terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Capitulo 5: A Bruxa




Capitulo 5: A Bruxa

O Jurado voa sobre os telhados do Terceiro Distrito focado num objetivo único, encontrar um antigo herói dono de um famoso bar. Seus sentidos caminham em cada salto desferido sob a côrte do luar, onde cada movimento preciso era feito com a maestria de um acrobata de circo. Seu corpo encontravam facilidade ao pisar sobre as estruturas de concreto que davam suporte aos prédios, assim como as estátuas de animais estranhos adorados por seus moradores ou pelos construtores dos prédios. O jovem herói lembrou do que queria com o homem das armas e expressou em um rápido pensamento enquanto sobrevoava um grande espaço entre dois prédios, “Preciso encontrar o maldito Ceifador!”. O Pistoleiro tinha as informações que necessitava, era um homem que sabia das coisas e fazia por merecer seu título de herói. Mesmo que não possuísse grandes habilidades especiais como outros heróis, tinha a astúcia necessária para uma pessoa sobreviver numa cidade tão injusta. O Jurado pulou sobre o parapeito de uma janela encontrando uma mulher de toalha se exibindo para o marido, esta tomou um susto com a rápida aparição e ficou mais atordoada ao vê-lo passar por cima do prédio vizinho. Um garoto numa esquina observava as estrelas que saltavam com sua pureza maravilhosa no alto do céu fazendo resplandecer os olhos do jovem, que ficaram alarmados ao ver um homem mascarado saltar de uma altura de aproximadamente oito metros e ficar em pé. O Jurado olhou por cima do ombro com um sorriso sarcástico e o garoto passou de alarmado para agitado e gritou para mãe que trabalhava na cozinha:
-Mãe é ele! É ele!
-Quem é ele menino?
-O Jurado mãe! É o Jurado...
-Menino! Pare de gritar esse nome! Os heróis aqui são para serem vistos e não falados! Nunca se sabe os olhos grandes que tem por aí.
-O que é olho grande mãe?! -disse o menino com olhos ainda brilhantes.
-Ahn! Deixa eu ver como vou explicar...
O Jurado não quis ouvir o resto da comédia familiar e adentrou uma viela onde encontrou a pessoa que procura fumando um cigarro sentado num barril. O Pistoleiro olhava a decoração da parede de um prédio pichada com inscrições incompreensivéis, mas marcadas pelo ódio e pela violência. O Jurado aproximou-se cautelosamente, tocou o cabo do martelo que sempre carrega consigo, mas o Pistoleiro sem vê-lo presumiu seus pensamentos:
-Pode se desarmar Jurado! Não vou matar você. Se quisesse você morto, já estaria assim.
-É por isso que eu gosto de você Pistoleiro! É um autêntico herói, sempre ousado e pronto pra matar quando é preciso.
-Sua definição de herói não é bem a minha, mais deixemos essas coisas para lá e vamos direto ao assunto que não quero ficar muito tempo longe do meu bar. -comentou Pistoleiro.
-Certamente. Vim saber se tem algo para me dizer sobre o Ceifador? Aquele assassino miserável está em minha lista de prioridades faz algum tempo. Só que é um inimigo muito escorregadio.
-Sei como é esses tipos! Nunca conseguimos derrota-los completamente. Fogem da prisão, matam de novo, nunca pensam em se redimir e trabalhar honestamente.
-Para mim são a essência do mal que deve ser expurgado! -disse o Jurado em um tom de voz extremamente frio.
-Uau! Falando assim é capaz de até me deixar com medo! -disse o Pistoleiro rindo e dando mais uma baforada com seu cigarro. O Jurado apenas olhou para as pichações com ar irritado e voltou sua atenção para o Pistoleiro, cruzando seus braços:
-O Ceifador tem aparecido em seu Bar da Princesa ultimamente?
-Não. Ele anda sumido, pensei até que poderia estar morto, mas...
-Mas o quê?
-Descobri que ele está trabalhando para um figurão...
-Por que o estava investigando? Ele lhe fez algo? -perguntou o Jurado.
-Não me fez nada, mas um antigo colega me pediu informações sobre ele, então você deu sorte Jurado. O figurão que ele trabalha tem sua base aqui mesmo no Terceiro Distrito em uma área não longe desta, só que te aconselho a não ir para lá.
-E porquê?
-Há um guardião lá que você talvez não queira enfrentar. -disse o Pistoleiro pela primeira vez realmente encarando o outro herói.
-Hum! Então estou vendo que a coisa vai ferver, pois a minha meta é aniquilar o Ceifador e vou aonde for preciso para essa justiça ser feita. -comentou o Jurado.
-Bom! O figurão ao qual estou me referindo é o Robert Robespierre, uma mistura de traficante de heroína ligado a prostituição infantil internacional. É um homem infame de todo modo! -disse o Pistoleiro cuspindo em seguida.
-A justiça que faço é aquela que passa pelos tribunais e não é resolvida. Então esse traficante não me interessa tanto e sim o seu lacaio. Qual o bairro Pistoleiro? -disse o Jurado empunhando o martelo da justiça que pode criar um campo de força para protegê-los de projetéis, principalmente, de balas.
-O Bairro das Mulheres... -disse o Pistoleiro que nem teve tempo de continuar, pois o Jurado saltou sobre o prédio ao seu lado e foi pisando de parapeito em parapeito até chegar no alto do prédio e correr pelos telhados. O Pistoleiro voltou a soltar uma baforada de seu cigarro e pensou “O Jurado não imagina a encrenca a qual vai se meter!”.

