quarta-feira, 30 de março de 2011

Capitulo 12: O Taxista e a Determinação de um homem




Capitulo 12: O taxista e a determinação de um homem

Marcus Rivera é motorista de táxi a dez anos e conhece quase toda a San Cristo, inclusive seus becos escuros e a mais profunda podridão humana que ali se instala. Seu roteiro definido pela empresa é um dos mais temidos pelos taxistas em geral. O trajeto entre o Segundo e o Quarto Distrito, ou melhor, o trajeto da área quase rica para a mais nojenta, onde se predomina a vontade de cafetões, traficantes, bandidos menores e vilões poderosos que vão além da imaginação em sua maldade. Marcus como um bom cidadão sabia puxar o carro quando via problemas deixando muitos de seus clientes na mão na hora de um assalto ou de um ataque, pois no fundo sentia a necessidade da sobrevivência e pensava em sua família, sua esposa e seus dois filhos. No entanto, para aliviar suas dores utiliza seu pobre dinheiro para comprar bebidas nas noites em que não trabalha e dessa forma relaxar a mente em bares escondidos. Seu preferido é o Bar da Princesa, onde costuma tomar seus drinques com seus amigos, pois é uma área protegida por vários heróis e assim se sente seguro.
O taxista sentado em seu carro resolveu fumar, enquanto isso observou as pessoas que passavam pelas ruas sob o luar do segundo distrito da cidade de San Cristo. Seu olhar rápido acostumado com a direção virou para um grupo de mulheres bem maquiadas e com roupas vulgares arrastando jovens de terno e gravata para uma esquina. Marcus já sabia o que ia rolar e se excitava imaginando as cenas, pois em casa sofria a rejeição da mulher sempre tristonha e ligada em seus afazeres domésticos. Pensou “Que se dane! Tenho vontade mesmo de pegar uma vadia e me divertir! É meu direito como um homem droga!... Mas tem as crianças, tenho de pensar nelas também... Mas pensando nelas é isso que um homem faz, precisa gastar suas energias e o sexo é a única forma de satisfação plena. Se minha mulher não quer, outras com certeza irão querer!”. Marcus respirou fundo e tentou abandonar tais pensamentos delituosos, até porque entrou um cliente e resolveu prestar atenção nele para ver se não era um ladrão. Notou ser um homem de boa aparência, jovem da casa dos vinte anos, cabelos pretos lisos curtos com um creme por cima, perfume de shopping parecia cobrir seu paletó e percebeu que tinha modos ao ver como fechou delicadamente a porta do táxi.
-Pra onde chefia?!
-Quarto Distrito! -disse o homem com uma voz que soou um tanto desesperada.
Marcus sentiu apreensão na voz do homem e continuou olhando para trás para ter certeza do destino, a qual o homem acenou com a mão mandando puxar o carro. O taxista ficou observando o jovem pelo retrovisor e pensou em seu filho “Ah Lucas não vejo a hora de você chegar nessa idade e sair pra pegar suas garotas. Se divertir como na época de seu pai, isso sim seria bom, mas do jeito que está indo estou começando a me preocupar. Não quer sair com nenhuma garota e anda com aquele menino estranho... Deus! Estou desconfiando da masculinidade de meu menino, mas se ele... se ele sequer pensar em ser isso... eu o mato. Não vou agüentar essa vergonha!”.
-Cuidado cara! Não vá nos matar hein! -gritou o jovem ao ver que o taxista quase deixou o carro bater numa Van que passou em alta velocidade numa transversal. Marcus resmungou de modo a dizer que sabia o que estava fazendo, mas o jovem não ficou convencido e segurou fortemente a porta ao seu lado. Marcus sorriu levemente ante o medo do rapaz, mas sua delicadeza fazia lembrar vagamente seu filho Lucas de apenas dezesseis anos. Com o filho em mente pensou em sua filha, Maria, que estava prestes a fazer dez anos e é a princesinha da família, onde todos a protegem e fazem suas vontades, porém temia seu crescimento como qualquer pai muito zeloso e assim imaginava um tipo de homem que poderia agradar sua filha e não desagrada-lo.
