -disse Cortador abrindo suas tesouras para fatiar a jovem prostituta. Mão de Fogo moveu-se rapidamente e parou o ataque com seus braços. Os inimigos se encararam em um jogo de força tanto de corpo através dos braços e da tesoura de carne, como os olhares que ficaram próximos. Cortador deu um passo para trás para pegar impulso, ultrapassou Mão de Fogo com uma cambalhota e tentou enfiar a tesoura no coração da mulher. Mão de Fogo arregalou os olhos, pegou a tesoura livre de Cortador e o puxou para seu lado. A tesoura que iria atingir Marcela perfurou o herói. Ela gritou ao ver o sangue explodir. Mão de Fogo cuspiu saliva misturada com sangue enquanto Cortador mostrava seu sorriso sarcástico e cheio de alegria. Albatroz ao longe também sorriu com a vitória quase certa. Mão de Fogo sentiu seus sentidos falharem, ouviu um grito de mulher ao longe, parecia que sua mente flutuava para um mundo distante e que mais nada na Terra lhe fazia sentido, seu corpo caiu num abismo sem cor e sem cheiro, só havia medo e dor, o sangue escorria de seu peito acentuando o vermelho de sua famosa roupa, seu corpo titubeou enquanto a mente gritou:
-Não vou morrer aqui! Eu prometi salvar aquela criança para aquela mãe e não vou falhar!
Cortador já se regozijava de sua vitória, inclusive se mostrando superior que seus colegas Extremos, Albatroz e Fogo Grego. Mão de Fogo deu dois passos para trás parecendo que ia cair a qualquer momento e disse em uma voz que começou baixa e evoluiu para um grito:
-Turbilhão de Fogo!
Mão de Fogo aumentou o calor ao redor de seu corpo de modo a criar chamas que o envolveram completamente, assim abraçou Cortador com toda a força que lhe restava e o elevou aos céus. O turbilhão de fogo os levou para as estrelas, enquanto Cortador ainda aturdido pela força de vontade do inimigo sentia que poderia morrer. Marcela chorou com a coragem do herói que se feriu mortalmente para salva-la, logo ela, uma prostituta que achava que não tinha nenhum valor. O turbilhão voltou dos céus e abriu outra cratera na rua em uma grande explosão. Cortador caiu de buços enterrado em parte pela terra enquanto Mão de Fogo caiu de costas com os braços abertos sentindo cada músculo de seu corpo doer, respirando fortemente, mas com um pensamento na mente: “Não vou morrer aqui! Cumprirei minha promessa!