O Jurado com fé em resolver finalmente sua pendência com o Ceifador correu pelos prédios com uma velocidade maior do que a iniciara a caçada, sentia seu sangue ferver, suas pernas se moviam por si mesmas de tanta vontade, seus olhos focavam o horizonte e ignoravam a beleza das estrelas e do luar, seus sentidos mais aguçados estavam ligados na única coisa que lhe fazia sentido, ou seja, fazer justiça. O Jurado chegou ao bairro das mulheres no Terceiro Distrito, diminuiu a velocidade de seus movimentos sobre os prédios e foi para uma área em que se encontra apenas residências. Observando cada esquina esperava que os bandidos aparecessem para lhe dar alguma informação. Não queria incomodar a paz dos moradores, pois essa tática normalmente trazia mais maléficios do que benefícios e os jornais teriam a manchete que adoram, JURADO MATA MORADORES POR SEDE DE JUSTIÇA.
O Jurado entrou numa área com uma pequena praça para crianças brincarem, onde se encontram diversos brinquedos como um escorrega e uma gangorra. Lembrou dos tempos de criança onde não havia tantas preocupações e começou a invejar a juventude que não tinham esses problemas, mas a mente humana, curiosa e perniciosa como é, o levou para um caso onde uma menina foi estuprada e morta por dezenas de homens e nem um deles foi considerado culpado no tribunal. Isso acendeu seu ódio sobre eles tendo a oportunidade de caçar um por um, mesmo sendo homens de posses, mas não exatamente ricos, apenas vassalos de homens mais capazes. O Jurado ficou tão distante com essas lembranças que baixou sua guarda sendo atacado pelo que conseguiu ver de relance, uma unha postiça. O Jurado foi para cima do escorrega para fugir e várias unhas postiças o atacaram, mas ergueu seu martelo os repelindo.
-Ora se não é o demônio chamado Jurado! -disse uma mulher encoberta pelas sombras da noite.
-Quem é que invoca meu nome? Apareça!
-Uma pessoa que talvez não goste de conhecer a não ser que queira morrer! -disse a mulher saindo das sombras e revelando a face coberta por cabelos numa cor azul misturada com lilás, usando uma armadura que possui uma imensa ave na cor lilás de olhos negros em alto relevo na frente e nas costas, sendo sua intenção simular um corvo, mas com um tamanho descomunal.
-Acho que acabei de te reconhecer. É a heroína que chamam de Bruxa!
-Hum! Estou vendo que me conhece, mas quero saber o que veio fazer no bairro das mulheres? Não sabe que eu protejo esta área?
-No momento de caçar acabei me esquecendo desse detalhe.
-Então admite que está invadindo! Devo te fazer sair à força? -disse a mulher.
-Nossa! Quanto ódio em tuas palavras. Sinto um rancor estranho em você.
-Não importa o que eu sinto!
-Então porque você luta?! -disse Jurado fazendo Bruxa olha-lo atentamente empunhando um martelo e trazendo inquietantes lembranças.
-Acho que não fará nenhum mal que conheça a minha história. Talvez assim compreenda porque deve sair deste bairro e porque todos tem o prazer ou a dor de me chamar de BRUXA!


FIM

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