Marcus fez um retorno de modo a penetrar no Quarto Distrito e imediatamente fez o sinal da cruz como se estivesse próximo de uma Igreja, em sua mente saiam as mais diversas e confusas orações. O jovem no banco de trás apertou uma das mãos sobre a coxa e olhou ao seu redor como se estivesse em uma selva. Marcus não via muita diferença entre uma selva e o distrito mais perigoso da cidade, onde a morte e a dor estavam à espreita em cada esquina e os heróis quase não entravam diante de tantos inimigos. O táxi ao entrar numa rua com pouca iluminação deu sinais de que ia dar algum problema. Marcus percebeu o problema e acelerou o carro dando em uma rua mais larga, onde encontrou curiosos espalhados pela rua e um cenário de grande destruição, onde percebeu um hidrante jorrando água, duas imensas crateras abertas no asfalto, algumas casas sacudidas por uma força intensa como se tivesse passado um furacão. O jovem no banco de trás tremeu com a situação que surgiu diante de seus olhos e levou às mãos a boca. Marcus cochichou:
-É assim mesmo chefia! Aqui acontece direto brigas assim. Se bem que essa parece que envolveu gente importante...
-É melhor você ir pra outra rua não...
Uma cortina de terra pareceu surgir à frente do carro e um homem com tesouras no lugar dos braços mostrou sua ameaçadora face encarando o táxi de frente. O jovem no banco de trás tentou gritar, mas a voz faltou em sua garganta. Marcus girou o carro desviando do perigoso homem de olhos acinzentados. As tesouras em seus braços reagiram ao movimento do carro e desejaram fatia-lo imediatamente. Marcus reconheceu o vilão conhecido como Cortador e sentiu um calafrio na espinha, porém para sua sorte, o vilão ignorou completamente o carro e caminhou para perto de uma das crateras. Marcus saiu do carro querendo vez mais sob os protestos do jovem do banco de trás. Cortador aproximou-se de um corpo deitado no asfalto revolvido por terra e pedaços de pedra, onde surgia sangue ao seu redor que brotava do corpo como um rio. Marcus percebeu uma mulher em estado de choque próxima ao local e reconheceu ser uma prostituta, seus olhos rapidamente viraram para o corpo do homem de roupa vermelha. Cortador ergueu uma de suas tesouras e disse:
-Hora de morrer herói maldito!
A tesoura de Cortador tinha como objetivo separar a cabeça do corpo do jovem guerreiro derrotado. Marcus em algum lugar de seu ser queria impedir aquela cena se sentindo impotente. O jovem que estava no banco de trás saltou para fora e desapareceu entre os curiosos. Marcus virou para vê-lo por alguns segundos, mas ao voltar sua atenção para o Cortador e suas tesouras de carne no lugar dos braços notou que havia outro ser em pé ao seu lado. O homem de roupa vermelha começou a tentar se levantar. Marcus reconheceu o herói Mão de Fogo e arregalou os olhos diante de seu estado lamentável. Cortador parou sua tesoura no ar no momento em que ia decepar a cabeça do herói e resmungou palavras incompreensíveis para si mesmo. O homem ao seu lado possui belos olhos azuis, fúria ao balançar seus longos cabelos negros lisos e um rosto marcado por um queixo fino. Cortador falou com ele em tom de desprezo:
-Parece que nosso chefinho temporário nos mandou ir.