terça-feira, 15 de março de 2011

Capítulo 10: O início de uma promessa




Capitulo 10: O início de uma promessa

Mão de Fogo, um herói em roupa vermelha, sobrevoa as ruas da cidade de San Cristo. Seus incrivéis saltos sobre os tetos dos prédios, sacadas e janelas de casas ou sobre seus telhados deixam fortes marcas de sua persistência e coragem. Seu corpo desliza sobre a noite estrelada enquanto pequenas brisas o envolvem sem dominar o fogo de seu ser. Sua mente corre ligeira e determinada como uma chama intensa que se alastra por uma floresta. Sua alma impregnada do mais puro fogo não tem tempo para admirar a beleza da noite e nem a crueldade que assola o chão da cidade. Nele, só há pensamentos que se confundem com a interminável pressa de fazer uma diferença. “Não posso perder mais tempo! Cada minuto perdido pode ser uma derrota. Preciso encontra-la , antes que eles a façam mal. Malditos monstros! Eu prometi! Eu vou cumprir! Nem que para isso a morte me pegue no caminho”. Mão de Fogo aterrisa sobre o asfalto agachado em uma esquina erma e com pouca iluminação. Dois mendigos o reconhecem pela roupa vermelha e gritam bêbados o seu nome. Mão de Fogo os ignora, pois seu objetivo é maior do que a compreensão deles e muito mais importante que qualquer batalha. Em um grande salto segura as barras que ligam dois edifícios e escala em velocidade impressionante para um ser humano comum as janelas de um deles. Chega ao teto com uma cambalhota, rola pelo chão sem se importar com a sujeira e corre para outro prédio em mais um gesto de corajosa força e precisão, pois a diferença entre os dois ultrapassa facilmente vinte metros. Sua mente volta a imprimir a necessidade de seu coração: “Não posso falhar desta vez! Se eu falhar, uma criança morrerá. Deixarei uma mãe em prantos e mais sofrimento se espalhará. Não posso parar agora, tenho de continuar!”.
Mão de Fogo vira uma esquina em pleno vôo segurando um mastro como apoio e saltando sobre um prédio caindo facilmente em pé graças a sua força física e a habilidade de manejar o calor. Seu corpo se move velozmente procurando afastar o medo enquanto sua mente se volta a pensamentos ligeiros: “Aquela mãe me pediu para achar sua filha raptada! Não posso falhar com ela! Estaria falhando comigo mesmo, pois prometi encontra-la! Deus! Nem quero pensar nas maldades que eles podem fazer com a menina! Ela tem apenas 8 anos, uma criança inocente nas mãos de homens tão cruéis. Tenho de me apressar!”.
Mão de Fogo lembrou do rosto da mãe, uma mulher de cabelos loiros médios, rosto cheio, com lábios bem vermelhos, algumas cavidades nas bochechas que só aumentavam sua beleza e olhos negros e corajosos, tanto que mesmo a mulher em prantos mostrou sua força em um olhar penetrante que o contagiou. Ele não podia falhar com olhos tão corajosos e com uma mãe que faria de tudo para conseguir sua filha de volta. Por esse amor, muita coisa vale a pena e o ser humano dentro do herói falou mais alto. Sua corrida pelos telhados continuou em grande desespero e parou numa sacada agachado olhando a vastidão do Quarto Distrito, o mais imundo da cidade, onde se reuniam desde ladrões comuns a monstruosos vilões com poderes.
A noite começou a ficar coberta de nuvens roseadas, o guerreiro de vermelho temia que a chuva enfraquecesse seus poderes quando mais precisasse deles. Seu corpo procurou sentir o ambiente do distrito sem se infectar por sua podridão e maldade. Seus olhos perscrutaram os arredores observando casas pichadas e outras em ruínas numa das partes mais pobres da área. Seus olhos desviaram de cinco prostitutas querendo dinheiro fácil que lhe acenavam com carinho. Também desviou os olhos de bandidos que lhe apontavam facas bem afiadas, pois seria perda de tempo enfrenta-los. Então, para escapar dessas mórbidas cenas saltou para o telhado de uma casa e seguiu por uma avenida até ouvir uma voz que não queria, mas conhecia bem:
-Agora sim iremos nos livrar de vez do doutor Marrou!
-Ele vai pagar pelo que nos fez! -reclamou outra voz que Mão de Fogo também reconheceu, mas não entendeu como aquelas duas vozes exaltadas poderiam estar concordando em algo.
-Fiquem frios caras! Tão frios como nosso colega Invernal. -disse outra voz conhecida do Mão de Fogo. O trio que tanto assustou o herói conversavam de braços cruzados em uma esquina pouco movimentada a não ser pelos bêbabos errantes e alguns mendigos pedintes. O primeiro continha imensa raiva em seus olhos azuis, fúria ao balançar seus longos cabelos negros lisos e um rosto marcado por um queixo fino. O segundo com seus olhos negros, pele branca de alguém que raramente tomou um pouco de Sol, cabelos pretos curtos crespos e arrepiados para o alto. O terceiro possui cabelos brancos lisos que tocam o meio das costas, olhar divertido, porém cruel numa cor acinzentada de difícil descrição, além disso demonstrava sempre um sorriso sarcástico em seus lábios vermelhos. Mão de Fogo se alarmou ao reconhecer três dos perigosos Extremos, conhecidos respectivamente, por “Fogo Grego”, “Albatroz” e “Cortador”. Mão de Fogo se esgueirou por algumas telhas de modo a ficar ainda mais próximo da conversa, pois uma parte de si acreditou que eles estavam envolvidos no sequestro da criança, apesar que sua mente de herói não pôde conceber ligação. Albatroz demonstrou uma cara feia ao ouvir o nome “Invernal” e disse:
-Nem quero ouvir falar desse sujeito! Ele é tão frio que nada fala. E você deveria ser o último a falar que ele frio, pois é tão frio como ele.
-Concordo com o asa gigante! -disse Fogo Grego.
-Realmente! Eu não posso negar. Mas o que interessa é que nosso plano de ferrar com o doutor está dando certo. E nem adianta aquele detetive babaca encontrar o Lançador de Adagas, pois ele foi pro túmulo mais cedo. -disse Cortador acentuando seu sorriso sarcástico.
-Era o único que podia entregar o serviço, então nada pode nos ligar a morte da esposa do doutor. -comentou Fogo Grego.
-Por que a gente não matava o doutor e pronto? -disse Albatroz.
-Cara! Eu já disse e não foi uma vez que o objetivo é fazer o cara sofrer. E ele sabe demais pra morrer. Sabe quase tudo sobre nós! -disse Cortador.
-Ele é o único que sabe eu acho. Também conhece todos os projetos anteriores ao nosso. O Projeto Extremo não seria possível sem o doutor Marrou. -disse Fogo Grego.
-Por isso que o doutor pagou com a morte da esposa. Entendi! -disse Albatroz.
-Finalmente besta! -respondeu Fogo Grego em um tom de voz elevado. Albatroz sem nenhum aviso ergueu uma das suas grandes asas e tentou acerta-lo lateralmente. Fogo Grego deu um salto para trás e ficou encarando as asas cinzas do colega. Albatroz prestou atenção nas luvas vermelhas com uma bola azul desenhada do Fogo Grego. Cortador deu três passos e ficou entre os dois com as mãos abertas.
-Não briguem caras! Estamos juntos... Por enquanto...
-Por enquanto mesmo! -gritou Albatroz.
-Só porque tem três metros se acha melhor que nós! -respondeu Fogo Grego.
-Chega caras! Só vim avisa-los para não ficarem de bobeira que nosso grande plano está em andamento. O doutor Marrou é apenas um obstáculo que está prestes a ser encarcerado, depois disso o Mundo não será suficiente para deter o poder dos Extremos! -disse Cortador acentuando seu sorriso sarcástico.
Albatroz e Fogo Grego responderam com um aceno de cabeça. Cortador respirou aliviado pensando que teria dificuldade em deter os dois de uma vez sem mata-los. Mão de Fogo cansado de ouvir as atrocidades dos Extremos disse:
-Ei idiotas! Agora que sei sobre o plano de vocês o que farão comigo?!
-Quem é?! -perguntou Albatroz.
-É um idiota que sabe que vai morrer. -disse Cortador.
-Maravilha! Alguém para queimar até a morte! -comentou Fogo Grego.
-Eu detesto interromper a conversinha de vocês, mas quero saber se vocês viram um bandido levando uma menina? -perguntou Mão de Fogo sem ligar para as ameaças.
-Não vimos nada... -disse Albatroz.
-Fique quieto besta que não precisamos falar nada, apenas mata-lo! -comentou Cortador.
-Você também... -disse Albatroz.
-Albatroz! Se quer matar alguém agora, porque não mata o herói ali! -disse Cortador.
Albatroz coçou a cabeça pensativo, virou seus olhos negros para Mão de Fogo, alargou suas duas asas cinzentas e apareceu ao lado do herói em uma velocidade quase invísivel ao olho humano comum. Mão de Fogo tremeu até a espinha esperando o próximo movimento. Fogo Grego fechou os olhos para não ver. Albatroz deu um soco na costela esquerda do herói o jogando por duzentos metros até cair sobre um conjunto de materiais de construção à frente de uma casa. Cortador apenas viu o movimento sem se espantar. Fogo Grego apontou o polegar para Albatroz confirmando sua vitória. Albatroz não viu os aplausos do colega e voou para perto de Mão de Fogo que se erguia com dificuldade, onde sua máscara pendia para um lado e sua mão cobria a costela atingida, ainda sentindo a crueldade do golpe.
-Não morreu com esse soco? -perguntou Albatroz fazendo Fogo Grego levar as mãos à cabeça com a tolice do colega. Mão de Fogo sorriu levemente, ergueu sua mão direita aos céus e ao jogou rapidamente para frente acertando um intenso lança-chamas no peito do Albatroz. Cortador deu um passo e ficou de lado vendo o guerreiro com asas voar sobre o asfalto e cair perto de um hidrante batendo suas costas violentamente. Albatroz conseguiu evitar que o choque causasse qualquer dano as suas asas, mas suas costas sentiram o impacto. Mão de Fogo colocou as mãos na cintura fingindo coragem e disse:
-Me levem até a menina ou terão o mesmo destino que ele!
-Por ter derrubado o Albatroz daquele jeito pra mim eu vou te dizer uma coisa. A menina que procura está numa casa a dois quarteirões daqui junto com uns bandidos de merda...-ia dizendo Fogo Grego até ser interrompido por Cortador.
-Se derrotar nos três, é claro, poderá salva-la. Mas será que consegue?!
Mão de Fogo olhou os dois inimigos inicialmente, depois com o canto do olho verificou que Albatroz estava em pé e limpando sujeira de sua roupa. O herói de mãos ardentes pensou “Espere garota! Eu manterei minha promessa...

sexta-feira, 11 de março de 2011

Capitulo 9: O Padrasto e a Perda da Alma




Capitulo 9: O Padrasto e a Perda da Alma

O detetive Hudson Carlton em seu escritório na cidade de San Cristo observa sua nova e misteriosa cliente que procurou seus serviços com um pedido bastante incomum. Seu desejo, é encontrar um dos famosos heróis que protegem a cidade, seu nome, é Mão de Fogo. Um homem perigoso, conhecido por usar de grande violência contra os degenerados e bandidos da cidade, sendo que para isso utiliza sua habilidade especial de criar chamas de sua mão direita. A jovem de cabelos loiros sentada à frente toma fôlego para explicar o seu grande interesse pelo herói, mas já sabia que ele a tinha salvo a alguns dias de dois bandidos que procuravam violenta-la. A mulher que se identificou como Gloria Glen com a cabeça baixa começou seu monólogo:
[ Detetive, minha história começa por volta dos meus 13 anos de idade quando meu pai, que era um grande piloto morreu em um acidente aéreo. Com isso, minha mãe entrou rapidamente em depressão e passou a beber todas as noites pensando em tê-lo de volta. Eu tentei me resignar para protegê-la, mas não era tão forte e acabei caindo no choro e me escondendo no quarto, dos amigos e finalmente, da vida. Mas quando as esperanças já pareciam perdidas, minha mãe conheceu um homem num bar e se apaixonou. Ele depois confessou ter se interessado por ela graças ao grande cuidado que tinha para com ela, o que ele dizia ser um “verdadeiro amor de filha para mãe”. Ele conseguiu uma transformação que eu nunca conseguiria. Fez ela largar a bebida e voltar a trabalhar como se o acidente com meu pai nunca tivesse acontecido. Eu comecei a acreditar que as coisas voltariam a seus lugares e que eu poderia ser feliz. Só que eu...]
-Calma! Se quiser pode parar um pouco. -comentou Hudson.
-Não! Preciso ir até o final e ser corajosa como ele...
-Como o Mão de Fogo? -inquiriu Hudson.
-É. -disse Gloria timidamente.
-Não há como ser como esses heróis! Eles são criaturas especiais que possuem habilidades também especiais para protegê-los dos perigos que enfrentam. Nós, somos meros mortais que por muitas vezes também podemos fazer alguma diferença. No entanto, nunca igual a eles. -aconselhou Hudson.
-Você é um homem realmente inteligente detetive. Um filósofo talvez.
-Mais ou menos isso. -disse Hudson sorrindo.
-Muito bem! Voltando... [Eu sequer podia imaginar o que estava por vir. Esse homem casou com minha mãe e tudo correu bem por um tempo. Mas depois de alguns meses, ele passou a me visitar em meu quarto e... Eu... Me desculpe! Ainda é difícil falar sobre isso... Ele entrava em meu quarto quando minha mãe não estava e fazia o que queria. Me ameaçava dizendo que se ele rompesse com ela. Ela entraria novamente em depressão e isso a levaria ao suicídio. Eu não.. Não pude aguentar a idéia dela morrer e por isso fiz tudo que ele pedia.
Eu larguei tudo que me era importante, deixei de ser estudiosa, abandonei amigos, e isso... Tudo isso... para que minha mãe fosse feliz. Só que um dia eu simplesmente cansei de ser um objeto e revelei tudo a minha mãe. Sabe o que ela fez?... Me expulsou de casa como se fosse lixo. Eu corri para casa de meus tios e fiquei morando um tempo lá, até que minha mãe e meu padrasto apareceram. Ele a convenceu de que eu só precisava de mais atenção dos dois. Eu chorei tanto nesse dia... Não gosto nem de lembrar. Só que me recusei a voltar de qualquer jeito, com isso estava começando a odiar minha própria mãe. Meus tios me aconselharam a abandonar o ódio, perdoa-la e deixar as brigas de lado. Foi aí que eu cometi um erro...]
Glória começou a chorar convulsivamente. Hudson imediatamente lhe deu um lenço.
-Obrigado! -disse Gloria.