-Droga! Logo agora que a gente ia eliminar esse safado! -gritou o homem de olhos azuis demonstrando em seus olhos todo o fogo que o faz ser conhecido em toda San Cristo como Fogo Grego.
-Ei Albatroz! Você ouviu isso? -perguntou Cortador.
-Pior que sim! Então vamos voar?! -disse Albatroz que é um homem com quase 3 metros de altura, com olhos negros, pele branca de alguém que raramente tomou um pouco de Sol, cabelos pretos curtos crespos e arrepiados para o alto e o mais incrível de tudo é que tem asas proporcionais ao seu corpo em suas costas. Fogo Grego fez uma cara de desprezo com a idéia e Cortador soltou um sorriso sarcástico para Mão de Fogo tentando erguer-se.
-Parece que é seu fim de qualquer jeito Mão de Fogo. Prazer enfrenta-lo! -disse Cortador passando sua tesoura sobre o tórax do herói.
-Também acho que ele vai morrer, mas queria estar aqui pra ver. -disse Fogo Grego tocando seu queixo fino desconfiado.
Albatroz abriu suas longas asas e saiu de sua posição velozmente apenas para pegar Cortador e Fogo Grego. Os dois arregalaram seus olhos de temor com a altura enquanto os três saíam de cena voando sobre os casebres do distrito. A prostituta correu para ajudar Mão de Fogo e outros curiosos iam fazer o mesmo, mas uma voz imperiosa os parou:
-Eu cuido dele a partir de agora!
-Ora se não é o Tornado... Chegou meio tarde amigo... -sussurrou Mão de Fogo.
Marcus observou um homem com uma roupa verde que praticamente foi levado por uma brisa para perto do herói derrotado. A prostituta parou seu movimento e encarou Tornado com desconfiança, em sua face caíam lágrimas desesperadas. Marcus e os curiosos ao redor puderam sentir seu desespero. Tornado a ignorou e ficou olhando os ferimentos do colega e disse:
-Preciso leva-lo aos Curadores.
-Não!... Agora não! Primeiro preciso... Ir a um lugar... Salvar... uma pessoa...
-Nossa cara eu acho que você não vai agüentar. Seus ferimentos vão abrir ainda mais. Eu acho melhor...
-Faça o que eu peço, por favor! -gritou Mão de Fogo.
Marcus sentiu um calafrio na espinha diante dos segundos de espera expressados pela face coberta por uma máscara de carnaval verde com uma listra cinza do Tornado. Os curiosos começaram a se dispersar com o final da luta e ao longe se ouvia as sirenes da polícia que sempre chegava tarde demais por estas bandas. Tornado ajudou Mão de Fogo a se levantar, o apoiou em seu ombro e este sussurrou em seu ouvido:
-Me leve a dois quarteirões daqui... Preciso cumprir o que prometi...
-Por isso vale a pena morrer?
-Não. Mas vale a pena evitar que alguém morra. -comentou Mão de Fogo com um leve sorriso na face imaginando uma mãe abraçada a criança que prometeu salvar.

4 comentários:

  1. Muito interessante o conto Querido Ilton!
    Obrigada por deixar-te teu comentário reflexivo em meu espaço,cá estou a te visitar,gostei muito daqui e já estou a seguir-te
    Voltarei sempre por aqui
    Beijos e um ótimo Dia!

    ResponderExcluir
  2. Oi,Iltona!Obrigada pelo comentário lá no blog.Muito bom seu conto.
    Beijos

    ResponderExcluir
  3. olá I.D., vim retribuir a visita e o carinho, nossa! estou presa nesta história, que teia mais perfeita criaste! envolvendo quem nela se arrisca!
    Parabéns, sabe tenho torcido muito pelo mão de fogo!
    qto ao resto estou ótima, agora a minha correria vai dar uma aumentada, pois começo a estudar agora segunda, mas tá ótimo! a história desse mês já está pronta e o 1° cap. já foi postado.
    Bjos se cuida e tenha uma linda semana.

    ResponderExcluir
  4. Menino... tecer estórias é com vc mesmo hein?!
    Pensei num rumo e a coisa foi para outro lado...

    Voltarei mais vezes.

    BJo!

    ResponderExcluir