[… Eu contei a meus tios que vinha sendo violentada a mais de um ano. Eles ficaram furiosos e ligaram para polícia. Eu pedi que não fizessem isso, pois temia por minha mãe ainda. Os policiais chegaram e a investigação começou, mas não encontraram nada contra meu padrasto, pois seus antecendentes eram impecáveis e eu apenas uma menina que ia mal na escola e sem amigos. Minha mãe ficou do lado dele e disse “Ela só está com ciúme da gente”, e completou “Com o pai dela era a mesma coisa!”... Eu fiquei sem chão com essa declaração. Meu padrasto continuou a me perseguir, dizia-se apaixonado por minha beleza. Então... Ele fez outra crueldade. Provocou um acidente que matou minha tia e depois me contou. Ameaçou que minha mãe e meu tio seriam os próximos se eu não me submetesse... Eu era uma criança ainda, tinha só 14 para 15 anos... Eu chorei por dias com isso me sentindo culpada pela morte de minha tia e sua imagem não me saía da cabeça. Com isso, resolvi me entregar de vez para ele quando quisesse e aonde quisesse.]
Hudson arregalou os olhos pensando na crueldade dos fatos e em como esse homem merecia uma justiça derradeira.
[Minha vida já era ruim, mas se tornou um tormento só. Passou quase um ano para eu me libertar de vez, pois comecei os preparativos para entrar numa faculdade. Meu padrasto arranjou outras meninas mais novas para se divertir nesse meio tempo também, depois que viu que parei de resistir. Minha mãe um dia... encontrou ele e duas garotas na cama... A reação dela... Ela se matou gritando “Você só precisava de mim, eu te amo”... Meu tio correu com os advogados e conseguiu colocar meu padrasto finalmente na cadeia. Eu nunca tinha me sentido tão aliviada. Logo depois, entrei na faculdade. Meu tio ficou super feliz! Ele tinha planos para mim que nem eu conseguia imaginar, talvez quisesse reparar um possível erro de não ter feito nada antes contra meu padrasto. Só que minha alegria só durou dois anos, pois meu padrasto fugiu da cadeia e passou a me fazer ligações ameaçadoras... Com isso, um jovem da faculdade se aproximou de mim, eu em minha carência de afeto me entreguei de corpo e alma para ele. Não importava se era pena que ele sentia, só queria ter alguém que me amasse. Meu padrasto mandou um pistoleiro matar meu tio, só que Deus interferiu dessa vez e meu tio ficou apenas paraplégico. Meu padrasto sumiu depois disso.]
Hudson tentou manter a calma, mas seus punhos não conseguiram deixar de se juntar ao saber que um bandido fugiu da justiça e estava impune. Gloria respirou fundo e continuou:
[Eu me sentia bem apesar do que acontecera com meu tio. Meu namorado parecia ser uma pessoa boa, mas logo descobri que era apenas motivo de aposta. Uma aposta idiota sobre me levar para cama. Depois que ele conseguiu isso, pois ainda tinha medo depois de tudo que meu padrasto me fez, me deixou na cama e nunca mais falou comigo. Ele apenas me olhava com cara de nojo e a aposta correu como uma bomba na faculdade, logo todos passaram a me olhar com nojo e desconfiança, mesmo tendo minha história cruel aberta ao público. Uns poucos sentiam pena, mas sempre era carregada com inteira repugnância... Depois disso eu não consegui me relacionar mais com nenhum homem...]
-E para completar sua história, aqueles bandidos a atacaram daquele jeito.
-Não só isso. Além disso, eu via rostos nas janelas dos prédios ao lado, mas ninguém fazia nada, apenas me deixavam sofrer...
-Realmente senhorita Glen, eu lamento por sua vida ter tomado esse rumo tão triste. Nem tenho palavras para consola-la...
-Não é consolo que preciso detetive! Preciso encontrar o Mão de Fogo!
-Claro! Já me disse isso. Mas mesmo com sua história não pude clarear o porquê?
-Quando aqueles bandidos estavam prestes a me possuir. Talvez possuir o pouco que restava de minha alma. Ele apareceu e me salvou. Tão quente e humano de uma forma que sempre sonhei e preciso encontra-lo nem que seja para vê-lo ou agradecer por salvar minha vida, não, minha alma!
-Nossa! Bem profundo seu pedido. -comentou Hudson.
-Mostra que é sincero. -disse Gloria.
-Seus olhos tímidos e chorosos denunciam que é. -disse Hudson erguendo-se. -Só posso lhe assegurar que irei fazer o possível para localiza-lo. Mas lhe adianto que as chances de poder falar com ele são pequenas...
-Não importa detetive! Só quero uma chance! Preciso dessa chance! -disse Gloria levantando. O detetive apertou sua mão e a jovem loira saiu pela porta com passos leves. Hudson desabou na cadeira pensando “Que história triste! É uma pena não poder fazer mais por ela. Logo agora, que também tenho de procurar um vilão, terei de também procurar um herói. Assim eu enlouqueço! Mas a justiça e meu trabalho precisam ser feitos!

domingo, 6 de março de 2011

Capítulo 8: O Pedido e a Importância




Capítulo 8: O Pedido e a Importância.

Uma cortina se abre e um Sol ensolarado adentra o escritório de um imponente e inteligente detetive. Seus olhos admiram a força da estrela como se a ela um pedido fizesse. Seu corpo banhado pela luz também sente a força do vento que o carrega para pensamentos que o preenchem de pura liberdade. Sua mente cai no vazio do que podemos considerar a plena paz, ela se esvai para lugares profundos e insondavéis por milésimos de segundo até ouvir um forte grito que ecoa na rua abaixo. Uma mulher sendo agarrada por dois homens, um está com uma faca e outro segura os braços da donzela. O detetive respira fundo e sai de sua meditação, saca a pistola em sua cintura da onde raramente ela sai, senão para ser mortal. Os homens felizes com sua caçada pressionam a mulher contra parede de uma movimentada rua sem nada para se importar, mas o detetive ia mostra-los que em sua terra, mesmo que cheia de injustiça, ainda havia um homem disposto a fazer o que é certo. Observou dois policiais comendo suas matinais rosquinhas que os deixavam tão obesos que poderiam cair ao correr. Os bandidos olharam para os policiais por um momento, mas riram ao verem que eles nada fariam, a mulher implorou por ajuda, mas seus gritos sumiam parecendo que eram sugados pelo calor impiedoso do Sol.
Hudson Carlton ergueu sua pistola, dois projetéis atravessaram a rua em alta velocidade carregados pela luz do Sol e invisivéis aos olhos humanos, caminhando para justiça mais do que certa e tardia de acontecer. Os bandidos planejavam fazer algo mais do que roubar ao ver as pernas da mulher, ela pressentiu a intenção e gritou fortemente, mas calou-se ao ver uma poça de sangue diante de seu olhar. O bandido com a faca encontrou o muro com o impacto e sua cabeça pareceu deslocar sem fazer qualquer ruído, o outro deitado em uma poça de sangue ainda conservou seu sorriso de maldade. A mulher voltou a gritar abismada pelo sangue e pelo medo, temendo ser a próxima vítima de uma violência que vem crescendo sem ninguém para dete-la. O detetive apenas fechou a cortina e sentou em sua acolchoada cadeira, depois pegou um maço de cartas de baralho e as ficou folheando. Uma mulher surgiu das sombras com uma imperiosa voz:
-Bom trabalho!
-Ora! Quem é você? Como entrou aqui?
-Fique calmo detetive. Não vim aqui mata-lo. Imagino que ultimamente sua vida está muito atribulada graças ao caso do doutor Marrou. -comentou a mulher revelando uma face coberta por uma máscara rubra e cabelos azulados misturados a cor lilás.
-Então é você! A Bruxa que protege o bairro das mulheres. Não sei se posso dizer que é um prazer vê-la. -comentou Hudson com um sorriso sarcástico.
-Você é bem confiante para alguém que só sabe manejar pistolas.
-Só preciso delas.
-Muito bem! Vim aqui dar um recado de um amigo que está muito ferido nesse momento e não pôde ele mesmo vir falar contigo.
-Pois fale. Estou ouvindo.
-O Jurado informa que a pessoa que eliminou a esposa do doutor Marrou foi o mercenário conhecido como Lançador de Adagas. Ele e o Ceifador foram contatados por alguém para fazer isso.
-Não só eles, pois fui atacado pelo Bola de Ferro recentemente. Com isso já são três mercenários perigosos. -comentou Hudson.
-Hum! Sua vida está correndo um grande risco então. Mas não se preocupe com o Ceifador, pois ele está bem ferido graças ao Jurado e a mim. Apenas procure o Lançador de Adagas, pois ele sabe quem é o mandante.
-Sei fazer meu trabalho mulher!
-Calma! Não quis ofendê-lo!... Mas se falasse comigo assim em meu território iria receber uma lição. -disse a Bruxa ameaçadoramente.
-Uau! E depois me pede calma. Mas o Jurado vai ficar bem?
-Não se preocupe com ele. Ele é forte... -disse Bruxa sentindo sua voz falhar.
-Hum! Já entendi. -disse Hudson com um sorriso malicioso.
-Quieto! Você não precisa entender nada! -disse Bruxa, mas Hudson não retirou o sorriso malicioso.
-Já disse o que precisava, então posso pedir que se retire? -perguntou Hudson mirando a maçaneta da porta.
-Porquê? Isso foi muito repentino!
-Porque tenho uma cliente...
-Já entendi! -disse Bruxa correndo para janela e a saltando como se a altura não a preocupasse. Hudson voltou a brincar com as cartas enquanto a porta se abria revelando os cabelos loiros longos de uma mulher e seus olhos esverdeados.
-Pode entrar. -disse Hudson com uma das mãos abertas convidativo.
-Vim procurar seus serviços senhor Carlton...
-Opa! Pode esquecer o senhor, pois não sou tão velho. -disse Hudson.
-Certo.
-Sente-se. Relaxe e conte sua história. -disse Hudson sorrindo.
-Obrigado. -disse a mulher sentando timidamente. -Vim procura-lo, pois quero que encontre uma pessoa para mim. Uma pessoa que deu um novo sentido para minha vida e realmente... preciso encontra-la.
-Calma! Me fale como é essa pessoa e onde a viu pela última vez?
-Espero que não ria de mim, mas a pessoa a quem procuro é muito especial. Não só pra mim, mas para muita gente. -disse a mulher baixando a vista e ficando envergonhada. Hudson começou a entender que tipo de pessoa a mulher procurava, mas não queria perder a surpresa.
-É um famoso herói dessa cidade... Seu nome é Mão de Fogo! -disse a mulher hesitando diante das reticências.
-Nossa! Me pegou de surpresa. Eu imaginava que podia ser um herói, mas não esse. Muito famoso por sua violência. Lembro que recentemente ele incinerou duas pessoas...
-Mas!... Foi para me salvar... -disse a jovem diminuindo sua voz aos poucos.
-Não me entenda mal. Eu não o recrimino por retirar alguns sujos das ruas, mas acho seus métodos um tanto cruéis.
-Só que eu o amo! Não consegue entender isso! -disse a jovem explodindo dessa vez em um grito. Hudson quase caiu de sua cadeira com o movimento inesperado.
-Mas sabe que mesmo que eu o encontre. Acho dificil que ele queira encontra-la ou até falar contigo. Os heróis costumam ser ocupados demais para suas fãs. -disse Hudson com grande sarcasmo no tom de voz. A mulher sentiu o deboche e ficou emburrada olhando diretamente os olhos do detetive de uma forma fria e violenta. Hudson pensou “Nunca deveria debochar de uma mulher apaixonada!”.
-Se não quiser me ajudar a encontra-lo. Encontrarei alguém que faça... -disse a mulher erguendo-se.
-Calma garota! Me diga seu nome primeiro e o motivo de querer tanto encontra-lo, sabendo que ele é um herói e a salvou apenas pela necessidade.
A jovem de cabelos loiros voltou a sentar e uniu suas mãos sobre a coxa.
-Eu me chamo Glória Glen. E para que você consiga compreender porque quero, melhor dizendo, porque preciso encontra-lo. Vou ter de te contar a história de minha vida até este momento. Não demorarei...
-Ei! Demore o tempo que quiser. A história da vida de alguém é algo que requer toda atenção de uma pessoa. -comentou Hudson.
-Muito bem detetive. Espero não fazê-lo chorar, deixa-lo triste, com pena ou algo que possa impedir sua futura missão para comigo.
-Procurarei fazer o que me pede.
A jovem mostrou um pequeno sorriso, respirou fundo e baixou a cabeça.


FIM

sexta-feira, 4 de março de 2011


Um presente que compartilho em homenagem a todos os Guardiões da Liberdade que existem em vida e em morte. Um Presente que me foi conferido por um grande amigo, dono do blog Blogaragem e aqui coloco minha estima e agradecimentos.

Capítulo 7: A Bruxa solta seus cabelos




Capítulo 7: A Bruxa solta seus cabelos

Dois seres se degladiam em olhares intensos sob a escuridão da noite. Uma mulher aparentemente monstruosa com a face coberta por uma máscara rubra que se autodenomina, a Bruxa, protetora do bairro das mulheres na cidade de San Cristo. Um homem, o Ceifador, um ser humano habilidoso com a foice que carrega consigo e um mercenário de alto nível que trabalha em segredo para o mafioso local Robert Robespierre. Perto dos dois gladiadores estão cerca de quinze bandidos com suas pistolas preparadas para qualquer eventualidade. A Bruxa com os punhos fechados e concentrada nos poucos passos dados pelo Ceifador em sua direção, teve tempo de olhar de soslaio o corpo do herói conhecido como Jurado que havia lhe dado uma importante lição nesta noite. Ceifador interessado em proteger seus negócios com o mafioso decidiu dar uma lição por conta própria na mulher. Os bandidos apreensivos procuravam não fazer o menor barulho temendo futuras represálias por parte do sanguinário assassino.
-Não me subestime por ser mulher Ceifador. -comentou Bruxa.
-Claro que não! Eu não cheguei até aqui subestimando meus inimigos, mas quero saber quando você irá dar seu primeiro movimento, pois dizem que as damas devem ir primeiro. -disse Ceifador com um sorriso sarcástico nos lábios.
-Se eu me aproximar de você me atacará com sua foice. Não sou tão tola de fazer um ataque tão amador! -disse a Bruxa analisando os bandidos atrás do Ceifador.
-Então! Se me permite... -disse Ceifador correndo em incrível velocidade e ficando bem próximo da mulher que previu seus movimentos e saltou para o alto de um escorrega. Ceifador lançou sua foice em ataques violentos tentando arrancar a cabeça da guerreira, mas esta abaixava e se esquivava de cada movimento. Os bandidos imaginaram que o Ceifador venceria fácil e alguns começaram a rir. A Bruxa em uma cambalhota passou o Ceifador e o chutou atrás do pescoço. Os bandidos espantados deram um passo para trás. O Jurado gemeu com a dor de seus ferimentos causados anteriormente pelas balas dos inimigos. O Ceifador caiu sobre a areia e arranhou o braço esquerdo, então levantou rapidamente com um sorriso nos lábios e disse:
-Então você sabe algo além de fugir não é?
-Me poupe do sarcasmo! -comentou a Bruxa que sobrevoou o Ceifador em um salto e tentou chutar seu rosto, mas este desviou com o cabo de sua foice e investiu sobre a cabeça da oponente com resultado nulo. O Ceifador procurou ferir o tórax, porém a guerreira pegou a foice com uma mão e socou duas vezes o rosto do inimigo com a outra. O Ceifador com um empurrão conseguiu recuperar o domínio da foice e coçou o rosto dando tempo para Bruxa lhe acertar um chute em cheio no coração. O Ceifador foi lançado por alguns metros, arrastando-se na areia e batendo finalmente num portão de uma casa próxima do parque. Os bandidos ergueram suas pistolas e começaram a atirar, mas a Bruxa deu uma imensa cambalhota nos céus mostrando toda a graça de seus cabelos azulados misturados com a cor lilás e lançando dezenas de unhas postiças que fizeram diversos efeitos na comunidade dos bandidos: Um dos bandidos teve sua garganta cortada e sufocou até a morte, outro recebeu várias em seu rosto e acabou virando a pistola para um colega o eliminando com saraivada de tiros, outro recebeu as unhas pontiagudas no coração e caiu lentamente ao solo, outro recebeu algumas unhas nos olhos ficando cego de forma que começou a gritar por socorro abandonando a batalha e tentando chorar sem contudo poder fazer isso.
-Maldita! Não estou morto ainda! -gritou o Ceifador aparecendo atrás da guerreira e passando a foice em suas costas. O sangue esguichou das costas da Bruxa e ela soltou um grito abafado. O Jurado abriu os olhos e viu o sangue saindo tentando recuperar suas forças. Os bandidos se acalmaram ao verem o Ceifador voltar a vida. Bruxa recebeu outro corte em seu braço direito e um pequeno ferimento na perna direita, porém, conseguiu mandar algumas unhas postiças que feriram as costelas do inimigo. O Ceifador utiliza uma armadura vermelha com uma foice azul desenhada que lhe protege todo o tronco, exceto uma parte das costelas que foi a área afetada pelas unhas. O veneno das unhas começou a fazer efeito na corrente sanguínea e Ceifador tropeçou dando tempo suficiente para receber três chutes no rosto, dois chutes na barriga e uma joelhada no rosto. Os bandidos restantes voltaram a atirar vendo uma abertura na defesa da Bruxa, mas ficaram assombrados ao verem um homem brandindo um martelo ao vento com a face pingando sangue e em cada expressão do seu corpo liberando chamas de raiva.
-Não achem que estou derrotado! A justiça ainda não foi feita! -disse o Jurado.
-Droga! Ele está vivo! -gritou um bandido.
-Mais está fraco! -gritou outro.
-Temos uma chance! Vamos pega-lo de jeito desta vez! -gritou outro.
A Bruxa aproveitou a oportunidade para saltar por trás do Jurado e ganhar os céus tendo assim visão perfeita de seus inimigos. O medo paralisou os corpos dos bandidos ao verem a figura de cabelos estranhos se mostrar bela e apavorante a luz do luar. As unhas voaram sobre os bandidos causando diversos danos nos homens que caíram falecidos, alguns calmamente pelo veneno mortal e outros rapidamente e sem sofrimento com cortes no pescoço e no coração. O Jurado ficou tão alegre com a suposta vitória que esqueceu o Ceifador que atingiu sua foice diretamente nas costas chegando muito perto do coração. A Bruxa preocupada correu em direção do inimigo. O Ceifador viu o Jurado cuspir saliva e sangue e se sentiu realizado. A Bruxa lançou suas unhas que o Ceifador rebateu com grande habilidade utilizando a lâmina da foice.
-Esse truque não vai mais me pegar desprevenido! -disse o Ceifador se virando para o Jurado.
-Não! -gritou a Bruxa já se lamentando.
-Cuidado com que o você diz... -sussurrou o Jurado fazendo o Ceifador arregalar os olhos , mas já era tarde, pois recebeu um gancho em seu queixo que o içou ao ar por alguns segundos, depois sentiu seu estômago embrulhar com o forte soco dado pelo guerreiro fazendo-o cair sobre a gangorra no parque. A foice girou no ar e caiu ao lado do seu protetor que a pegou cheio de raiva enquanto erguia-se tocando ao mesmo tempo a região do peito.
-Desgraçado! -gritou Ceifador cuspindo saliva e encarando o Jurado com todo seu ódio. A Bruxa apoiou o Jurado que ficou prestes a cair e este sentindo seu calor teve suas forças renovadas apenas por um instante o suficiente para sentir o ataque rápido do Ceifador que lançou sua foice sobre os dois. A Bruxa tão absorta em proteger o Jurado não percebeu nada mesmo tendo um aumento sensorial em seus cinco sentidos. A foice viajou a favor do vento em ângulos marcados pela raiva e quando a lâmina ficou a centímetros dos cabelos da Bruxa, o Jurado o rebateu com seu martelo. A foice voltou rapidamente para mãos do Ceifador só que antes de conseguir pegar a lâmina esta lhe feriu o braço. A Bruxa mandou suas unhas postiças logo depois que o Jurado rebateu a foice, então Ceifador não esperava uma reação desse tipo e recebeu várias delas em seu corpo, apesar de conseguir desviar da maioria.
-Ele é resistente. -comentou a Bruxa para Jurado.
-Eu é que estou no limite com tantos cortes.
-Devia deixar tudo por minha conta e descansar. -disse Bruxa.
-Que tipo de homem eu seria fazendo uma coisa dessas! -disse Jurado fazendo a Bruxa corar e quase derruba-lo. O Ceifador correu para os dois com a foice em baixo nível quase tocando a areia do solo. Bruxa jogou Jurado para o lado e abriu seus braços como se fosse abraçar o inimigo. Ceifador inicialmente estranhou o movimento, mas entendeu que ela queria morrer para proteger o Jurado e ele adoraria fazer esse favor. Bruxa com sua máscara rubra não demonstrava a expressão de sua face, assim não revelando suas intenções, apenas deixando transparecer que desejava um caloroso abraço. Jurado titubeou com os ferimentos, porém, não caiu. Ceifador ficou bem próximo da guerreira e foi erguendo sua foice, mas viu de relance que Bruxa lançou seus cabelos sobre ele. No entanto, os cabelos cresceram e se afunilaram formando pontas finas e pontiagudas que atravessaram várias partes do seu peito e do braço, então saltou para trás dando uma cambalhota no ar e tentou reprimir a dor. Bruxa voltou seus cabelos ao normal e disse:
-Eu disse para não me subestimar!
O Ceifador tocando seus ferimentos percebeu que estava muito ensagüentado. Bruxa caminhou para ele, mas este a parou com um aceno. Jurado não entendeu a intenção ficando apreensivo e temendo pela vida da guerreira.
-Pode parar de lutar! Tenho uma informação para dar em troca da minha sobrevivência.
-Não está em posição de exigir nada! -disse Bruxa.
-Não estou falando só com você mulher, mas também com o maldito Jurado! Eu sei de algo que a polícia e o tal detetive chamado Hudson Carlton tanto querem saber.
-Hum! Você sabe quem matou a esposa do doutor Marrou? -perguntou Jurado.
-Claro que sei, porque ajudei a mata-la! -disse Ceifador cuspindo sangue.
-Parece que meu veneno está lhe fazendo efeito. Tem pouco tempo assassino. É melhor se confessar antes de perecer. -disse a Bruxa em um tom casual.
-Já disse que irei sobreviver. Seus venenos Bruxa... não são nada para um homem... como eu! Mas contarei sobre o assassino... da esposa do doutor, pois assim... pago a dívida de me deixarem viver. E como sei que o Jurado... ama a justiça, não vai se opor a isso. E terá a oportunidade... de me matar depois, em outro dia... -disse o Ceifador liberando em cada reticência um pouco de saliva ou de sangue ou tossindo levemente.
-Jurado! Irá aceitar isto? -disse a Bruxa não acreditando que estava consultando outra pessoa para resolver um assunto.
-É uma vida que está em jogo aqui Bruxa, o que ambos de certa forma procuramos proteger. E ainda terei como fazer a minha justiça! -disse Jurado.
-Fale logo antes que morra Ceifador!
-Sua namorada é muito apressada Jurado. E estamos morrendo...
-Não somos namorados! -gritou Bruxa que ficou envergonhada.
-Dois mercenários foram contatados... para matar a esposa do doutor Marrou. Eu... e o assassino conhecido como Lançador de Adagas. Se vocês procurarem por aí... com seus contatos... com certeza o acharão. Ele me encontrou para ajuda-lo seguindo as ordens de alguém que está no escuro operando todo esse circo. E... não apenas nós dois estamos no meio disso... tem muito mais gente envolvida. Agora... vou cair fora daqui! -disse Ceifador saltando para o telhado de uma casa e seguindo pelos telhados rapidamente até sair da vista dos heróis. O Jurado desabou caindo de joelhos. Bruxa tocou suas costas e o amparou.
-Preciso que me faça mais um favor. Conte tudo isso ao detetive Hudson Carlton.
-Não se esforce tanto senão seus ferimentos irão piorar. Vou te deixar em um hospital...
-Não! Não faça isso! Me leve a um galpão nas docas do Quarto Distrito...
-Não acredito que vai naquele lugar. Se te virem assim...
-É melhor eles do que um hospital que irão me encher de perguntas.
-Você é quem sabe, a vida é sua! -disse a Bruxa amparando o herói e fazendo-o saltar sobre os telhados como o Ceifador.
-E você não se importa nem um pouco?! -perguntou Jurado com um sorriso sarcástico que fez a máscara rubra da guerreira parecer ainda mais vermelha.
-Se não me importasse não teria te salvado. -disse Bruxa secamente, mas com o coração batendo de uma forma que não imaginava ser possível para ela.


FIM